segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Jornalismo de megafone

Chiko Kuneski

Nessas férias do futebol brasileiro, finalmente, entendi porque não pode dar certo. Não é levado a sério. É apenas um grande cabide de pendurados dirigentes, dos clubes, das federações, da CBF. Ouso colocar no mesmo saco de farinha mofada o jornalismo esportivo. Virou um reboco ondulado de um muro sem prumo, que ajuda a desaprumar.

Tudo começa errado. E o que começa errado não pode dar certo. A Copa São Paulo de Juniores, que revelou, revela e, espero, revelará grandes jogadores, alguns até craques (raros), se contaminou. O árbitro, da Federação Paulista de Futebol, Flávio Rodrigues Guerra, numa desastrada para uns, proposital para outros, atitude manchou a “copinha”.

Esse juiz, ou seria marionete da FPF, marcou um pênalti para o time do São Paulo. E qual o problema? Se insurgirão muitos. O problema é que a falta, se houve, foi claramente fora da grande área e o “excelentíssimo” (eles gostam desse tratamento) estava a menos de quatro metros do lance capital.

Lance capital é antigo, sei, mas esse o foi. O erro do juiz Guerra mudou a classificação do torneio. Pode ter mudado o resultado final da vida desses adolescentes.

Mas o capital do erro vai além da marcação do árbitro. Guerra estava suspendo de partidas, oficiais ou amadoras, do futebol brasileiro pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Não poderia apitar. Mas apitou e contaminou. Nenhum jornalista que cobre a copinha sabia disso. Jornalista desinformado? Ou jornalismo conformado?

O responsável pela escala dos juízes do torneio foi o coronel Marcos Marinho. Acho que o jornalista Mauro Pandolfi está certo. O problema do Brasil é que nunca nos livramos dos desmandos da ditadura miliar. Suas estruturas, sejam no futebol, sejam na política, ou na economia se mantém firmes, inabaláveis.

Enquanto  o nosso, cada vez mais, mal formado e desinformado, jornalismo parece um megafone da rádio oficial do coreto da praça. Mesmo com todas as ferramentas do século XXI.

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