quarta-feira, 27 de maio de 2015

Eles roubaram o jogo

Mauro Pandolfi

José Maria Marin infesta a vida pública desde a ditadura. É um verme que sobreviveu a democracia. Foi tirado do ostracismo pelo futebol. Aliás, o futebol sempre foi abrigo para canalhas. Olhe, escute os nomes de cartolas e lembrem de suas histórias. De governador biônico, vice de Malluf, ladrão de luz e medalha, Marin, um medíocre ex-ponteiro do São Paulo, é o lado podre e visível do esporte brasileiro.

Ele foi preso na Suíça. Não pela polícia brasileira. Que pena, ou, que vergonha! Não tivemos 'coragem', provas, ou a impunidade ainda é uma marca brasileira. O FBI e a policia suíça o detiveram. Junto com ele mais dirigentes da FIFA dividirão a cela. Será a limpeza da FIFA? Um viva para Andrew Jennings que denunciou esta corja. Ele sempre soube como compraram o jogo. 

Os Eua investigam desde 2013 as ações os cartolas da Conmebol, Concacaf e FIFA. Descobriram propinas, subornos, lavagem de dinheiro nas competições organizadas por estas entidades e mediadas por várias empresas de marketing esportivo, entre elas a brasileira Traffic, de J Hawilla. O ex-repórter esportivo da Globo é o principal delator dos esquemas.

Ele já admitiu culpa e comprometeu em devolver U$ 150 milhões. A dinheirama toda passou pelos bancos americanos e nada foi recolhido à receita. Ninguém contou aos cartolas que o velho mafioso Al Capone caiu por problemas no fisco. Deveriam ter assistido o filme Os Intocáveis. Mas, sabe como é um malandro, um esperto, um mafioso...

A investigação começou sobre a Copa do Mundo no Brasil. Puxa uma linha, pega outra, escancara mais, tem uma outra solta... e chegaram ao início da trapaça: 1991. Todas as Taças Libertadores e as Copas do Brasil desde esta data estão sob suspeitas. Os títulos foram legítimos ou foram compradas? Sofri ou vibrei por tramóia? Sou vítima ou cúmplice? Sou um idiota ou sonhador? Que falta faz um Shakespeare no futebol para refletir estas questões.

A grande chance do futebol brasileiro. As denúncias envolvendo os cartolas das confederações são benéficas para o futebol. Há uma MP do futebol que estabelece novas regras e condutas. É o momento de explodir toda esta estrutura corrupta das federações. É a hora dos bravos dirigentes, há?, e do Bom Senso em promover a transformação do futebol exterminando a cbf e as federações e criando ligas profissionais. Ainda acredito numa virada sobre a Alemanha!

Sete presos. Só? Faltaram mais cartolas da cbf e de outros lugares. Que tal uma passada pelo Brasil? Conhecer as federações e os 'donos' delas?’ Investigar as pomposas sedes das federações do sul e as festas para os 'homens' fortes da Conmebol?

Um velho homem do futebol, que sabe todos os passos do submundo da bola, contou-me certa vez: "Nicolas Leoz gostava da bagunça. Muita champagne, frutos do mar e garotas jovens bonitas. O velho se esbaldava". Há tempo que Balneário Camboriú é uma festa.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Futebol, torcedores e irracionais

Chiko Kuneski

A paixão é sempre irracional. Na raiz é passional, sem raciocínio lógico, sem olhares, sem pensares, sem pesares. Paixão é entrega. O torcedor é tido como um apaixonado. Sem motivos. Sem explicações. Sem conclusões. Mas, toda paixão duradoura precisa de algo mais. Necessita do amor incondicional do apaixonado.

Sem o raciocinar a paixão acaba esvaída em nada. O sentimento aflora, mas não dá flora. Morre no fanatismo. E no fanatismo a irracionalidade floresce. Se expande em plantas mortas.

Dentro dos estádios, com seus uniformes, com seus cânticos, os mais medrosos transmutam-se em guerreiros. Nada de mais. A horda faz a coragem dos incautos. A paixão move a horda.

Já a razão, deixa o fogo afoito da paixão desmedida pelo clube no apito final.  Os torcedores resenham o jogo. Absorvem o espetáculo e brincam, tripudiam, rebatem divertidamente argumento e contra argumento. Os torcedores são apaixonados enamorados.

Os irracionais não amam. Nem seu time. Nem seu escudo. Nem sua bandeira. Não respeitam seu hino. Os irracionais são apaixonados do ódio, pura e simplesmente, que destilam dentro e fora de campo. Agridem pelo prazer de agredir.


Os irracionais podem ser até apaixonados pelo seu time; mas não têm amor.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

A dor e a delícia de ser gremista

Mauro Pandolfi


Chovia muito na manhã de segunda. Coloquei as minhas galochas e fui caminhar nas ruas estreitas do bairro Nossa Senhora do Rosário.  Andava meio distraído e parei na frente da casa do meu amigo Rai Carlos, o vidente cego. Ele estava na varanda alimentando o Pablito, seu velho papagaio. "Olha só quem não vejo! Meu querido Mauro! Está no seu olhar a dor e a tristeza com o Grêmio. Poxa, Mauro! Que coisa o Grêmio, hein?"  Entrei, dei um abraço e expliquei que saí sem rumo, apenas pensando na vida, não no Grêmio.  Rai riu e afirmou: "Eu trouxe você. Sabia que tu precisava de uma conversa, de um papo amigo, de um ombro. Alguém que explicasse a dor e a delícia de ser gremista. Vamos tomar um café, charlar, como se fala no sul, e expurgar a tristeza". A gentileza é a melhor qualidade do Rai.

Contei da festa de sábado do meu afilhado Guilherme. O motivo era o Figueira. Mas, boa parte dos convidados vestiam camisetas de clubes.  A maioria de colorados. Fui o alvo predileto. Ironizado com educação. A civilidade dos vermelhos foi comovente. Até foram solidários com a minha 'dor'. Gente boa, aqueles colorados! Acho que há um certo toque gremista neles. Quem sabe, um pai, um tio, um filho ou uma ex-namorada que deixou em frangalhos o coração. No entanto, as vitórias tem algo de soberba. Falavam em como parar o tridente mágico do Barcelona. A Libertadores já está no papo. Será? Eu sou um gremista de fé, muita fé, Santa Fé!

"Como eram as camisetas do Inter? Novas? Da Nike?", perguntou Rai. Confirmei que sim. A sonora gargalhada acordou Pablito. "Não havia nenhuma de 75 ou 76, Mauro?" Disse que não. Nem as retrô, falei. "Dos anos 80 e 90 nem sinal, então?". Nenhuma, garanti. "Ah, torcedores de vitórias e títulos. Surgem aos montes na época de ouro. São falantes, expressivos. Sempre contentes, com toda a razão. Mas, basta perder que somem, recolhem-se, desaparecem. Guardam ou doam as camisetas. As vitórias são para os fracos. Só os fracos vibram com a glória!" O rosto ficou triscado, olhar tenso, a calma desapareceu. Pediu um tempo e trancou-se no quarto.

Os minutos voaram. Rai voltou sorridente. "Fui recarregar as baterias. Sou movido a fé. Fui rezar, Mauro. Fique tranquilo. Está tudo bem comigo", explicou. "Eu gosto da derrota. A minha vida é uma derrota. Isto me faz um ganhador. Todas as dificuldades me moldaram, me transformaram no que sou. O futebol é a mesma coisa. A vitória é passageira. São raras nos clubes. A maior parte são de derrotas, de falta de títulos, de ídolos. Um dia vai passar, Mauro!" Achei engraçado o apelo de autoajuda de Rai. Ele não é disto. "Não é ajuda, meu caro. É vida. Aprenda e ensine seus filhos sobre isto", disse. É quase meio-dia. Hora de ir embora. Rai me dá um abraço, beija o meu rosto e se despede.

Não resisto e pergunto: o que gerou o nosso drama? "Escutei que o estádio Olímpico está agonizando. Destruído e abandonado. É isto. Não saímos de lá e nem fomos para a Arena. O Grêmio é um zumbi. Flutua entre o antigo, um coliseu e o novo, moderno, uma arena. Somos um resquício de um império gremista e um novato imberbe na nova ordem mundial do futebol. Precisamos escolher uma coisa, de preferência o novo, e destruir a outra, que seja a antiga.


 Se continuar assim como está, seremos zumbis, um 'walking dead' eterno. A escolha é nossa". Estava saindo de sua casa. Ele me chama. "Mauro! Quem tem um hino assinado por Lupicínio Rodrigues, um ídolo como Renato e as cores branca, azul e negra na sua camisa, não precisa de título. Somos o que somos, porque somos o Grêmio. Isto basta!" A risada ecoou na rua. É uma verdade e, também, uma bela desculpa. 'Até a pé nós iremos..." Vou embora assobiando nosso inigualável hino. Nada pode ser maior.

domingo, 17 de maio de 2015

As veias abertas de um futebol estúpido

Mauro Pandolfi

    "....Vivimos revolcaos en un merengue
     Y en il mismo lodo todos manoseaos...."

              Cambalache, de Enrique Santos Discépolo, imortalizado na voz de Carlos Gardel

 A Bambonera parece uma caixa de bombons. Um retângulo que sobe em direção ao céu. Porém, lembra o inferno. São vários anéis. No último, para ver algo, olha-se para baixo. Um estádio que intimida pela arquitetura, a proximidade com o campo e o som que explode no ouvido. É, geralmente, o melhor jogador do Boca. Mítico caldeirão.

Já foi um lugar de bola. Na quinta, lembrava um campo de confinamento. Os jogadores do River foram encurralados. Estavam sitiados. Apavorados. Na arquibancada, La Doce - a temida barra brava - berrava seus cânticos de guerra. O que a decadência de um país fez com as pessoas, o pensar, o futebol? O jogo foi um retrato da Argentina demolida por governos corruptos, um peronismo podre e uma economia destroçada por tecnocratas de manuais. Chores por ti, Argentina!

Os cartolas pareciam os ridículos tiranos de Podres Poderes de Caetano Veloso. Flutuavam de ternos no campo, perdidos, sem rumo, não sabiam o que fazer. Perplexos. Como contrariar interesses da Conmebol? Cenas dantescas, como a boca tampada pelas mãos. Para manter um silêncio parecido com a estupidez. Mas, nada deixou-me mais triste do que o comportamento dos jogadores do Boca. 'Los Bosteros' revelaram-se marionetes de cartolas, fantoches de La Doce. 

A cena deprimente em reverenciá-los na saída do campo revela uma submissão escrota. Machonaria latina que só funciona em grupo. Sozinhos, são nada. Covardes! Não foram solidários com os atletas do River. Imploravam o jogo. Queriam a vantagem de enfrentar um time amedrontado. Como diria aquele vetusto senhor que a tevê baniu: "Canalhas de bostas. Velhacos existências".

A bola e o gol. O futebol é uma quase religião na minha vida. As minhas orações são as partidas. Às vezes, rezo pelo rádio. Noutras, na tevê. Raramente frequento uma 'catedral' - os estádios. Mas, sempre rezo. Sou um devoto dos clássicos. Após Avaí e Figueirense, ao ver a confusão, meu filho André comentou: "o futebol é bonito. Quem estraga são as pessoas". Disse e saindo para o seu quarto.

Na quinta, ao ver a balbúrdia de Boca e River, detonou: "Outra vez, pai! Já disse que são os imbecis que estragam o futebol. Não sei porque tu perde tanto tempo com ele". Falou e foi dormir. Fiquei acordado até mais tarde. A frase do André me balançou. Será que tem razão? Vale a pena escrever sobre futebol? Não sei!


O “fair play” e o complexo Vila Rica

Chiko Kuneski

Na década de 70, uma marca de cigarros fez uma campanha nacional com o campeão da Copa de 70 Gerson, que tinha como mote “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também”. O jogador falava do preço mais barato do cigarro, mas a mensagem remetia a “malandragem brasileira”. Ao jeitinho. A ideia de sempre se dar bem enganando alguém.

O futebol brasileiro atual está levando ao pé da letra a tal alcunha “Lei de Gerson”. De levar vantagem. Mas agora com nome mais pomposo: “Fair play”. Uma invenção da FIFA que poderia ser traduzida como “jogo limpo”.

Mas o que é um jogo limpo? É “migué”, como diz o jargão futebolístico, do jogador que simula contusão para parar o jogo e ganhar minutos quando o resultado lhe favorece? Dissimula para forçar o atendimento e sai serelepe sem que nem mesmo a “água benta”, outra gíria futebolística para os sprays analgésicos, seja usada?

Ou, jogo limpo é o adversário, em desvantagem no placar, abdicar da tentava de fazer o gol, o êxtase maior das torcidas, para que o jogador do outro time, em vantagem no placar seja atendido, mesmo sem precisar de atendimento? A simulação obriga o “jogo limpo”?

O que seria uma forma de respeito profundo pelo profissional e profissionalismo do futebol está virando uma batalha acusatória. O que simula por estar em vantagem acusa o adversário de não fazer o “jogo limpo”. O que tem a ousadia de não praticá-lo, buscando o jogo, acusa o “migué” da contusão simulada.

Nosso futebol está, cada vez mais, fumando Vila Rica. Certo?

Para quem não conhece o comercial do cigarro: https://www.youtube.com/watch?v=J6brObB-3Ow

domingo, 10 de maio de 2015

A punição do êxtase

Chko Kuneski

A definição de dicionário de “êxtase” é: “arrebatamento íntimo”. Mas, no futebol, o íntimo passa a ser coletivo. Tansmuta-se no gol. O arroubo particular sai das quatro linhas, escapa do gramado. Etéreo, inebria toda a torcida. A vibração individual coletiva-se.
      
Nesse êxtase uníssono nada mais justo que o abraço. A vibração do contato. Torcedores, desconhecidos, beijam as faces, como velhos amigos em comemoração única: gol.

A rede ainda balança. O goleiro ainda lamenta de joelhos. O zagueiro ainda pensa onde limitou a marcação. Racionalizam o momento e o erro. O artilheiro explode em emoção. Como sua torcida. Unifica o mesmo brado. A mesma alegria. O mesmo êxtase.

Esse sentimento mágico de dar e ter alegria é como sexo. O prazer maior vem do contato. Do toque. Da troca energética. Goleador e torcedores dividindo seus gozos individuais no êxtase coletivo. A comemoração suprema do futebol: o gol.

As limitações das linhas do campo somem. As limitações das cercas caem. As limitações do impossível desabam nas escadas das modernas arenas futebolísticas. Uma ponte entre os êxtases. O individual do gol e o coletivo do gol.

Mas, na descida dos degraus e no pisar do plano surge outro plano. O cartão amarelo que “amarela” a euforia. Uma regra de gélidos broxas burocratas cumprida ao rigor por rancorosos árbitros que parecem sentir prazer em punir o êxtase maior do futebol.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O nome do jogo

Mauro Pandolfi

Gênio e rei. São desígnios de Pelé. Não de Lionel Messi. De outro planeta. É a definição de Mané Garrincha. Messi é daqui. Deus de uma religião. Isto é Diego Maradona. A divindade de Messi é outra. Mestres da ilusão. Cai bem em Platini, Iniesta, Zidane ou Cruyff. A perna esquerda de Messi produz mágicas impossíveis. Fenômeno. Serve para Ronaldo. É pouco para Messi. Dono da pequena área. Perfeito para Romário. Nunca para Messi. O campo todo é de Messi. Iluminado de Quintino. O galinho é Zico. Messi é um predador feito águia. Endiabrado como Renato Portaluppi. Delírio gremista que sonha com Messi exorcizando o diabo vermelho. Craque. Não reduzo Messi a isto. Há uma infinidades deles por aí.  Messi é único. O que é Messi?

Todos os adjetivos servem a ele? Sim e não! É mais complexo ou, quem sabe, mais simples. O que é Messi, então? Ora, Messi é o .... futebol!

Há poucas coisas mais fantásticas do que um jogo de futebol. Nele há paixão, prazer, dor, festa, fúria.  É a vida! Não vale o sacrifício de uma vida. Mas, para entender o sentido da vida é necessário compreender o fascínio do futebol.  Vi o jogo do Bayern e Barcelona em flashes. Um lance, outro lance, quase nada, muito pouco do primeiro tempo. O movimento da farmácia estava bom.  Não vi o jogo como gosto. Não estava atento, com o olhar de cima. Me senti um pouco Capitu. Vi a partida de soslaio., com olhar oblíquo.

Este é um jogo para ser devorado em partes. Absorvido em câmara lenta. Consumir como um doce fabuloso de sobremesa. Delicadamente, colher por colher, prazer por prazer, sem pressa. A referência também pode ser o amor. Mas, preferi o doce pois há crianças quem leem - é verdade! - este blog. Vou degustá-lo suavemente., lance por lance num videotape de madrugada. Este é o melhor horário do amor, Opa! ou seria da sobremesa?

Um jogo de futebol é misterioso. No alto desta arquibancada, noventa minutos vos contemplam. Os segredos estão espalhados pelo gramado feito um quebra cabeça. Junte as peças e vença a partida. O espetáculo de futebol não é só gols, passes ou dribles. Há o pensar, o imaginário, o devaneio do treinador, a postura da equipe, o espírito do jogo.

O Bayern controlava o segundo tempo. Tinha a posse da bola. Ela circulava de pé em pé. O Barcelona era encaixotado. O fabuloso 'tridente' estava encurralado, perdido, sem saída. Guardiola sabia como controlar a sua criatura e o Bayern, feliz, levava a vantagem na bagagem.

Há o erro, o engano, a desatenção. O futebol é mais do que perfeito. O time alemão se precipitou, tentou pegar o Barcelona distraído, desarrumado, reclamando um pênalti em Neymar - que não aconteceu. A bola perdida encontrou Messi. Dois toques para o lado. A batida foi seca, firme, rasante, poderosa. O gigante Neuer tentou a defesa, pulou, ficou no vazio. Só encontrou a bola já envolvida na rede.

Alguns minutos depois, a magia, o futebol que todos sonham, desejam.  Messi, a bola, as asas da chuteira - a bela imagem poética de Chiko Kuneski -, um zagueiro torto, um goleiro desesperado, um toque suave, a corrida feliz e um povo em festa. Como é belo o futebol! Messi ainda encontrou tempo para um passe perfeito, reto, para Neymar marcar o terceiro e terminar a destruição do Bayern.

Dribles, passes, gols.  Para agradar todos que amam este jogo.  Guardiola sabe que o futebol é uma religião, uma fé. Ele busca um milagre. O problema é que enfrentará o Deus do futebol, que hoje é chamado de ... Messi!

Eu sonho com o futebol. Estou jogando, assistindo, vibrando. Sempre é o Grêmio. Aí, ao contrário do mundo real, ele vence, ganha títulos. Renato está sempre nele. Ultimamente achei um parceiro para ele. É Messi! São dribles, tabelas, gols. Mas, é só um sonho. Não me acordem, por favor! No Natal tentei 'materializar', em parte, este sonho. Comprei uma camisa número dez do Grêmio. Personalizei. Não com o meu nome.  Seria mais um Felipe Bastos, um Douglas ou um Rhodolfo vilipendiando o manto. Um comum sem talento que o Grêmio não precisa. Eu não alteraria nada neste time. Acima do dez está escrito ... Messi!


Um desejo, um sonho, uma ilusão, uma esperança. Nada mais que isto. Só um delírio de um velho gremista apaixonado a procura de um ídolo para chamar de seu. Que inveja de um torcedor do Barcelona!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Deu fim

Chiko Kuneski

A poção evaporou. A fórmula perdeu as letras principais. Se apagou. Começamos o fim de uma era. A hera mostra-se errática. Não há mais lugar para os desenganos, os logros, as falsas magias de histórias de fadas.

Do tapete verde dos gramados o futebol está migrando para o “tapetão” dos tribunais. Destruindo a magia pelo “dura Lex, sed Lex”. Não seria “cede a Lex”? De casos isolados; tronou-se constância.

O imbróglio dos tribunais esportivos ganha força e vigor no enfraquecimento das federações. Fórmulas mágicas para campeonatos. Regulamentos ditatoriais escritos por dirigentes anacrônicos. Artigos legais difusos e confusos. A fórmula federativa está velha.

É essa decrepitude que permite as decisões de campo, que deveriam ser definitivas por serem batalhas modernas leais, se estenderem por dias, semanas, meses e até anos. Advogo, e aqui uso o verbo propositalmente, que o ganho em campo é resultado incontestável.

Mas essa minha advocacia mostra-se muda. Falo, falo, falo, mas nada muda. O amadorismo dos dirigentes de clubes, comandados pelos ditadores que dirigem as federações, acovarda-se e corre para o “tapetão”. Refugia-se no regulamento. Brada a força da Lei. Joga jogo de cartas marcadas bebendo fórmulas inócuas.


Já o torcedor, atônito, não discute mais o jogo de futebol. Estuda direito.

domingo, 3 de maio de 2015

O fim!?

Mauro Pandolfi

O campeonato estadual é quase uma saudade. Não terá muito tempo. Será apenas lembrança de velhos torcedores, pesquisadores e loucos por jogos antigos no youtube. O tambor dialético do tempo é inexorável. Dinheiro, dinheiro, dinheiro. O futebol vive a fase econômica. O estadual é uma caravana da pobreza para os grandes times.

Enquanto que as federações enriquecem com a miséria dos clubes. Algumas cobram 10% da renda bruta das partidas. Hoje é o dia dos campeões. A partir de amanhã, 20 mil desempregados vão encher as estatísticas do governo Dilma. O destino do estadual será igual ao citadino: o fim! Que pena!

Ah, o Vermelhão de Copacabana! Lotado. Lá vem o Inter! Foi no Estadual que descobri o futebol. Eu gosto deste torneio. Mas, as federações e os cartolas estão destruindo o certame. Fórmulas esdrúxulas, excessos de times, longo e curto ao mesmo tempo, deficitário. E, os estádios? Vão da década de 20 do século passado ao pós-modernos da Copa do Mundo.

É necessário reinventar o campeonato. Passa pelo fim das federações e um calendário ousado. Defendo um estadual o ano todo. Os grandes clubes (que disputam o Brasileiro) entrarão na fase decisiva, de seis ou oito clubes, em mata-mata, bem rápido, emocionante. Os jogos entre outubro e dezembro.

Série A, B, C e D, do brasileiro, de fevereiro a outubro. Uma inversão de calendário. No Natal seriam mais de 30 campeões. Aí, os clubes venderiam mais produtos em suas lojas. É uma ideia!

O Estadual é um 'charme'! Times, que parecem uma 'porta da esperança" ou dos 'desesperados",  de ídolos decadentes ou promessas que foram só promessas. Estádios que lembram o Coliseu. O gramado parece um pasto. Arquibancadas improvisadas, alugadas, usadas nos desfiles de carnavais. Das janelas das casas, o jogo é visto. Nem precisam de tevê. Nas partidas noturnas, o apagão (some a luz e o futebol do time grande). O tapetão entra campo (não  é uma exclusividade dos estaduais). É a hora do 'doutor' brilhar. 


Nem tudo é desgraça no certame. Há o talento e a fúria. A bola rola, redonda, fica oval, redonda outra vez, pula, escapa, foge, até encontrar um pé santo ou a rede. Há jogos. E, que jogos! Viradas, gana, goleadas e atuações estupendas de antigos craques ou de jovens sedentos de oportunidades. É o milagre do futebol! Poxa! Vou ao youtube em busca do Grenal de 77. Ver o gol de André Catimba não tem preço.