quinta-feira, 30 de março de 2017

Felipão não é Barbosa

domingo, 26 de março de 2017

A teimosia e os temerosos

Chiko Kuneski

Gosto mais dos substantivos que dos adjetivos. Os últimos são efêmeros, mutantes. Os substantivos são incorporados. Talvez por teimosia, volto a escrever. Escrever sobre algo que não merecia ser escrito. A arrogância.

Hoje, não sou de escrever sobre o dia-a-dia do futebol, mas abro um parênteses, no jogo entre Flamengo e Vasco, em Brasília, vimos a desconstrução da arrogância. Um jogo sem torcidas organizadas. Duas camisas sentadas lado a lado. Sem brigas fora do Mané Garrincha. Torcedores querendo ver o espetáculo do teatro de grama e paixões, como magnificamente define Mauro Pandolfi.

Não houve incidentes. Não houve combate. Não houve confronto, a não ser o dentro de campo. Já escrevi sobre isso e, ai justifico minha teimosia. O futebol brasileiro tem que por fim às torcidas organizadas. As selvagerias urbanas, fora e dentro dos estádios, são patrocinadas por líderes de quadrilhas uniformizadas. Querem a imposição da força. Patrocinadas, na sua maioria, por dirigentes que as utilizam como massa de manipulação política. Fora do Rio de Janeiro Flamengo e Vasco não teve ocorrências. Não teve a presença das milícias das organizadas. No Rio de Janeiro, em São Paulo, mais recentemente, os confrontos dos times nos estádios locais provocaram mortes.

Sou um teimoso em continuar escrevendo sobre isso. Mas a teimosia é uma virtude que amedronta os temerosos. Os conformados. Os acomodados dos sofás. Sofás de couro como os da CBF, que não se manifesta. Pelo contrário, proibiu o mando de campo nos jogos do campeonato brasileiro fora dos estados dos clubes mandantes. Organizam ainda mais as organizadas que desorganizam a segurança do torcedor apaixonado, o solitário, que grita, sofre, vibra e paga mensalidades para manter seu clube. A medida fortalece erroneamente as organizadas.


Dos sofás de couro dos deputados e Senadores que se utilizam das organizadas, dos juízes que fingem não ver. Melhor deixar assim. O futebol e as organizadas ainda servem como massa de manobra. Mas os temerosos certamente vão criticar minha teimosia.

sábado, 25 de março de 2017

Um time para toda vida



Mauro Pandolfi

Amontoado na sala, a casa em reforma, espremido entre o sofá e a cama, encostado numa caixa, escuto a chuva fina embalar o Brasil contra o Uruguai com olho na tevê e ouvido no rádio. Vi Marcelo errar o passe de peito, o rápido Cavani provocar o pênalti. O gol uruguaio só despertou o talento. A Seleção de Tite foi tocando a bola, tabelando, atacando até encaixotar os charruas e transformar o domínio em uma goleada que calou, surpreendeu, encantou o mitológico Estádio Centenário. A 'ex pior geração de todos os tempos' se transmutou numa fantástica equipe de futebol. Tão fantástico time que tem tudo para a entrar na história como a mítica Seleção de 82. O esquadrão de Telê Santana foi o time de toda a nossa vida. Ou, será melhor? A Rússia, no ano que vem, vai nos contar mais esta epopeia.
Gostei de mexer nos 'vespeiros'. Cutucar o coro dos contentes, provocar a 'verdade absoluta', ser herege. Muitas vezes, a heresia não é uma contestação 'absoluta da verdade'. É só uma, pequena, perversidade dela. A Seleção de Telê é o melhor retrato que tenho do futebol. É arte! Do tempo que acreditava em futebol arte. A alma vibra ao lembrar daquele time. A escalação é poesia pura, redonda, cristalina feito um poema simbolista. Rebuscado, mágico. Inesquecível! Porém, ando suspirando pela Seleção de Tite. A bola trabalhada, intensa, criativa, lúcida. A camisa amarela resgatada, respeitada, temida. Tite está montando uma equipe que poderá ser superior a de Telê Santana. Noto o silêncio da leitura quebrado. Murmúrios, ruídos e, quem sabe, vaias. Opa! Não aceito ser chamado de Pacheco! Sou apenas um romântico redescobrindo o amor perdido, esquecido, desistido, da Seleção. Prá frente, Brasil!
Há mais igualdade em Telê e Tite do que supõe a nossa vã filosofia futebolística de botequim. Amam o jogo, a beleza do jogo, a vitória. Seus times são muito parecidos. Gostam da bola. Querem ficar com ela. Não tem pressa. Tocam, retocam, voltam, avançam. Há o jogo fluído pelas laterais, seus volantes vão e voltam. Jogam de área a área. O ataque é móvel, gosta do espaço, da movimentação. E, há os craques. Neymar é o mais fabuloso. Amplo, agudo, versátil, ilusionista. Ao seu lado, jogadores primorosos numa equipe  finamente organizada. "Há tempos, desde 82, não vibrava com uma Seleção como esta. Me arrepio em falar dela", me disse, na farmácia, o sábio do futebol, Joel Passos. O Brasil conseguindo escapar do 7 a 1. Mas...
E, por falar em 7 a 1, está semana mais um gol da Alemanha. Na surdina, como ocorre neste país, mais uma trapaça da cbf. Não falo em golpe, pois a expressão perdeu o nexo. A eternização dos canalhas na mudanças das regras. As federações passam a valer mais que os clubes e os  dirigentes dos clubes não reagem. São coniventes, omissos, covarde. São todos cartolas no significado mais pejorativo, torpe, cretino da palavra. Pena que há só um Tite. E, ele prefere transitar sua ética, a lucidez, a correção num campo. Sorte dele! Azar o nosso!

quarta-feira, 22 de março de 2017

O fim do lúdico

Chiko Kuneski

O futebol é um jogo. Uma ludicidade envolvendo atores e assistentes. Como define Mauro Pandolfi: “O teatro de grama e paixão”. Mas nos teatros, falo nas cadeiras dos espectadores das “arenas”, não deveria existir lugares demarcados para os fraques organizados, travestidos em uniformes estilizados. O público quer ver o espetáculo. A diversão individual acima da coletiva. Quer a euforia, a paixão, não existe paixão coletiva, a jocosidade, o júbilo. O gozo é individual. Inclusive quando se aplica no “gozar” do amigo do outro time. É individual.

Confesso-me um velho precoce com o uso de tais palavras. Um verdadeiro paquiderme que deveria estar seguindo a manada apenas. Mas não sou um elefante de tromba arriada. O futebol é mágico. É encanto. É a flauta que sobe a naja dócil, com um olhar apaixonado. Nos jogos o som da bola sovada no couro das chuteiras, no estridente apito do juiz, faz o coro involuntário de quem torce. São gemidos, respiros intensos uníssonos, gritos efusivos.

Esses são os sons dos torcedores desorganizados. Quem vai apenas em busca do lúdico do futebol. Mas o teatro tem seus inimigos. Há os que não gostam somente do espetáculo. Os dos fraques padronizados. São personagens das galerias subterrâneas suspensas pelas diretorias dos times de futebol. Organizadas para dar sustentação política. Toleradas. Facilitadas e organizadas na vaia.

Os mercenários travestidos de torcedores apaixonados. Com lugares cativos no teatro de grama, mas sem paixão. Pagos. Patrocinados. Inventados. Organizados. Vaiadores solenes mesmo que o jogo de futebol tenha sido shakespeariano, com romance, comédia e tragédia. Diversão. Transformam tudo em uma grande pantomima organizada em vaias. Destrutivas.

terça-feira, 21 de março de 2017

A vaia


Mauro Pandolfi

Nem parecia futebol brasileiro. De manhã, bem jogado, muitos gols. Espetáculo! Criciuma e Brusque fizeram uma partida histórica, épica, fantástica. De viradas, reviradas, de emoções, de erros, de golaços.  E, que golaços! Do chute estupendo de Alex Maranhão a sutileza de Ricardo Lobo. Oito gols, num 4 a 4 de matar de inveja um inglês, um alemão ou um catalão.  O futebol como adoram os amantes do jogo. Ofensivo, de riscos, de ousadia. Intenso, mágico. Gols em profusão. O tempo sendo derretido em minutos. Um jogo cantado em poesia num almoço. Mas, o teatro de grama e paixão é surpreendente. Imaginei aplausos ao final. Engano! Triste. Muito triste. Lamentável. A torcida do Criciuma vaiou o time, o resultado, o jogo. Preferia o 1 a 0 medíocre, defensivo, do chutão, da bola maltratada, do gol ao acaso. Fazer o quê?
Gosto da vaia. Aquela que  desestrutura, abala, desaba. A vaia que desafina o coro dos contentes, humilha os poderosos, constrange os medalhões de toda estirpe. A vaia espontânea começa solitária e explode em multidão.   Como a vaia bem dita que desmoralizou Nicolae Ceausescu em 21 de dezembro de 1989. O ditador comunista organizou uma demonstração gigantesca, 80 mil pessoas,  em uma praça central de Bucareste. Desejava provar ao mundo que os romenos o apoiavam. O discurso de oito minutos louvando as glórias do socialismo nunca terminou. Ele ficou em silêncio, arregalou os olhos, surpreso.  Alguém, solitário, desafiou a ordem. Vaiou! Em seguida, a vaia explodiu feito uma bomba atômica! O 'mundo petrificado' desabou em segundos como o sugerido pelo mantra marxista: 'tudo que é sólido desmancha no ar'. A ditadura era derrubada por um povo que vaiou, perdeu o medo e tentou ser feliz. Não conseguiu. Porém, tentou!
Detesto o embuste da vaia. A organizada, planejada, usada por vigaristas de  seitas religiosas e politicas. Aquela que é usada, manipulada,  como marcação de um discurso de ordem de um populista, de um ditador, de um 'pastor'. Abomino a vaia da manada. Rejeito a vaia travestida de um apupo popular. Da vaia que não tem início  individual. A que surge em coro. Esta vaia é a glorificação do canalha que a usa feito um maestro. Outra vaia detestável é a burra. Pode ser  ideológica ou clubista.  A que não reconhece o talento, a virtude dos  contrários, a intolerante. A que é só um barulho idiota.
'Vencer, vencer,vencer' é um verso do hino do Flamengo que se tornou  o dogma do torcedor brasileiro. Dane-se o jogo. Não interessa a beleza do jogo.  Nem a paixão pelo clube. A vitória que importa. Só a vitória! A imprensa esportiva é a parceira na derrota. Não é mais necessário perder três ou quatro jogos. Basta perder um. Aí, o 'jornalista torcedor' deixa cair a fantasia e canta feliz: "cabeças vão rolar..."

quinta-feira, 16 de março de 2017

Cemitério de elefantes



Mauro Pandolfi

Vou mexer num vespeiro. Tocar na 'sagrada' seleção de 70. Cometer uma heresia. Ah, gosto, às vezes,  de ser um pouco iconoclasta. Contestarei um 'mito'. O 'canhota', o cérebro, o pensador, o que gostava de levar vantagem em tudo, certo?, Gérson de Oliveira Nunes. Ele garantiu que Neymar seria, no máximo, reserva no timaço do México. E, fez algumas  ressalvas. "Nós tínhamos o Caju, um talento enorme. Na ponta e no meio, jogava muito. Era talento puro. Ele (Caju) rendia dos dois lados da mesma forma. E era banco. Ainda tem isso. Eu não sei se o Neymar teria vaga nem no banco", garantiu o folclórico meia. Eu, fã de Neymar, me socorro de uma outra entidade mitológica: Tostão. O genial, mais culto comentarista esportivo deste país, disse que Neymar pode  ser o segundo melhor jogador da história brasileira. "Só não supera Pelé. Ele dribla, chuta com a esquerda, a direita, bate falta, cabeceia. Tem tudo para ser completo".  Futebol é mesmo um jogo de olhares, de sensações, de sentimento, de paixão, de enganos.
"O Neymar não teria vaga. Ele jogaria no lugar de quem? Não vai ser no lugar do Rivellino. E do Pelé? Do Tostão? Do Jairzinho? No meio-campo também não dava para ele", avaliou Gérson. O 'tá certo?' característico completou a frase. Tirando Pelé,  Neymar jogaria no lugar de qualquer um. Inclusive no de Gérson. O 'tri' de 70, o grande time da história, criou muita mitologia. Há um endeusamento exacerbado em alguns jogadores. Também, uma depreciação em outros. Everaldo, Félix, Brito, são tratados como comuns com sorte de estarem no lugar certo, na hora certa. Enquanto que  Rivelino, Paulo Cesar Caju e Carlos Alberto Torres tornaram-se deuses. Eram 'apenas' ótimos. Mexeria na defesa. Como Piazza estava improvisado na defesa, o substituiria. Ou, tiraria Brito. Clodoaldo seria um defensor. Mascherano joga assim no Barcelona. O futebol de funções terminou. Joga-se com posicionamento. Afinal, este foi o time mais moderno em copas do mundo.
Gérson repete o discurso de todo homem velho assustado com tempo. Rejeita o novo, o atual. Preso no passado, considera o presente um estorvo. Ele vocifera o mesmo blabláblá dos jogadores tornados comentaristas. São os espelhos. Procuram a sua imagem refletida nos outros. Raramente encontram. Ficam enfurecidos quando encontram. Arrumam 'um defeito'. Tostão é diferente. O jogador ficou na memória. Tem o olhar de hoje, do novo, do agora. Somente um livre pensador para desafiar a mitologia, as certezas, a verdade.
Quando entrei do Diário Catarinense, com um 'monte' de jovens jornalistas, escutei de um vetusto editor, com jeito de sábio, dizer : "não se faz jornalismo com focas. Precisa experiência'. Escutei, ri, não liguei. Li recentemente esta verborragia nas redes sociais, em artigos, em colunas, sobre o juveniilismo das redações. 'É o fim do jornalismo', bradam os 'experientes'.  O jornalismo diário virou uma fantasia, um engano, para mim. Mudei de ares, de profissão e a velha tese sobre novatos acompanhou a minha vida. Escutei tantas vezes, em tantos lugares, em ambientes bem diferentes. O futebol é um destes ambientes. Ligue o rádio, a tevê, leia os jornais, escute, os 'catedráticos' exigindo reforços. 'Não podem queimar os jovens. Tem de entrar aos poucos'. Balela! Conversa fiada! Os velhos tem que seguir os elefantes. Saber a hora de sair de cena. A vida, o mundo, as revoluções são  para os jovens. Sempre foi assim. Filho bastardo, perdido, da rebeldia de 68, continuo não confiando em quem tem mais de trinta e estou procurando um lugar para descansar a 'tromba'.

quarta-feira, 8 de março de 2017

O milagre impossível


Mauro Pandolfi

O tempo derretendo feito um relógio  de Salvador Dali.  Sem espaço, trancado na muralha humana francesa, sem ideia, nenhuma solução, o Barcelona suspirava pelo acaso. O tempo cada vez mais líquido.  Na arquibancada, olhares aflitos, rostos triscados, apavorados, sem esperança, ocupavam a tela da tevê. No campo, o desespero da goleada sem vitória, da eliminação, em busca de um lance  isolado que se transforme em dois, três gols. E surgiu! Na precisão de Neymar. A falta, a bola, o rumo certo, o gol, a improvável chance. Valeria, no mínimo, pela beleza. Neymar busca na rede a bola. Leva ao centro. É só um ritual. O jogo já vai terminar. Nunca diga acabou antes do apito final. A bola perdida no espaço encontra Suárez e um zagueiro. Um toque sutil, o braço no pescoço, a malicia, a queda, o erro do árbitro, o pênalti.  Neymar, o sonho,  o desejo, a batida, o gol. Os franceses hipnotizados. Perplexos. Assustados. Medrosos. Não resistem. A vitória vem de Neymar. O passe preciso, o vôo livre de Sergi Roberto, o suave toque que desvia do goleiro. Fatal. Mortal. A festa, a glória, o poema épico do futebol.  O teatro de grama e paixão explica a vida como ninguém. A superação do Barcelona e o naufrágio francês ficará na memória de quem viu o jogo, de quem ama o futebol. Eu adoro o futebol!
O PSG foi covarde. Atacou como covardes fingem atacar. Se protegeu na burocracia do regulamento. Desistiu do jogo. Abdicou. Abandonou. Armou a muralha, a resistência, a retranca. Marcou os movimentos, tirou o espaço, ficou sem bola. Perdeu! O perdido Barcelona se encontra na genialidade de Iniesta. A bola sem rumo, quase fora, ele inventa um lance. O toque sutil de calcanhar surpreende o beque francês. Sem jeito, toca para a rede. Era o segundo. O gol da possibilidade, da persistência, do desejo, do imponderável. 'Não tá morto quem peleia' é um ditado gaúcho. Deve ter algo parecido em catalão.
Um pênalti duvidoso. A malandragem de Neymar. O corpo na frente. O toque do defensor. Caiu! Messi bate. Tudo é possível. O PSG entra no jogo. Di Maria dá mais vivacidade. Num ataque, Cavani acha o gol. Acabou, pensei! O PSG retomou a muralha. O Barcelona rodava a bola. Sem força, sem imaginação, sem rumo. Mais de trinta minutos de nada. A bola ia e voltava. Deu, gritei num tom de frustração.
Mas, o futebol é como a vida, um programa do Chacrinha (só acaba, quando termina!) e tinha Neymar. As asas de chuteira, na bela expressão de Chiko Kuneski,  revela-se um cobrador de faltas digno de um Zico, o imaginativo que descobre atalho nunca antes visto. O mago da bola. O mais iluminado craque brasileiro desde Pelé. O último lance será a referência de sua carreira. Preciso, milimétrico, parecia ver o lance de cima num drone. A bola suave encontrou um 'voador' para o lance final. O gol mágico, inacreditável, espírita, não foi de Messi e nem de Suarez.  O herói foi um reserva, coadjuvante, o vilão de Paris. Sergi Roberto saiu do campo para entrar na história. Como é nobre o jogo da bola.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Se...



Mauro Pandolfi

Pelé não existe. É um mito. Uma ficção. Uma invenção. Nunca foi um. Foram muitos. O jovem foi substituído em 62. A lesão foi grave que foi necessário um outro. O fracasso de 66 também provocou mudança. O último ficou até dizer 'love, love, love' . Pelé foi um produto dos illuminati, dos templários, dos sábios do Sião. Criado para manter atento, esperançoso, alegre, um povo. O futebol foi a máquina escolhida para o novo tempo de reconstrução do pós guerra. Uma teoria conspiratória ou como eles controlam a nossa vida? Você conhece bem as pessoas ao teu lado? Eu estou duvidando de tudo. Principalmente dos sete leitores deste blog.  E, será que eles acreditam em mim? Duvido!
 Pelé é uma experiência genética planejada, executada, criada na floresta amazônica. Iludiram um casal mineiro, usaram seus genes, manipularam, fizeram várias mutações. Um olhar extra espacial (como uma visão de raio x), um corpo equilibrado, perfeito, um domínio extraordinário de jogo, de habilidade, precisão, técnica. Cada etapa da vida o corpo era aperfeiçoado ou substituído. Agora, entendo os gols, os dribles, a velocidade, os lances fantástico. Nenhum homem seria capaz de produzir isto. Um autômato ou mutante, sim. Pelé não existe como homem. É uma admirável ficção do mundo novo.
O mundo moderno é dividido em duas realidades: a objetiva e a subjetiva. A objetiva não precisa de nossas crenças ou sentimentos. Existe, e pronto! É a prática do cotidiano, a sobrevivência, os 'dogmas' científicos. A gravidade já existia antes de Newton. A subjetiva é o que dá 'vida' ao ser humano. É o imaginário, as religiões, as ideologias, as loucuras que geram poesia, romance e as teorias de conspiração.
Imagino a cena. Uma grande reunião dos 'illuminatis'. O que fazer para manter o 'povo feliz'? Futebol foi o escolhido. É preciso um mito, um ídolo, um ícone, que apaixone as pessoas. A primeira sugestão foi um major gordinho, goleador, hábil. Rejeitado! Um militar no pós guerra não cai bem. Alguém apontou um alemão, um kaiser. Ruídos intensos. Impossível, agora, um alemão.  E, dois canhotos argentinos, um rebelde e um bonzinho? Teve resistência. Então, um 'torto', com as pernas para o mesmo lado, bailarino, um Chaplin? A idéia de um  Chaplin não agradou os mais conservadores. As risadas aliviaram o ambiente tenso quando falaram em um português espadaúdo, forte, profissional.  Que tal, um negro, do terceiro mundo, atleta, com jeito de rei? Aprovado! O mundo precisa da mensagem de paz, harmonia, justiça social. Ah, lembraram que o nome deveria ser curto, original, eterno. A reunião terminou. Porém, alguém guardou na pasta todos os 'projetos' sugeridos.
Paul McCartney está morto. Michael Jackson está vivo. Virou muçulmano e mora em Dubai. Elvis não morreu. Quem matou John Kennedy foi a máfia. O homem não chegou a Lua. Porém, esconde os 'etês'  de Varginha a e da área 51. São as teorias de conspiração mais famosas. Escutei estas e outros numa noite de insônia na Cbn. Tânia Morales entrevistou o jornalista Edson Aran sobre o seu livro sobre as teorias de conspiração. Acordado, um copo de leite na mão, umas bobagens na cabeça, pensei será que o futebol não é cheio destas teorias?  O que aconteceu nas copas de 54, 66, 74, 78, 94, 98 foi esporte? Ou as teorias conspiratória explicam melhor? E,  Pelé é  tudo isto? Ou, se...