Chko Kuneski
A
definição de dicionário de “êxtase” é: “arrebatamento íntimo”. Mas, no futebol,
o íntimo passa a ser coletivo. Tansmuta-se no gol. O arroubo particular sai das
quatro linhas, escapa do gramado. Etéreo, inebria toda a torcida. A vibração
individual coletiva-se.
Nesse
êxtase uníssono nada mais justo que o abraço. A vibração do contato.
Torcedores, desconhecidos, beijam as faces, como velhos amigos em comemoração
única: gol.
A
rede ainda balança. O goleiro ainda lamenta de joelhos. O zagueiro ainda pensa
onde limitou a marcação. Racionalizam o momento e o erro. O artilheiro explode
em emoção. Como sua torcida. Unifica o mesmo brado. A mesma alegria. O mesmo
êxtase.
Esse
sentimento mágico de dar e ter alegria é como sexo. O prazer maior vem do
contato. Do toque. Da troca energética. Goleador e torcedores dividindo seus
gozos individuais no êxtase coletivo. A comemoração suprema do futebol: o gol.
As
limitações das linhas do campo somem. As limitações das cercas caem. As
limitações do impossível desabam nas escadas das modernas arenas
futebolísticas. Uma ponte entre os êxtases. O individual do gol e o coletivo do
gol.
Mas,
na descida dos degraus e no pisar do plano surge outro plano. O cartão amarelo
que “amarela” a euforia. Uma regra de gélidos broxas burocratas cumprida ao
rigor por rancorosos árbitros que parecem sentir prazer em punir o êxtase maior
do futebol.
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