terça-feira, 28 de junho de 2016

O divino dos homens do futebol

Chiko Kuneski

Às vezes acho que os deuses do futebol usam meus humanos dedos e comandam o teclado. Profetizam. Não resultados, mas tragédias teatrais do palco de grama e paixão. Em minha crônica, publicada no dia anterior a decisão da Copa América Centenário por pênaltis entre Argentina e Chile, escrevi sobre os segundos eternos vividos nessa roleta da bola. Roleta da vida.

Os segundos. Silva, um coadjuvante que veio do banco para se consagrar. A câmera parada na feição congelada. Parecia chorar. Tremer. Temer. Segundos eterno. Seria a glória, ou o desprezo. Todo o peso em sua chuteira.

Acho que até maior do que na chuteira de Messi. Lionel o melhor do mundo errou feio. Pouca distância da bola. Superestimou o goleiro Bravo, companheiro do Barcelona, e buscou a batida inusitada. Dificilmente erra uma cobrança de pênalti. Silva não sabia o que fazer. O olhar atônito. O Lábio trêmulo. A lágrima interna da pupila dilatada pela responsabilidade do momento.


Nos eternos segundos de espera, com a câmera parada em seu olhar parado. Uma angústia. É assim a decisão por pênaltis. Uma angustia que vira festa. Uma angústia que vira choro. Não sou profeta. Sou um agnóstico que acredita nos deuses do futebol. Às vezes acho que comandam tudo, inclusive meus humanos dedos.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Adios muchachos


Mauro Pandolfi

"Se você achar que estou derrotado. Saiba que ainda estão rolando os dados...Porque o tempo, o tempo não para!"
Torço para Messi não ouvir Gardel. Escute Cazuza, Lionel!

Deveria ser um tango. O drama, a angústia, o desespero pede um tango. Daqueles que o homem está sem chão, sem rumo, a mulher amada o abandonou. Cético, o homem perambula pela vida. Sem crença, inerte, solitário.  Eu vi Messi assim após a última cobrança de pênalti do Chile. Abatido, arrancou a braçadeira de capitão, passou por todos como um fantasma, sem nenhum abraço, carinho, afago e sentou no banco.  Uma solidão que o mundo inteiro viu. A dor estampada no olhar vazio. Por instantes, elevou o olhar para o longe.  Procurava uma resposta a uma pergunta não feita. Olhou a lua, queria a explicação para mais um ' fracasso'.  'Por quê? Por quê?', pergunto eu aos deuses da bola. Tanta maldade, injustiça com quem pratica a arte de encantar? Será este o grande fascínio do teatro de grama e paixão? Não sei! Acho só cruel!
Assisto muito futebol. Leio, escrevo, palpito. Cada vez entendo menos. Já suspirei pelo lúdico. A arte em dribles, passes, gols. Me enganei. Percebi que é um jogo matemático, planejado, arquitetado. Partidas me desmentem. Flutei entre a paixão e razão. Coisa que nem a alma decifra. Futebol é mental. Controle, concentração, poder mental. Um jogo de confiança. Messi é frágil com a camisa celeste e branca. Falta a fúria, o olhar cirúrgico, o mortal. Ele é pouco menos que genial com ela. Falta a certeza do Barcelona.  Só há dúvida latina. Não há a majestosa confiança de Iniesta.  Só a incerteza de Higuain. Desolado, Messi disse adeus. "Tentei, não consegui. Terminou!" Quem sabe a Argentina encontre um 'conjunto' de medianos, lutadores e se transforme num Chile. O fim da era Messi é uma derrota do futebol. Um descuido, uma brincadeira, uma galhofa dos deuses da bola.
Assisti a partida por Messi.  Vibrei com lances mágicos. Sofri pela marcação dura. Às vezes, desleal. Torci pelos chutes que não deu. Os dribles no lado do campo. Suspirei pela louca escapada pelo lado do campo. Não veio. O Chile ocupava os espaços. Um time forte, compacto, confiante. Sabia o que queria.  O tempo foi dramático para Messi. A bola pesando mais do que ausência de títulos em seus ombros. A bola levantada, tocada por Aguero, me fez gritar gol. Bravo, espetacular, não me ouviu. O jogo termina. O sofrimento, começa.
 Os pênaltis. A crueldade bem descrita por Chiko Kuneski. As câmeras vigiam seus passos, seu olhar. Conseguem captar a a incerteza, a dúvida, o medo. Suspirei quando Vidal perdeu. Vi Messi confiante. É, agora! A Argentina vai reconhecer que é, no mínimo, do tamanho de Maradona. Eu acho superior. A passada foi lenta. O chute longe, distante, quase atravessou o planeta bola. O desespero. Desliguei a tevê. Senti a mesma dor que ele. Marquei o tempo. Errei o cálculo. Vi a última batida. O título, a festa, a solidão de Messi. 
Insone, escrevi o texto de madrugada. Fiquei com pena de Messi. Poderia ter se naturalizado espanhol. Seria o maior vencedor da história.  Mas, preferiu continuar 'hermano'. Pensei em Alberto, meu grande amigo argentino, torcedor do River, amante do futebol. Na sua tristeza. Mas, ao escutar no rádio o adeus de Messi, ouvi um narrador apoplético berrar: 'é um desertor!'. Só me restou um chavão: não choro por ti, Argentina. Choro por Messi. Choro pelo futebol.

sábado, 25 de junho de 2016

Segundos eternos

Chiko Kuneski

Comecei meu sábado, detesto iniciar texto com verbo, mas cabe, às 10 horas ligando o tubo de LED para ver Polônia e Suíça. Eurocopa me encanta pelos talentos individuais e pelo futebol reinventado. O jogo, como qualquer partida do mata-mata, truncado, fechado, marcado. Jogo decisivo. A decisão nem sempre é solta.

Empate, de um a um no tempo normal e na prorrogação. Comecei meu sábado pensando que o futebol tem regras cruéis. Decisão por pênaltis. Deveria ir à exaustão e terminar com bola rolando. O pênalti é o oposto do futebol, decidido com a bola parada numa marca estática. Um mero jogo de dados redondos. O acaso. O futebol fugindo dos esquemas táticos, dos treinos, dos passes dos gênios, dos dribles dos craques.

Um acaso determina o final do drama. A mão dos deuses do futebol brincando com as cordas das marionetes terrenas. Basta uma gota de suor, às vezes nervoso, no olhar fixo do batedor, que nubla o retângulo. Uma trava solta na chuteira que desvia para a trave. Um milímetro de ponta de luva do goleiro. São decisivos.

A decisão por pênaltis é cruel com todos. Com o jogador que bate, com o goleiro que tenta defender a meta, com a torcida que palpita na taquicardia da angustia, entre a emoção do grito de gol ou a decepção. São metros quilométricos que separam a inércia. Do goleiro sobre a linha de fundo, do gol. Do batedor sobre a linha da grande área. Do torcedor sobre o fio da navalha.

Entre o apito do juiz até a batida na bola e da bola  o tempo fica atemporal. Adversários vendo o jogo em câmara lenta. Quadro a quadro. Montando um quebra cabeças para a decisão final. Goleiro e batedor. O torcedor cataléptico de olhar esbugalhado. Um grande acaso separando o jogo. Segundos eternos que talvez virem anos atormentando os atores do teatro de grama.

PS – Teatro de grama é a definição perfeita do futebol de Mauro Pandolfi

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Trinta anos

 

Mauro Pandolfi

Há gol de instante. Dura aquele momento que é comemorado. Há o gol que vale uma temporada. Saudado no título de campeão. Há gols de sempre. Viram vinhetas. Há o gol eterno. Hoje, faz trinta anos que Diego Armando Maradona abandonou a mortalidade. A bola que Hodge deu o balão e a direção foi contrária, e, no alto, Diego enganou Peter Shilton, é o momento em que Maradona tornou-se eterno. Mais que mito. Um Deus. Um jornal mexicano exclamou em manchete: 'La mano de dios' . E feito 'obra de Deus', o gol é onisciente, onipresente, indissolúvel. O maior gol da história. Nenhum é tão comentado, discutido, dissecado. Uma arte ou uma farsa? Um gênio ou um malandro de rua? Apenas Diego Armando Maradona. 'El mas grande de todos!'
1986. 22 de junho. México é testemunha  do último confronto da guerra das Malvinas. O futebol como vingança. A Copa do Mundo é uma guerra simbólica, alegórica, imaginária. A Inglaterra esperava um jogo. A Argentina partiu para o conflito real. Fúria, gana, garra, desejo. Maradona comandou a vitória. Um gol épico. Driblou toda a esquadra, invadiu a área e na saída de Peter Shilton, expurgou a derrota nas Malvinas. 'Me senti vingado pela morte de nosso jovens, de meu filho", disse um homem em entrevista ao Clarin. Futebol é maior que a guerra. A ilusão vivida pelos argentinos. Tempos depois, descobriram que as ilusões estavam destroçadas.
Do paraíso ao inferno. Uma viagem curta. Diego Maradona sabe o percurso. Brilhou no futebol. Desafiou, com o pequeno Nápoli, o moderno futebol do Milan. Venceu! Gordo, drogado, enlouquecido, parecia só uma lembrança. Renasceu em 94. Magro, fino, elegante, genial. Tiraram-lhe da Copa, roubaram o seu sonho, sua glória. Desapareceu dos campos. Quase da vida. Tentou ser técnico. Fracassou! Vive de um passado glorioso, fantástico, inesquecível.
Ontem, vi Maradona em campo . Pequeno, cerebral, mágico. Mais triste. Mais centrado. Nada polêmico. A falta. A bola viajando. Entrando no ângulo. Golaço! Gol que Maradona gostaria de dizer que é seu. Foi de Lionel Messi. Fiquei com uma dúvida. Acho que futebol é um jogo de fé, de alma, de coração. Quando um craque se aposenta, a alma fica com ele ou migra procurando alguém com o mesmo encantamento? Ontem, a alma de Messi era idêntica a de Maradona de 86. Livre, leve, lúdica, lírica.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Geometria


sábado, 18 de junho de 2016

O mau exemplo

Chiko Kuneski

O cuspe. Para a maioria, nojento. Asqueroso. Uma  excrescência. No campo de futebol ato normal. Normal? Normal! Os jogadores cospem no campo, na grama, no chão por uma necessidade fisiológica. Lionel Messi, o maior craque do século XXI, costuma cuspir na grama depois de marcar um gol. Superstição? Não. Necessidade.

Está provado cientificamente que, quanto mais o jogador corre, faz esforço, mais produz saliva. Essa produção exagerada acontece pelo esforço físico intenso que exige maior absorção de oxigênio. Como as narinas não dão conta, o atleta respira pela boca provocando ressecamento. Como não é possível tomar água o sistema regulador central do corpo humano faz com que as glândulas salivares produzam líquido em excesso. O jogador cospe para se aliviar.

Cospe no chão, na grava, na terra, mas sem agredir nada nem ninguém. Mas a cusparada tomou no Brasil uma vertente não tão fisiológica. Virou a pior das agressões nas relações humanas. Um exemplo parece levar ao outro.

Este ano um midiático deputado federal, que recuso declinar o nome, pois o ato é o que importa, cuspiu na nuca de outro parlamentar, que também não merece ser nominado, em plena votação na Câmara dos Deputados no processo de impedimento da presidente. Foi um ato covarde. Primeiro por escarrar ódio, segundo por tê-lo feito pelas costas. Bastou o exemplo. Dias após um ator nacionalmente conhecido cuspiu no rosto de um desafeto em local público. Se tinha biografia; molhou-a. Reduziu-a a mera mancha.

No jogo entre Atlético-PR e Santos um torcedor da primeira fila da civilizada Arena da Baixada lançou seu ódio em forma de cuspe contra o goleiro adversário do time da vila. Foi cara na cara, a certa distância, e a saliva deve ter evaporado no longe do alvo, mas o metro não mede e nem apaga a gravidade do ato. O projétil aquoso não atingiu o rosto do goleiro Vanderlei. A intenção deve tê-lo ferido.

Feriu a honra humana com a mais covarde das agressões. Cuspir em outrem é sub-humano. É menos civilizado que um ataque físico, passível de defesa, também física. Demonstra o quanto o agressor é asqueroso e que se deixa levar pelo mais baixo nível que provoca o rastejar social do Homem.

Mas, quando um parlamentar, que deveria respeitar o eleitor que nele acreditou (o povo), cospe em outro no plenário. Agir repetido por um ator, que é idolatrado pelo povo, repete o baixo proceder, ambos não dão o respeito civilizatório em público. O mais grave dessas ações é que espelham o pior dos exemplos.  Inspiram pelo negativo o torcedor a repetir o lamentável ato.


O torcedor que cospe contra o adversário não se motiva pelo ídolo de campo. Aquele que vai aplaudir e torcer. Pelo atleta que expele contra a grama o excesso de líquidos que, fisiologicamente, o corpo produziu movido pelo esforço de dar a alegria do lance, do gol. Cospe agressivo encorajado pelo mau exemplo.


quarta-feira, 15 de junho de 2016

O 'babaca'



Mauro Pandolfi

Neymar é um babaca. Um boçal! Um adulto que ainda não percebeu que o garoto já é passado. Nem quando olha para o filho parece entender a passagem do tempo. Não acompanho a sua vida. Não me interesso pelas suas festas, seus carros, suas namoradas. Que aproveite bem a vida. Só acompanho os seus jogos. Neymar é o grande ídolo do futebol brasileiro. O maior nome. A estrela, solitária?, da companhia. Nas vitórias, o herói. Nas derrotas, nem quando não joga, o vilão. A dualidade que persegue os mitos do futebol brasileiro. Ele já conhece a fogueira das vaidades.
O ídolo não existe. É só uma projeção. Um  produto do imaginário. Coletivo ou não. Representa o desejo, o sonho, a esperança. Idealizado, perfeito, sem reparos. Cultuado em prosa e verso. Em fotos, camisetas, jogos. O ídolo é o que todos gostariam de ser. Há duas coisas que 'matam' o ídolo: o tempo e a realidade. A eternidade é para poucos. Quando chega no real, a idolatria acabou. Só o comum suporta a realidade.
A sociedade cultua imagens. Necessita dos 'vencedores', dos mártires, dos gênios, dos perdedores. Vai desde a religião, passa pela política, chega nas artes e nos esportes. Os ídolos são novos mitos, deuses e santos. Produzidos pelo talento, carisma, marketing, por um astuto picareta. São substituídos a todo instante. Sempre surge um novo, um outro novo, mais um outro...e, assim vai. A indústria cultural não pode parar.
O livro 'Cidade das Redes', de Otto Friederich, relata a vida dos mitos de Hollywood nas décadas de 20, 30, 40. A luxúria, a ostentação, a dolce vita dos astros. O mundo paralelo que vivem. Uma outra dimensão. Fora do real. A vida era uma continuidade da tela. O contato com a realidade geralmente acontecia com a polícia. Escândalos com drogas,  estupros, assassinatos. A realidade aniquilou talentos, vidas. As estrelas não suportam a vida fora das constelações, do neon, do sonho.
Reparem como os ex-jogadores são tristes na televisão. Vivem querendo um passado. Suspiram por um outro tempo. Diego Maradona é o melhor exemplo. Atirou em jornalistas, engordou, quase enlouqueceu, infartou, tentou ser mito como técnico, fracassou e volta aos holofotes para falar bobagens. Ou, merda, como diria Neymar.
Neymar ocupa um vazio imenso no futebol brasileiro. O que fala,. escreve, repercute mais do que qualquer outro. O post chamando de babaca é o exemplo. Ele não foi o líder da companhia. Foi o que falou pela corporação. A reação foi, também, corporativa. Jornalistas não reagem bem as críticas. Especialmente, quando dita por um 'ídolo fabricado por eles'. Parece uma traição, um abandono, uma sacanagem.
A crítica de Neymar me lembra o Manifesto de Glasgow de 1973. Numa excursão da seleção brasileira, irritados com as críticas, os jogadores e comissão técnica, fizeram o manifesto e uma greve de silêncio com a imprensa. Mitos assinaram o documento. Entre eles, Zagalo, Rivelino, Paulo Cesar, Leão. A resposta do O Estado de São Paulo foi criativa. Passou a escrever a escalação assim: "goleiro do Palmeiras: lateral do Corinthians, zagueiro do Flamengo...". Todos os ídolos acham-se intocáveis. Claro, não são reais.
O texto de Chiko Kuneski é ácido. Cirúrgico. Um pouco cruel. Bem escrito. Gosto da imagem de Neymar e o playstation. A melhor tradução do jogo. Neymar não tem a poesia de Mané. Nem a liberdade do pássaro Garrincha. Possui as asas nas chuteiras. Os dribles parecem controlados por consoles do jogo. Mas, é genial! Sou fã de Neymar. Talvez, também, até um pouco babaca. Afinal, acreditei em tantas coisas. Em ver a banda passar e não ter medo de ser feliz. A banda atravessou na avenida e a felicidade está nos olhar de meus dois filhos.

terça-feira, 14 de junho de 2016

O midiático e a mídia

Chiko Kuneski

Em julho de 2015 publiquei aqui no Crônicas por tubo um texto sobre o comportamento de Neymar. Ousei achar que o “garoto prodígio” dos jornalistas brasileiros era um ser humano virtual. Ousei. Hoje vejo que estava certo e estou certo. Neymar foi, é e sempre será um craque de Playstation. Vive no mundo virtual criado pela mídia e pelos jornalistas esportivos que o idolatram.

“Um monte de babacas”, segundo palavras escritas por ele nas redes sociais. Acho que Neymar, pela primeira vez, teve razão, apesar de escrever a nota com o fígado, ao que tudo indica pelas imagens postadas por ele próprio, bem molhado. Mas está de férias. Tem todo o direito de um humano de carne e osso quanto a “molhar a palavra.”

Mas a bêbada lucidez de Neymar acertou. Os comentarias, repórteres, locutores, os mídias esportivos são “babacas”. Criam um mundo virtual de idolatria, para induzir a veneração do eleito. Especialmente no Brasil a “crítica” esportiva vive de falsificação. Da criação. Do craque paralelo. Do ídolo virtual eleito.

Hoje, no retorno ao Brasil e uma ligeira realidade, o “ídolo” da Seleção levou um puxão de orelha e se desculpou. O texto de mea-culpa publicado nas redes sociais tem tom de profissional. Não foi o garoto do mundo virtual, mas um assessor competente que o escreveu. O choque de realidade obriga a ação de pessoas reais para salvar os sujeitos midiáticos.


Neymar, a criatura, mostrou-se igual aos seus criadores. Babacas.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Renascer

 
Mauro Pandolfi

Vou levar porrada! Meus ouvidos resistirão as vaias.  Os comentários contrários serão, irônicos, abusados, lúcidos.  Não serei ofendido. Afinal, poucos leem os textos postados. Confio na elegância, na delicadeza e na inteligência dos seis leitores. Vamos lá, então! Há uma ótima perspectiva de um time forte, sólido na seleção brasileira. Mesmos com os resultados adversos, com o eterno 7 a 1 tatuado na alma, acredito na formação, criação de uma boa equipe. Não há uma contradição em textos anteriores.  A seleção brasileira acabou! Terminou nas 'tragédias' do futebol. Ser eliminado pelo Peru, na primeira fase desta insignificante Copa América é o retrato perfeito. Anacrônico, obsoleto e todos os sinônimos destes adjetivos. É na 'desgraça', no fundo do poço, que se ressurge. Não há outro caminho para o futebol brasileiro. Ou, é agora. Ou só na ausência da copa de 2018. Em algum momento, o futebol renascerá.
A seleção brasileira acabou! O imaginário terminou. As temidas 'camisas amarelas', tão cultuadas, são só mitos. E, os mitos não existem mais. Nem como 'walking dead'. É preciso forjar o novo. A concepção de um time a partir de individualidades terminou. É do coletivo que forma uma equipe. Depois, as individualidades dão a sua marca. Não entendemos ainda. Procuramos os 'craques'. Eles nos salvarão. Sempre foi assim. O tempo é cruel. A globalização, a competitividade, as transformações do jogo, terminaram com a saída brasileira. O que é necessário para entendermos, aceitarmos isto? Ficar fora da Copa? Quem morreu, também, foi o futebol no Brasil. O líder do campeonato é o Inter., treinado por Argel. Precisa dizer mais alguma coisa? Os times, daqui, desaprenderam a jogar no campo adversário. ficam presos no seu, esperando uma brecha, um espaço, um engano, um erro, para buscar o ataque.
Dunga é o treinador exato deste momento. De 2010 para cá, o que fez? Estudou, fez cursos, dirigiu algum time, se atualizou? O único time que treinou foi o Inter. Trabalho medíocre. Revelou uma imensa incapacidade tática, de análise, de formação. Mas, foi premiado com o cargo. É o jeitinho brasileiro que a Lava jato promete exterminar. Em dois anos, desde o 7 a 1, Dunga não teve convicção. Começou tentando ter posse de bola. Virou campeão mundial de amistoso. No fracasso na Copa América, de 2015, mudou o sistema. Nas eliminatórias, o Brasil não propõe o jogo. Espera. O resultado é o sexto lugar. Agora, 'modernizou' o time. Flutuar, como as grandes equipes, sem especialistas, movediço. A derrota para o Peru foi triste. Nada fez para evitá-la. Acho que não entendeu o que 'pediu' aos jogadores. É uma boa ideia que vai para o espaço. Uma pena. Tomara que Tite, ou outro treinador, comece o trabalho com o time eliminado. Tem tudo para ser uma ótima equipe.
A 'safra' é boa. Ótimos, jovens e talentosos. 0 7 a 1, o desespero, a angústia dos velhos jornalistas, os oportunistas de microfone e teclado, os mitológicos, querem os antigos craques como referências e patrocinam a caça as bruxas.. Cadê os antigos 'craques'? Como negar o talento destes jogadores? Campeões em seus clubes, escolhidos para as seleções das competições (Douglas Costa foi eleito o melhor do campeonato alemão), são disputados pela grandes equipes.  O problema é outro, como disse Douglas Costa, em entrevista ao Zero Hora: 'perto do futebol europeu, o brasileiro parece outro esporte'.
A preparação do jogo é arcaica. O jeito de jogar ficou no século passado. Os assoberbados treinadores não apresentam nada de novo. É sempre o surrado jogo de uma bola, do pontinho fora, da defesa extremada, dos volantes na frente da área, dos especialistas. O antigo futebol brasileiro foi moldado por treinadores estrangeiros. Nicolas Ladanyi, Dori Kruschner e Béla Gutman inventaram o jeito brasileiro de jogar. Organizaram, sistematizaram, uniram a individualidade ao coletivo. Que tal um estrangeiro? Guardiola seria a redenção. Antes, é fundamental 'explodir' a cbf, criar uma liga, e deixar a seleção independente de tudo. Enquanto o comando do futebol brasileiro for de quadrilheiros, ladrões,  gângsteres nos clubes e federações, 'renascer' será apenas uma novela

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Marcação


quarta-feira, 8 de junho de 2016

Brigar com bêbado

Chiko Kuneski

O dito popular diz que sempre se deve evitar a briga com o bêbado. Perde-se, inevitavelmente. Se ganhar, batendo forte; perdeu, pois se aproveitou. Se perder, apanhado, seja como for, pior. Foi vencido pelo bêbado. O jogo da Seleção de Dunga contra o Haiti foi uma briga com bêbado.

O time ganhou de 7 a 1, mas e daí? Bateu “no bêbado”. No trôpego futebol Haitiano, que pareceu mais um time de segunda divisão do futebol americano já duvidoso na primeira, enfrentando um penta campeão mundial de futebol. Um possível futuro, ainda sendo o bêbado da Copa América Centenária, jogando contra a memória do passado, já não tão sóbria.

Foi mais uma mera transferência de passivos. Da dívida impagável de 2014. Do repasse da frustração. Como bater no bêbado. Um simples aproveito. Não foi magnânimo como a surra que a Seleção Brasileira levou da germânica no seu próprio ringue. Dois pesos pesados.

Foi brigar com o bêbado para transferir o passivo do fracasso. 

Santo Graal



Mauro Pandolfi


O poster ocupava a metade da parede do quarto. Entre o beatle John Lennon e a bela Nídia de Paula. A rede, a bola, o gol, o Rei. Emaranhados. Poesia visual. Era a foto do milésimo gol de Pelé, em 1969. Ganhei do meu pai. Veio encartado na revista Veja. Ou, seria a Realidade? Ficou no meu quarto até ir embora de Lages. Aquela bola é o meu Santo Graal. Objeto de desejo. Símbolo de fé. A bola está em um leilão que Édson Arantes do Nascimento está fazendo em Londres dos pertences de Pelé. Pena que não ganhei na mega-sena. Iria buscar o meu Santo Graal. Admiraria todos os dias como um objeto sagrado, uma obra de arte, um tesouro. Poxa! Onde foi parar o poster? Foram tantas mudanças na vida. Se perdeu por aí. Foi junto com a infância.
O tesouro do Rei está à venda. Objetos pessoais, conquistas de jogos. Camisas benditas. Brancas, amarelas, verdes. Mantos sagrados. Medalhas, troféus, fotos, passaportes. Até a chuteira 'cult' que usou no filme "Fuga para a vitória" de John Huston. Este é outro objeto que compraria. Édson, o dono de Pelé, garante que o problema não é a falta de dinheiro. "Muitas coisas estão guardadas. As pessoas precisam conhecer, admirar", explicou. Espera-se arrecadar em torno de U$ 5 milhões. Parte será doado a um hospital pediátrico em Curitiba.
Édson cumpre o discurso de Pelé. Agarrado a bola, dando uma volta olímpica no Maracanã, cercado de microfones, o Rei falou: 'é preciso cuidar das criancinhas do Brasil'. O Rei previu. Não ligaram. Acusaram de demagogo. Não era demagogia. Antevisão, que só os craques tem, de um problema imenso. Hoje, crianças de dez anos andam armadas pelas ruas. Assaltam, matam, morrem. Não brincam mais. Fogem da escola. O estado fracassou. O país faliu. A sociedade se entregou.
Entre os objetos está a réplica da taça Jules Rimet. O legítimo Santo Graal do futebol é este troféu. Derretido ou nas mãos de um magano apaixonado por obras ou por futebol? Não sei! Às vezes, embarco numa teoria de conspiração. Sempre achei os deuses astronautas, que Elvis não morreu, e por quê não?, a Jules Rimet está intacta. Numa prateleira. Exposta como arte. Ou, escondida num cofre de um banco, protegida como um tesouro. Será que não é uma boa ideia para um filme de Indiana Jones? O trigésimo da série! Com o o neto de Harrison Ford no papel consagrado pelo avô. Bom, aí, quem vai assistir é o meu neto!


segunda-feira, 6 de junho de 2016

Acabou?



Mauro Pandolfi

A seleção brasileira acabou! Não existe mais!. Apenas um 'walking dead' de amarelo jogando com o seu nome. Não há mais o futebol imaginário do Brasil. Aquele do jogo envolvente, tocado, bailado, cantado em verso e prosa, lamento dizer, nunca existiu. Talvez, no tempo de Pelé e Garrincha, o real foi quase igual ao imaginário. O último respiro foi o a mágica seleção de Telê, Zico, Sócrates, Falcão. Nem o real de 2002 de Ronaldo e Rivaldo sobrevive mais. A fúria, a organização e a apurada técnica da dupla faz parte de um passado. Que por encanto deste país, em que o passado é sempre presente, passou! Não deixou vestígios.
A seleção brasileira acabou! Vi pouco mais do que 15 minutos no jogo de sábado. Dormi! No domingo, procurei saber como jogou a seleção. Dos meus conhecidos, ninguém viu. 'Dormi, vi um filme, saí, namorei'. Foram as explicações. Nos jornais, nada. Afinal, jornal de domingo circula no sábado. Nos sites, o frango de Alisson, que virou gol anulado, era o assunto. Nos blogs, nada. Preferi ver Figueirense e América ao teipe da seleção. Um horror!  Sonolento, arrastado, chato. Acho que foi igual ao jogo da seleção
O 7 a 1 aniquilou o futebol brasileiro. Destruiu conceitualmente o jogo. Nem migalhas sobraram. Nada foi feito. Nem criaram uma comissão para estudar mudanças. Os cartolas continuam os mesmos. Nem o avassalador 'machado' que cortou cabeças coroadas da fifa chegou aqui. O jeito de jogar é o mesmo. Os anos 90 são invencíveis. Como diz um conhecido corneta da internet (o RW) jogamos o futebol 'Telefunken'. Ultrapassado, anacrônico, obsoleto. Discutem se devemos jogar com dois ou três volantes, um dez clássico e um centroavante aipim. Exatamente igual ao tempo do Monza. O passado, é mesmo, eterno.
Só o futebol acabou? E, o país? Há tudo para ser feito no Brasil. Saúde, educação, igualdade social, de gênero. Nada, ou quase nada, foi feito. No entanto, tudo parece ruínas. O Brasil vive o seu melhor momento na história. A Lava Jato pode exterminar as velhas oligarquias políticas de Sarney, Bornhausen, Jucá e Calheiros. Também, acabar com as novas de tucanos e petistas. Reinventar um país. Será uma revolução. Pena que não acredito em mais em revoluções.
Li que 200 funcionários estão a disposição de Dilma Roussef. Vão de assessores, segurança, secretários a garçons. Duzentos! Dilma Roussef é uma presidente afastada ou uma rainha no exílio?. Como os 'defensores' dos pobres adoram uma mordomia. Vivemos uma república ou monarquia? Se o Temer cair, serão mais duzentos para ele? E, o próximo, caindo também, mais 200? Não sei não, do jeito que se comportam os presidentes do Brasil, o governo vai acabar caindo no colo do jardineiro do Planalto. 'Muito Além do Jardim' é um filme espetacular dos anos 80. O jardineiro parecia um 'sábio'. Será que o do planalto também não é?
Não sei se é devaneio. As últimas novelas da Globo estão traçando um painel do Brasil. A irregular 'A Regra do Jogo" mostrou o Brasil de hoje. O crime organizado no poder, ou próximo dele. A exuberante 'Velho Chico' relata como se formam os coronéis e os últimos suspiros da espécie. A esperançosa 'Liberdade, Liberdade' retrata um sonho de independência. Como seria o Brasil se a Inconfidência Mineira tivesse vingado? Um Estados Unidos? A república veio mais de 100 anos depois. Interessante, este mosaico de Brasil. Será que estou certo na observação? Ou é apenas um delírio de um analfabeto midiático assumido?

sábado, 4 de junho de 2016

Ali!



Mauro Pandolfi

"Aquele que vê o mundo aos 50 anos da mesma forma que o via aos 20, desperdiçou 30 anos de sua vida."
O maior de todos, o mais bonito, o Rei, o homem mau, o eterno Muhammad Ali.

A mão imensa. O punho fechado. Comparava a minha pequena mão com a foto. Ela sumia, desaparecia. Era a mão de Muhammad Ali. A foto foi a chamada da luta contra Jerry Quarry, mais uma esperança branca, em 1970, no jornal Diário de Notícias de Porto Alegre. No texto descobri que ele se recusou a matar e morrer no Vietnam. Eu, garoto que amava os Beatles e os Rolling Stones, como na música dos Incríveis, me encantei com a ousadia, a desobediência, a rebeldia. Virei fã. Ali foi o meu primeiro ídolo que não chutava uma bola. Em 1971, assisti a luta contra Joe Frazier. Descobri o que Ali queria dizer com 'voar como borboleta, picar como uma abelha'. Mais do que violento, o boxe de Ali era uma arte. Dançava, bailava, 'voava', flutuava sobre o ringue. E, batia! Como batia! O tempo foi cruel com ele. O desrespeitou. Cortou 'as asas da borboletas' com o mal de Parkinson. Sobrou o ferrão da abelha nas frases lúcidas, provocativas das raras entrevistas. Ali descansou aos 74 anos. Jamais vai morrer. É eterno!
No começo era Cassisus Clay. 'Nome de escravo. Eu não escolhi. Eu sou Muhammad Ali. Um nome livre'. Foi só uma a das polêmicas. Recusou lutar na guerra, quase foi preso, multado, perdeu o título. Afinal nenhum 'vietcong o chamava de crioulo'. A luta não era dele. Ali 'bailava' entre Martin Luther King e Malcolm X. A doçura, a poesia da palavra; a fúria do olhar, a agressividade da palavra.  A borboleta e a abelha. A frase que melhor o define. Ali usava a arrogância para se impor. "Tento ser modesto. Mas, às vezes, faltam argumentos".  Campeão olímpico em 1960 e três vezes mundial (64,74,78). Se Pelé inventou o futebol, Ali criou o boxe. Reis eternos, de súditos fiéis. Únicos. Mágicos. Afinal, como dizia Ali: "o homem que não tem imaginação, não tem asas". Os dois continuam voando. Em vídeos, nas memórias, nas histórias.
1974. Faz tempo, eu sei! Parece outro século! Em Kinshasa, capital do Zaire (atual Congo) a imortal peleja entre George Foreman e Muhammada Ali  'The rumble and the jungle' foi a mais extraordinária luta de boxe da história. Foreman era um lutador agressivo. Não deixava o oponente pensar, respirar. Porrada, porrada, porrada!  Ali bailou, desviou, flutuou, esquivou. Apanhou, também! No oitavo round, Ali foi Ali. Desferiu uma sequência de golpes. Direita e esquerda explodiram no rosto de Foreman. Quase final do round, Ali acertou um gancho de direita no queixo. O gigante Foreman desmontou, desabou, implodiu.  O público delirava, gritava. "Ali Boma ye" (Ali, mate-o). Esta luta jamais terminará. Está no documentário "Quando éramos reis" e no livro 'A Luta" de Norman Mailer. Ele conta a história, como se fosse rounds, o perfil dos dois lutadores. Um texto, que este humilde escriba, gostaria de ter escrito. Mas, cadê o talento?
 Alberto,  meu amigo argentino, fala de boxe como se declamasse  uma poesia. Cita nomes. Sugar Ray, Monzon, Joe Louis. Para em Ali. Faz um reverência. Emociona-se. 'Não há outro igual na nobre arte", diz ele. Boxe é a arte.  Perdeu espaço. Há novos gladiadores. UFC é briga. No boxe, há a gentileza, por mais estranho que pareça. O lutador caindo, ninguém bate. Um cavalheirismo.  No UFC, não! Caiu, chutou, dá joelhada, pula em cima. Amassa. A luta no boxe é pé. Com punhos protegidos por luvas. No UFC, vale tudo. São esportes do seu tempo. Não há mais Muhammada Ali nos ringues. Nem fora. Não o pensador. Só as provocações de brigões. Nâo o que prega a desobediência. Não há quem desafie o coro dos contentes. Isto termina com Muhmmad Ali. Uma frase como esta, só no passado: "O impossível é apenas uma grande palavra usada por gente fraca, que prefere viver no mundo como ele está, em vez de usar o poder que tem para mudá-lo, melhorá-lo. Impossível não é um fato. É uma opinião. Impossível não é uma declaração. É um desafio. Impossível é hipotético. Impossível é temporário. O impossível não existe".

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Os broxantes

Chiko Kuneski

Gol. O êxtase. Até mesmo os onanistas do passe, do toque, do movimento, do drible (e nesse caso me incluo), do futebol bem jogado anseiam o gozo da bola rompendo as redes.

Conceitua-se o zero a zero. Jogo bem jogado. Um empate melhor que muitas goleadas, dizem alguns. Sublimação pela falta do prazer final. Do gozo supremo. Do rouco grito quem vem da garganta. Êxtase. Grito. Tesão ao extremo.

Um desejo objetivo do torcedor. Deveria ser sempre do jogador. Talvez, até o seja. Mas, entre um e outro, os desejos tem uma muro: os treinadores. Os empata jogo, empata esquema, empata tesão. Os que dizem que um ponto é melhor que o meio a zero. Mas o gol não tem fração. O futebol não tem fração. É de número inteiro.


O treinador fracionário faz seu time jogar horizontalmente. Falta-lhe a visão vertical do retângulo. Incisiva. Aguda. Perfurante. Cria os movimentos lateralmente perfeitos, mas sem o tesão da meta final. Broxam o grito do gozo do gol.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

As cores da bola



Mauro Pandolfi



"...Às armas cidadãos! Formais vossos batalhões! Marchemos, marchemos! Que o sangue impuro ague o nosso arado..."

Trecho do hino da França, A Marselhesa, que Benzema se recusa a cantar por considerar xenófobo.



A França é a seleção que mais gosto. Do futebol e das cores. O estilo vibrante, rápido, insinuante. Da bela camisa azul. Um tom de céu com tempestade. Um time envolvente, favorito a ganhar a Eurocopa. Ninguém entendeu tão bem a globalização como a França. Negros, brancos, árabes, armênios e...franceses.  Ganhou uma Copa assim. Mas, isto está ameaçado.  A Frente Nacional de Le Pen,  a direita reacionária francesa, quer a pureza de volta. O mito Eric Cantona denunciou a não convocação de Benzema por racismo. O treinador nega. Alega que o atacante do Real Madri fracassou na temporada. Além disso, Benzema está envolvido num caso de chantagem contra Valbuena.. A polêmica esta feita. O pais dividido, O futebol, derrotado!.

O futebol é um jogo democrático. Aberto a todos. Quem entendeu, deu-se bem. Falando em Copas do Mundo, o Uruguai foi primeiro perceber. Negros vestiam a linda camisa celeste. A turma da 'banda oriental' levou a primeira taça em 1930.. Os italianos compreenderam a lição. Usaram os 'oriundi' para o bicampeonato. Argentinos e brasileiros foram fundamentais para a  conquista. Estratégia usada pelo Brasil. Negros e brancos, descendentes de imigrantes, montaram alguns dos melhores times do mundo. O tri de 58, 62, 70 tem um 'Deus Negro' e uma corte multicultural.

Ninguém ousou tanto como a França. A equipe que ganhou a Copa de 98 é uma constelação global. O maestro tem origem argelina. Zinedine Zidane tornou-se um cidadão do mundo. Um embaixador da bola. Havia portugueses, espanhóis, armênio, basco e até um  argentino. Negros de várias origens. Campeão multicultural. A vitória sobre o Brasil, na final, é emblemática. A qualidade de futebol moderno, global, sobre um time já anacrônico. A França entrava na ordem dos melhores da bola. Descobriu que a alma da bola não tem cor única. Tem todas as cores da paixão.

O futebol tem cor. É multicolor. Nas camisetas, nas bandeiras, nos cantos. Há tempo, as chuteiras deixaram de ser botinas. De um calçado de 'operário' para sapatilhas de 'bailarinos'. As coloridas combinam melhor com os craques que cultivam as asas. Ate a bola abandonou o branco. Rola pelo gramado verde, enfeitada de laranja, azul, vermelha, laranja. Já vi até uma cinza quase invisível para um míope como eu. A alma de quem ama futebol é colorida. A minha é tricolor que pulsa ao ver a camisa celeste, branca, negra desafiar o vento.