quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

O odiado!



"Não quero para genro. Quero para jogar no meu time!"
Sabedoria de João Saldanha que admirava Heleno de Freitas, Paulo César Caju, Afonsinho e, provavelmente, gostaria de Neymar.

Mauro Pandolfi

É fácil amar Messi! É genial. Autor de obras de arte que encantam multidões e rende milhões de euros. Vistoso em campo. Soberano! Discreto fora dos gramados. Raras referências sobre ele. Fotos discretas com a família. Só apareceu nas manchetes extra futebol nas acusações de fraude fiscal. Um duelo de gananciosos. O estado e o milionário. Nesta, Messi perdeu. Nada que ameaçasse a idolatria. Lionel é um bom moço. 'Um gente boa!' É difícil amar Neymar! Genial e genioso. Há gols , dribles, que Messi, Pelé, Cristiano Ronaldo assinariam. Sedutor em campo. Vaidoso fora. Adora se exibir na mídia, nas redes sociais, nos eventos. Mulheres bonitas sempre o acompanham. Mantém um interessante 'duelo' com a linda Bruna Marquezine. Ora juntos, ora separados, ora, reatando. Uma novela da vida real, que tem público ávido por novos capítulos. Se a vida social já incomodava os seus críticos, as suas 'atitudes' em campo começam a minar a idolatria. Anda escutando vaias, resmungos, apupos dos torcedores. Afinal, além dos 'amigos' de farra, de Bruna Marquezine, do pai vigarista, alguém mais gosta de Neymar?
Eu gosto! Sou fã do seu jogo. Dos dribles, das cobranças de faltas, de seus belos gols, do seu jogo de 'playstation' - que uso num sentido oposto da definição magistral de Chiko Kuneski, da irreverência, de seu jeito politicamente incorreto, imaturo, de uma adolescência permanente. Neymar é um 'bad boy' - detesto este termo - pós-moderno. Teve um tempo, lá pelo 60, 70, 80, quando éramos jovens, que rebeldia era elogio, um desejo, um culto. Suas palavras ecoavam nos ouvidos, suas fotos nas paredes dos quartos, nas camisetas. Quantos dos 'nossos heróis' eram babacas, deslumbrados, aproveitadores? Um dos meus mitos do cinema, Woody Allen, foi acusado pela filha de abuso sexual. Não vou nem falar de Che Guevara. Será que eram tão 'legais', rebeldes, contestadores, estes mitos que 'sacrificaram' jovens, de overdose, para tornarem-se lendas? Não sei! Velho, beirando os sessenta, fã de muitos deles, me afasto desta iconoclastia. Deixo as opiniões para um certo Maurinho.
A vida é quase BBB. Menos medíocre, é verdade! Tudo é olhado por uma lente que nem sempre é da verdade. Hoje, pode ser fake. Ri com a brincadeira 'infantil' de Neymar no jogo contra o Rennes. Fiz e sofri muito quanto menino. Oferecia a mão em cumprimento e retirava quando o outro aceitava. Tudo terminava em risada. Virou humilhação deixar no 'vácuo'. "Arranhou mais a imagem dele', dizem os jornalistas especializados. 'Não é um bom exemplo', dizem outros. Exemplo para as crianças devem ser seus pais. Nunca um mito de 'plasma'. Todas atitudes de Neymar são ampliadas. Uma dela, a falta de generosidade com Cavani, que não gostou da atitude do 'colega'. Fico espantado em ver um uruguaio brabo, um charrua, desejar um 'regalo' de alguém!? Esquecem que Neymar apanha o jogo todo. Nesta partida contra o Rennes, o lindo drible de costas virou motivo de reclamação. Aqui mais um clichê: que jogo chato está virando o futebol. Ainda vão banir o drible. Há um exagero em tudo no que se refere a Neymar. Da idolatria ao xingamento. Não precisa ser sólido para se desmanchar no ar neste tempo. Tudo é rápido e líquido. A heroicidade divide o mesmo lado da moeda com a a cretinice.
Um velho picareta do futebol avisou que 'estavam criando um monstro'. Outro mito do jornalismo, disse que ele é 'frívolo'. Neymar já foi chamado de tudo. Babaca, mimado, mercenário, infantil, idiota, bobo alegre. Bobo alegre? Não peguei o nome do jornalista da Band que assim se referiu. Neymar ainda não amadureceu. Nunca amadurecerá. Será sempre assim. Genial e genioso! Aceita-se ou não? A escolha é de cada um. Eu fiz a minha. Ele nunca será o meu genro!

sábado, 20 de janeiro de 2018

A bola que flutua no espaço s perde no tempo



"No Oeste, senador, quando a lenda é mais interessante que a realidade, publica-se a lenda"
Frase de um jornalista ao personagem de James Stewart no belíssimo filme 'O Homem que matou o facínora', de John Ford,  tambrm explica o futebol brasileiro.

Mauro Pandolfi

O futebol brasileiro é uma tese. Pensada nos anos 30, criada nos 40, reverenciada nos 50, glorificada nos 60, endeusada nos  nos 70, mitificada nos 80, superada nos 90, resistente no século 21. Um futebol mais contado, falado, lido, delirado. Narrado em música e verso. Mistificado em imagens envolventes, sedutoras. Um show espetacular. Uma ópera moderna. Um jogo tornado poético, desenvolvido em prosa, deificado em cordel. Grandioso, monárquico, com uma corte completa. Amado, desejado, invejado, suspirado em todos os cantos do mundo. Porém... É só uma fantasia. Sempre foi! Não resiste ao rigor histórico de uma análise profunda.  Não sei se os 'mitos' sobreviveriam. Mas, quando a lenda é melhor do que a realidade, dane-se 'a verdade'. O que é 'verdade', mesmo?
Na abstinência das férias  assisiti vários programas esportivos. Não tenho mais este hábito. Acho chato esta discussão interminável sobre impedimento, falha do juiz, o frango  do goleiro.  Escutei a lamúria de sempre contra o futebol atual.  Reverencia ao passado glorioso, aos grandes craques, aos times magníficos.  Então, voltei ao velho vício dos  'jogos perdidos'. Vasculhei o you tube em busca dos grandes esquadrões e dos mestres na arte de jogar bola. Procurei jogos completos ou, no mínimo,  com 40 minutos. Para perceber, entender, a 'filosofia' do jogo. Depois do quarto jogo, um Botafogo de Garrincha contra o Santos de Pelé, desisti.  Sonolento demais. Exageradament lento. Nenhuma infiltração entre as linhas. Que linhas? Todos guardando a sua posição. Quase nenhuma movimentação. Um jogo de botão! Se isto é o 'grande' futebol brasileiro, eu lamento dizer: sempre foi ruim! Ah, uma coisa em comum com todos os narradores destes jogos. Eles bradavam sempre 'o melhor futebol do mundo!'  E, tem alguns que repetem hoje este mesmo bordão. Mas, é só uma farsa.
Devo estar enganado, pensei! O meu olhar é moderno demais. Como comparar o jogo de bola? Como conseguem afirmar que o futebol do passado é melhor? Alguns que dizem isto, nem tinham nascido ou eram um pouco mais do que um bebê.  Eu que sempre fui um péssimo aluno em física, usei a relação espaço e tempo para tentar a decifrar este enigma. Decifra-me ou será devorado? Serei devorado. Em fatias para ser mais dolorido.
Gérson domina a bola. Dá um toque, avança um pouco, outro toque, mais dois passos para fente, um terceiro toque, inclina o corpo e faz o lançamento medido, perfeito, que encontra Jairzinho entrando entre a zaga. Não saiu o gol. Entendi a relação espaço e tempo. Gérson segurou a bola até Jairzinho se movimentar. A ação durou quase um minuto. O meia recebe a bola no seu campo. Longe dos rivais. O jogo pedia isto.  Era assim. O combate ou a marcação começa naquilo João Saldanha consagrou: a zona do agrião. Aquela região que começa o perigo de gol.
 Não havia pressa. O campo muito grande, tempo longo, precisava dosar as energias. Corria-se menos. Talvez, dois ou três quilometros por partida. Hoje, corre-se até 12 quilometros.  Um jogo essencialmente individual. Decidido pela melhor capacidade técnica. A tática era secundária. O coletivo era só uma junção de individualidade. Isto, passa a percepção de que os jogadores eram melhores, mais hábeis. É o tempo e o espaço que explica. É o passado que sempre é melhor. É depurado, filtrado, excluído 'o ruim', permanece apenas a lenda, que é o lado 'bom'.
Numa coluna de Tostão, na Folha de São Paulo, ele cita o genial Xavi falando de espaço e tempo. Para Xavi, Busquet é melhor do que Casemiro pois tem um melhor entendimento de espaço e tempo. Define o lance de forma mais rápida, usando menos campo, tornamdo mais eficaz. Iniesta diferencia do grande Gérson também por isto. Cercado por vários rivais, não tem o tempo para quatro, cinco toques e nem o espaço livre. Aí, resolve com um toque, um singelo toque, e corre para recebe e tocar uma outra vez, de primeira. Se Gérson lançasse assim que recebesse a bola, provavelmente erraria o passe. Jairzinho não estaria lá. Se Iniesta ficasse com a bola, a perderia em seguida. É o tempo e o espaço que define o talento no futebol.
Tostão comenta, também, a sua estréia na seleção jogando com Gérson. Acostumado com a rapidez de Dirceu Lopes, tocava rápido, um toque. No intervalo, Gérson pediu para Tostão não ser tão rápido. "Jogue em dois toques. Assim eu posso acompanhar a jogada", disse o 'canhota de ouro'. E, Tostão fez. Os craques se entendem. Bem mais que os comentaristas esportivos. Não se iluda! Nunca o futebol foi tão bem jogado como o de agora. Tem todas as valências pedidas (vontade, força, técnica, talento, lucidez tática, inteligência e poder mental). Isto vale para os grandes times europeus e seus campeonatos exuberantes. Não para o Brasil. Tirando as exceções de sempre, o futebol aqui sempre foi ruim.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Fuga para vitória


"Não temos armas, mas podemos batalhar pela nossa própria vitória no gramado. Vamos jogar com a cor da nossa bandeira, os nazistas vão ver que esta cor não pode ser derrotada."
Declaração de Nikolai Trusevich, lendário goleiro do Dínamo de Kiev nos anos 30, que formou com amigos o fantástico time FC Start. O 'time da padaria', como era chamado, ganhou um campeonato organizados pelos alemães no de 1942. O maior desafio foi no dia 9 de agosto quando venceu a revanche contra o Flakelf, equipe da Luftwaffe, por 5 a 3. Dias depois foram presos num campo de concentração. Alguns foram executados. Os sobreviventes são considerados heróis e o futebol virou símbolo de resistência e liberdade.

Mauro Pandolfi

Quinta à noite. Os dedos ágeis no controle buscam um bom jogo de futebol. Os canais vão passando. Música, séries e os bons meninos da Copa São Paulo. Vi por instantes. Insatisfeito, busco uma reprise de uma grande partida. Encontro um filme. O primeiro 'ator' que ocupa toda a tela é Pelé. Está lá o olhar atilado, o topete, o jeito confiante, a certeza. A câmera procura outros. Vejo Ardiles e Bobby Moore. Ao ver Michael Caine reconheço o filme. 'Fuga para a vitória' tem algumas cenas mais geniais do jogo da bola. O gol de bicicleta de Pelé é mais do que arte. É um gesto de liberdade. A liberdade que a multidão descobre ao final do filme.
 O que mais gosto no filme são as cenas do futebol. É tão difícil reproduzir o instintivo jogo de dribles. Lembro que vibrei com o gol de Pelé. A bicicleta perfeita. O corpo no ar, o giro, a batida seca e forte. Os gritos da multidão e o meu isolado no cinema.  Ouvi risos! A paixão falou mais alto. Quando Michael Moore explica o jogo, o trinitário Luis Fernandes o interrompe. pega o giz e mostra como será o lance. "Eu pego a bola aqui, passo por ele, vou por ali, avanço e faço o gol!'. Na dublagem, fica claro quem é ele, ao terminar dizendo: 'entende!'
Tinha entre treze e catorze anos quando li a matéria na Placar sobre o 'time da fábrica de pão'. Os ousados ucranianos que desafiaram os nazistas e preferiram a morte do que perder a partida. Aquela história sempre me acompanhou. Quando assisti 'Fuga para vitória' chorei. Vi que futebol é mais que um jogo. Um libelo, um desejo de vida. O olhar terno de John Huston com os perdedores tornou o filme, pelo menos para mim, inesquecível. Tempos depois li a frase de Arrigo Sacchi: 'futebol é a coisa mais importantes das coisas sem importância' Será? Acho que o futebol é apenas fundamental.
A fuga estava desenhada para o intervalo. A derrota, os gritos de um estádio, mudaram a decisão dos jogadores. Resolveram encarar o provável destino e mudar o resultado. Quando Sylvester Stallone defende o pênalti, a multidão arrebenta os alambrados, os portões, invade o campo, carrega os jogadores para a liberdade. Futebol é assim. O futebol sempre flerta com a liberdade. Basta ver um menino com uma bola na rua, num campinho, numa praça. Livre e solto. Nada o prende. Só desejo de brincar. O drible é o seu balé. O gol fica eternizado em sua memória.  Peça para um adulto lembrar de sua infância: há sempre um gol nas suas lembranças.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Futuro do pretérito



"A distinção entre o passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente."
Desconfio que Albert Einstein ao elaborar a sua Teoria da Relatividade leu os 'pensadores' da bola no Brasil.

Mauro Pandolfi


Não há nada mais 'presente' no futebol brasileiro do que o passado. É eterno! Imortal! Um zumbi que perambula pelos estádios de futebol. Cultuado, incensado, falsificado por comentaristas esportivos, historiadores da bola, sonhadores incautos, torcedores crentes de uma 'religião' sem nexo, ou, só ouvintes distraídos, que não conseguem esquecer de uma certa juventude fixada na memória. Seus ídolos não pararam. Desfilam a elegância nos 'flashes' das lembranças. Nos estádios desesperam-se a procura deles. Não estão lá. Só nas 'peladas' de fim de ano 'borboleteiam' por aí. Ressuscitados, reverenciados, ouvem pedidos por uma volta ao futuro. Como poesia é um devaneio lúdico. Como realidade, é só um engano. O culto ao passado detesta o futebol de agora. 'Muito corrido, não tem o cabeça pensante, não há dribles, não tem pontas, o volante não suja o calção, não tem o cabeceador, pensam demais em táticas, muita posse de bola, muito tico-tico, falta raça, ninguém lança em trinta metros..' Preste atenção! Ligue o rádio, assista a tevê, leia nos jornais ou nos blogs, e estas expressões estarão lá. Dogmas que repetidos tantas vezes podem parecer verdade, como o velho chavão afirma. Mas, como já explicou aquele cientista alemão da língua grande, 'não há nada absoluto no universo relativo'.
Quem provocou este texto foi Ronaldo Fenômeno. Extraordinário atacante. Imenso, gordo, 'uma baleia', jogou o que alguns pensam que Walter joga quando está em forma. Disse que 'seria mais difícil Cristiano Ronaldo e Messi ganharem  a quantidade de Bolas de Ouro se jogassem no seu tempo'. Mais um! Renato Portaluppi afirmou que jogou mais que CR 7. Estes dias escutei alguém dizer, assisti tantos programas esportivos nas férias que não lembrou quem foi, que Zico foi superior a Messi. De Pelé não se pode citar. Não há ninguém de seu nível. Todos são inferiores. Provoca uma avalanche apenas uma dúvida. Intocável, insuperável, primeiro e único, Pelé é o ser supremo da bola. Já desisti de qualquer comparação! Minha iconoclastia fica por aqui.
O que Messi e Cristiano Ronaldo precisam fazer para serem reconhecidos como os melhores? Talento? Nunca vi ninguém igual a eles. Idolatria? São cantados em verso e prosa em todos os cantos do mundo. Todos os seus jogos são transmitidos pela tevê. São craques 'vistos', não lidos ou ouvidos. Títulos? Um montão! De campeonatos nacionais, copas locais, ligas continentais, mundial de clubes. Ah, não tem uma Copa do Mundo!  Luisão, Grazziani, Materazzi, Lúcio, Paulo Sérgio, Baldochi, Luque tem! Puskas, Cruyff, Kopa, Eusébio, Falcão, Zico não tem. Títulos não significam qualidade. Às vezes, mistificam o comum; idealizam o ótimo. A Seleção Brasileira de 70, o melhor time de todos os tempos, segundo os historiadores, endeusou uma geração. Nenhum deles repetiu a performance daquela copa em suas carreiras. Quem chegou mais perto foi Jairzinho na Libertadores com o Cruzeiro em 1976. O Tri do México tornou Gérson superior a Falcão, Carlos Alberto Torres melhor que Leandro; Rivelino mais jogador que Ademir da Guia; e Paulo César Caju mais reverenciado que Rivaldo. Discordo! São olhares da bola. Os meus olhares!
'Ah, se fulano de tal jogasse hoje? O material esportivo é melhor, a bola é mais leve, os gramados são tapetes...' O passado é sempre melhor. É filtrado, purificado, ludibriado, adulterado. Temos mais saudades do que não fomos, do que não fizemos, só sonhamos. O futebol é assim. Os clubes vendem os seus garotos, suas 'joias' por uma fortuna. Ao invés de se estruturarem com a grana, para gerar novos craques, investem em medalhões decadentes. Os jovens de hoje, como Vínicius Júnior, Gabriel Jesus, Philippe Coutinho, voltarão para a 'casa' depois dos trinta. Antes brilharão no moderno e espetacular futebol dos grandes clubes europeus. Afinal, no futebol brasileiro, o verbo 'jogar' conjuga-se no futuro do pretérito.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Matadores de velhinhas

 

"Nunca aprendi a jogar futebol. Perdi muito tempo fazendo gols!"
Dario Maravilha, o Peito de Aço que parava no ar, tinha a 'solucionática para toda problemática', é a melhor identificação de um centroavante que sobrevive apenas no imaginário. Se no campo, Dadá era 'rompedor tosco', falando é um poeta.

Mauro Pandolfi

O 'nove' e o 'dez' são os zumbis mais assustadores do futebol brasileiro. Perambulam  num imaginário que é só imaginário. São o passado eterno que sobrevive as todas as mudanças táticas da bola. Os que 'são pagos para dar opinião', na maioria das vezes, cultivam este pesadelo. Eles representam o atraso do futebol, tanto dentro quanto fora das 'quatro linhas'.  Os comentaristas da bola sustentam velhas teses, conceitos anacrônicos que são superados pela realidade. Dane-se a realidade! Viva a tese! Velhos torcedores são embalados por estas ideias obsoletas. Resmungam por imagens de um passado mais mítico do que verdadeiro. Berram por uma mitologia que envelheceu, ficou caduca e que apanhou de 7 a 1. Estas 'peladas' de fim de ano desenterram 'craques' e ameaçam ressurreições. A magia do futebol permite isto. Até o velho 'Imperador' está pensando em sair de exílio. Não duvide!
O ano passado foi o 'dez'. Os clubes procuraram desesperadamente o 'cabeça pensante'. Aquele que ordena o jogo. Vieram tantos. De medalhões consagrados, a sub-medalhões ou só 'velhos'. Conca, Montillo, Wagner, Éverton Ribeiro, Diego, Juan, Thiago Neves, Marco Antônio.Todos decadentes. Apenas, para comprovar a regra, Thiago Neves pensou o jogo. O resto, passeou, viu do banco, da arquibancada, do departamento médico, o fracasso de seus times. Estas contratações geram duas explosões de felicidades. No anúncio e na saída.
Este é o ano do 'nove'. Saudosos do grandalhão do gol de cabeça, do botinudo que maltrata a bola, do 'poste', do 'aipim', do 'texano', os clubes se desesperam e contratam o primeiro bonde disponível. Os mineiros, com sempre, saíram na frente. Fred e Ricardo Oliveira mudaram o jeito de jogar. Velhos, decadentes, sem forças, esperam uma bola sobrar na cara do gol. Santos procura Barcos, que naufragou no Grêmio, e o Corinthians sonha com Leandro Damião para substituir Jô, que aprendeu ser 'moderno'. Damião fará o mesmo?. Às vezes, centroavantes marcam seus gols, raramente em partida decisiva. Viram heróis! No entanto, tem números pífios na temporada. Nenhum centroavante que joga no Brasil marcou mais do 25 gols em 2017. Kane, do Tottenham. fez 57. Ele é de outra 'escola'.
Não há lugar para o centroavante no futebol de hoje? Há, claro que há! O 'mundo da bola' entendeu a mudança do 'nove'. São móveis, gostam do jogo, da bola, participam, criam, passam. Encantam pela habilidade numa tabela ou numa assistência. Não sobrevivem apenas pelos gols. Fazem parte de uma estrutura bem organizada, planejada, elaborada de jogo. O talento que vai de Lewandowski, passa por Kane, chega em Suarez. Mas, os goleadores deste tempo não fazem da área a sua morada. Frequentam apenas para estufar a rede. Cristiano Ronaldo e Messi são o futebol deste tempo. Não há nada maior do que eles.
Nunca vi jogar Coutinho e Pagão. Só li sobre Ademir de Menezes e Heleno de Freitas. Assisti jogos de inúmeros centroavantes. Trombadores, grandalhões, lentos, rápidos, artilheiros. Uma geração mudou a ação do centroavante. Começa em Reinaldo, passa por Careca, imortaliza Romário e tem o ápice em Ronaldo. Pena que terminou. Não houve a evolução natural. Assim como Rogério Ceni foi único como goleiro. Começa e termina. Gabriel Jesus e Roberto Firmino bebem desta fonte. Sorte do Brasil. Já os velhos centroavantes resistem neste tempo de retrancas. Ainda encontram espaços para a exercer a função de matador. Porém, parecem apenas, 'matadores de velhinhas' indefesas.