sexta-feira, 29 de junho de 2018

O que eu espero do Brasil!

 

"Viva o Brasil! Onde o ano inteiro é primeiro de abril"
O 'poemeu efemérico' de Millor Fernandes refere-se ao país. Acho inclui o futebol nele.

Mauro Pandolfi

Ando desconfiado do Brasil. Não é o 'país do futuro' do pesadelo de Stefan Zweig. Este eu tenho todas as certezas dos equívocos que cometi na minha vida acreditando em sonhos, esperanças e utopias. Refiro-me a seleção de Tite. Um time que prometia pelas eliminatórias ser ousado, criativo, perto do eterno desejo do jogo bonito. Mas, não é! É previsível, próximo do burocrático. É organizado como quase todas as seleções da Copa. Sólido na defesa, inexistente na armação, voluntarioso no ataque. Uma equipe que lembra muito a de seleção de 2010. Até nos problemas físicos são iguais. Ainda bem que Tite não é Dunga. É um ótimo treinador e educado. Também, não há Felipe Melo. Casemiro parece ser um jogador equilibrado, sereno e um excelente volante ao contrário do celerado jogador do Palmeiras. Ou, a derrota aflora os instintos selvagens?
O futebol brasileiro é uma fantasia. Sinônimo de ilusionismo, de habilidade, não gosto do conceito, de arte. Desde 1938, com Lêonidas da Silva, espera-se que a beleza desfile de amarelo, tão elegante, tão vaidosa, geniosa, sestrosa. A história é diferente. Porém, como no filme 'O homem que matou o fascínora', um jornalista disse que 'quando a lenda é melhor que a verdade, publica-se a lenda', a lenda foi publicada, repercutida, consolidada.  De 1970 para cá, apenas 1982 tentou materializar a 'lenda'. O jogo envolvente, bonito, rápido, brilhante, perdeu. No entanto, ninguém esquece este time. Em 1994, a retranca, a organização burocrática, com dois armadores (Zinho e Mazinho) pouco mais que limitados, venceu, virou tetra. Mas, parece ser lembrado apenas como obrigação de conhecer os campeões. E um mantra foi criado: 'é preferível jogar feito e ganhar do que jogar bonito e perder'. Nunca mais jogamos bonito. Perdemos muitas vezes.
Será que exagero? Estou iludido pela lenda? Desejo mais do podem oferecer? Ou sou um sonhador como era o Maurinho? Ou, como Eduardo Galeano, suspiro por um jogo bonito, envolvente, sedutor? A seleção de Tite me desanima. Não sou um 'pacheco', nem nacionalista, adoro futebol bem jogado e numa Copa do Mundo me encanto por quem desafina o coro dos contentes, por quem flui o jogo, por quem ataca com elegância, por quem se movimenta organizado e belo como um balé, por quem transpira futebol. Queria tanto vestir uma camisa amarela, sair por aí, comemorando a bela vitória, gritar 'Brasilll!!!' Mas, o time de Tite não me provoca isto. É apenas uma equipe correta, pragmática, com boas chances de ser Hexa. Não entrará para as memórias de quem sobrevive, ame, venera o futebol.
Onde foi parar o futebol envolvente das Eliminatórias? A 'pior geração de todos os tempos' se reinventou. Velocidade, movimentação, o prazer de ficar com a bola, a ousadia. Foi melhor em 2016, diminuiu o ritmo em 2017 e desintegrou em 2018. Ainda mantém a solidez defensiva. Com a ausência de Daniel Alves perdeu a armação e a imaginação pelo lado direito. O outro armador era Marcelo. Renato Augusto formava o triângulo que ditava o ritmo. Neymar e Gabriel Jesus percorriam todo o ataque. E, Paulinho ia de área a área. Que belo time, hein Tite?
Veio a Copa, Tite errou nas convocações, sentiu a pressão, perdeu algumas convicções e O Brasil passou correndo riscos. É do jogo, correr riscos. Parece que Tite involuiu como treinador. O time é ortodoxo, compartimentado, cada um cuida do seu quadrado.  Istoi explica a falta de gols de Gabriel Jesus. Está preso com um centroavante, perdeu a naturalidade sem a movimentação, a troca de funções. A verticalidade Paulinho desapareceu numa mudança organizacional da equipe. Quem apareceu foi a horizontalidade de Wilian. Ele não tem com quem dialogar. Está sozinho. Fagner é um lateral correto, assim com Filipe Luís. Jogam em linha reta, sempre reta, nunca em diagonal quando atacam. Preferem defender. Casemiro virou um volantão. É necessário para proteger dois zagueiros - que fazem boa copa - que pareciam tão frágeis de lentos que são. Não há virtudes neste time? Há e muitas. Vamos a elas...
Philipe Coutinho é um dínamo ofensivo. Falta pouco para ser um maestro. Centro do time, pilar técnico, hábil chutador. Poderia se movimentar mais. Quanto mais falam de Neymar, quanto mais criticam o seu comportamento, quanto mais reclamam de suas reclamações, menos joga. Deixem o 'menino' em paz! Está contido e preso no lado esquerdo. Genial e genioso, Neymar é jogador de campo todo, não pode ficar ''enjaulado' num canto. Liberem a movimentação, deixe o solto, o time será outro. Será mortal!
Vem o México. A correria de Chicharito e seus amigos 'ligeirinhos' não temem o Brasil. Eles já despacharam a Alemanha. Não é jogo fácil. O México gostou de ganhar do Brasil nos últimos anos, inclusive uma medalha de ouro nas Olimpíadas de Londres. Espero que o Brasil se classifique. Quero ver o encontro com a Bélgica. Será o confronto do futebol que me encanta contra o país que me ensinou amar o futebol. Do Brasil pragmático, herdeiro de Zagalo, Parreira, Lazaroni, Felipão, Dunga, contra o estilo, a beleza, o ataque, a modernidade de Hazard, De Bruyne. Ninguém se parece tanto como Brasil de 82  de Telê Santana como esta Bélgica de Lukaku. Talvez, a Croácia de Luca Modric.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

O maestro


 

"A primeira função do maestro é indicar a pulsação da música e a mais importante das funções que é fazer música com os seus músicos".
A definição do maestro Sérgio Bernal é a mais perfeita definição de Luca Modric. Ele rege o seu time.

Mauro Pandolfi


Quando vejo Luca Modric jogar lembro dos velhos comentaristas de rádio que sempre chamavam o craque do time de maestro. Modric rege o time. Controla os movimentos e as ações. Ora, acelera. Também, cadencia. Ele é a lucidez e a inspiração. Flutua em um espaço percebido só por ele. Tem o tempo exato da jogada. Não há excesso em seu jogo. Pode ser o passe preciso ou o chute certeiro. Tem sido assim nesta Copa. Modric é a alma de sua equipe. Não espera a bola chegar até ele como o velho camisa dez. Ele procura, encontra, cria e finaliza o lance. É o 'guerreiro' que provoca a luta dos companheiros. A Croácia é a melhor seleção da Copa. Tipico time moderno. Organizado, rápido, boa marcação, um ataque demolidor, prático. Tem tudo para chegar na final. Basta não tremer.
Neymar tem o drible seco em velocidade. Messi é o poeta do futebol. Cada lance é um verso que deve ser repetido pela beleza. Cristiano Ronaldo é a tradução perfeita de um artilheiro. De Bruyne parece muito com Modric. E, qual é a essência de Modric? A inteligência, o jogo, o passe feito uma crônica! O cérebro de Modric tem a forma de bola ou há ramificações em seus pés! Lúcido, criativo, dínamo da equipe. Parece ser tão diferente, inalcansável. O corpo pequeno percorre todo o campo. Está sempre livre para receber a bola, dar passe, correr para receber de novo, fazer o drible, dançar com o adversário e transformar, num chute certeiro, a jogada em gol. O segundo gol contra a Argentina foi assim.
Luca Modric, 33 anos, baixinho - é maior que Messi -, é o mais completo jogador de meio-campo neste momento. Contra o Grêmio, na final do Mundial, controlou o jogo, determinou o ritmo e confirmou que de coadjuvante não tem nada. Cristiano Ronaldo é a estrela. Kroos, o pulmão e o Sérigo Ramos... deixa prá lá! O jornalista português Freitas Lobo já definiu Modric assim: "Sabe dar cada toque, cada passo, cada passe e sabe como se deve pisar num relvado e tratar uma bola. Com sabedoria tática e carícia técnica".
A vida foi díficil para Luca Modric. Aliás, há tantas histórias belíssimas de superação, de resistência nesta Copa. Vale a pena descobrir. Teve que abandonar, aos seis anos, sua casa, sua terra, foi refugiado e perdeu o avó em consequência da guerra. O futebol o salvou. Saiu do Dínamo de Zagreb para o Tottenham e daí para o Real Madrid. Já foi chamado de Cruyff dos Balcãs. Nada mais do que perfeito. O campo é redondo para Modric. Ele gosta da bola, do movimento, do gol, do passe. A explicação para seu jogo é intensa e singela: 'quem sobrevive numa Liga na Bósnia, pode ser jogador em qualquer parte'. Tão verdadeiro, tão real, Luca Modric é o meu craque nesta Copa. Só perde o título, se Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo, De Bruyne desfilarem com a taça, com a artilharia ou transformarem seus times em esquadrão, o que Modric faz com a Croácia.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

O gol da Copa!

 

"O gol não é uma simples palavra; é um grito sem fim de amor e dor.  Goooolll!"
Os panamenhos mostraram que Armando Nogueira esqueceu da paixão. Um gol é maior que a vitória quando é paixão"

Mauro Pandolfi

Já escolhi o gol da Copa. Não é o gol estético, preciso de Cristiano Ronaldo. Nem o da inteligência apurada de Modric. Muito menos o balé bem ensaiado da Bélgica finalizado por Lukaku. Nem pensei no chute oblíquo de Philippe Coutinho.  Não cogitei a fúria de Kroos, craque de um time que nunca desiste. Todos golaços que serão lembrados quando contarem a história desta Copa. O gol  escolhido é o que reverencia o espírito do jogo. O que transforma a derrota em nada. O gol do prazer em ver o jogo, em comemorar uma façanha.  O meu gol é de Felipe Baloy. O Panamá foi goleado, triturado, desclassificado por uma Inglaterra poderosa comandada por  um artilheiro fantástico: Harry Kane. Mas, para aqueles torcedores de vermelho o resultado é um detalhe insignificante, menor, inexistente. Eles vibraram com gol feito os vencedores da partida. Deram a lição que a Copa do Mundo não é uma guerra simulada. É uma festa onde o que vale é a cor da camisa, não a da pele; que o canto é de alegria, não de desafio; que o olhar ríspido é o da luta intensa em busca da vitória, não de ódio. Poxa! Eu que não sonho, perdi a esperança e não tenho utopia, me perdi no devaneio de um mundo melhor é possível. Pena que um jogo dure apenas 90 minutos, o que para o mundo é nada.
O tempo passava devagar, bem preguiçoso. A goleada estava consolidada, arrebatadora, definida. A Inglaterra sem pressa já poupava seus jogadores. Seus torcedores entediados esperavam o final do jogo. Os do Panamá estavam tristes, desiludidos, silenciosos. Mas, um lance mudou o espírito. Nada que ameaçasse a vitória britânica. A bola cruzou a área, atravessou uma barreira humana. Atrás dela, um corpo desliza ao encontro da bola. O toque de Felipe Baloy não virou um gol qualquer. Não mudou o resultado, não classificou o Panamá. Virou festa. Uma festa que lembrava título. O gol de povo, de uma nação, de um sonho, de uma esperança. A presença na Copa já era uma utopia. O treinador Gomez ria feliz. A torcida pulava, cantava, vibrava juntos com os jogadores. Baloy misturou-se a eles. O abraços dos amigos, dos parentes virou a grande imagem de sua carreira. E, o futebol mostrou o seu melhor lado 'auto-ajuda': 'o sucesso tem o tamanho do nosso desejo. Não do desejo dos outros'.
Felipe Baloy é um quase anônimo jogador de futebol. Zagueiro técnico e rápido, não deixou saudades nos gremistas. Seu bom jogo não resistiu a mediocridade daquele time que foi rebaixado. Virou até piada. Injusta piada! Depois do Atlético Paranaense o perdi de vista. Reencontrei no álbum de figurinhas da Copa. Quase não o reconheci. Veterano, careca, com barba. Está marcado lá: Felipe Baloy, 37 anos. O gol o deixará eterno, pelo menos para os panamenhos, ou para os gremistas que reverenciam até quem os fez sofrer.
Um homem comum jogando com as estrelas. É a imagem que tenho de Baloy. Não vi nenhum candidato a mito ir abraçar os torcedores. Ele não representava ninguém. Baloy é um torcedor. Fico imaginando o futuro, lá por 2042, a cena é uma cidade do Panamá. O pequeno menino entra correndo em casa chamando pelo vovô: 'Vai começar a Copa, vovô! Me conta uma história de futebol?'. O homem abraça o netinho, coloca em seu colo e pergunta: qual delas? O garoto sorri e diz: a que você virou herói? Não percebe as lágrimas e começa: 'Foi num domingo, lá por 2018...' Este é o destino de alguém que deixa uma marca na vida. Não precisa grandes feitos, vitória imensas. Basta a paixão!

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Nem Sansão, nem Dalila

 

"..Cabelo pode ser cortado. Cabelo pode ser comprido. Cabelo pode ser trançado. Cabelo pode ser tingido.
Aparado ou escovado. Descolorido, descabelado. Cabelo pode ser bonito. Cruzado, seco ou molhado..."
Arnaldo Antunes jamais imaginou que cabelo fosse fetiche de jornalista esportivo. Neymar, Ronaldo, Cristiano Ronaldo, Fernando Redondo, Paulo César Lima e Afonsinho quase tiveram as 'madeixas' escalpeladas por moralistas e conservadores furiosos.

Mauro Pandolfi

"Vaidoso, egocêntrico, arrogante, diva. Esquece do jogo e olha o telão do estádio para ver como está o cabelo. Pinta as unhas do pé, cuida do corpo ao invés de treinar. Metrossexual!" Está crítica poderia ser para Neymar. Mas, o adjetivo 'metrossexual' - já em desuso - idêntifica o alvo. O exemplo de dedicação, de profissionalismo, de seriedade, Cristiano Ronaldo, já foi execrado assim. E, não faz muito tempo. A maior parte 'conceitual' das críticas acima sobre o craque português é do jornal alemão 'Blind', durante a Eurocopa de 2016. O restante está espalhado pela internet. O jornalismo esportivo quase nada difere do de fofocas. Os dois principais portais do país dividiram o noticiário da seleção brasileira em dois assuntos: a lesão de Neymar, que abandonou o treino, e o novo corte de cabelo do camisa dez. Às vezes, acho que o de fofoca é mais sério que o esportivo.
Não há meio termo com Neymar. Neste tempo de saudosos de uma ditadura é uma relação bem anos de chumbo: 'ame-o ou deixo-o'! Sou fã de Neymar. Considero o mais fantástico craque pós o tri de 70. Mas, não ignoro quando joga mal, quando está alheio ao jogo, quando é um mero cavador de faltas ou um firuleiro irritante. Não ligo, não me interesso, com a sua vida fora de campo. Acho divertido a sua ousadia 'pop', com os cabelos coloridos, descoloridos, cortados rentes ou  como uma espécie da 'calopsita'. As chuteiras coloridas, performáticas, bonitas, parecem - na bela imagem de Chiko Kuneski - terem asas.. Faz parte do show! Não são mais simples 'boleiros', são estrelas do 'maior espetáculo da terra'. Mais divertido é a fúria moralista contra o 'mau comportamento, a falta de profissionalismo, os exageros das festas, a extravagância financeira, a arrogância do jovem, a imaturidade, pedem até gerenciador de carreiras'. Lembram as 'velhas fofoqueiras', que ficavam nas janelas espiando os moradores, nas antigas novelas de tevê. Ignoram tudo numa grande vitória. Basta um mau resultado, o 'bafafá' está feito.
Neymar foi comum contra a Suiça. Banal feito um Taison. Não liderou a seleção, nada criou, nem chutou a gol. Sofreu e cavou faltas. Nada mais que isto. O futebol do Brasil se desintegrou, liquefez. Nada lembrou a solidez das eliminatórios. O jogo vibrante, insinuante, rápido, compacto ficou na lembrança. Tornou-se um time dependente de Neymar. Ele não é só centro. É a equipe! Tudo deve passar por Neymar. Carimba as jogadas, os passes, os movimentos. O Brasil  virou Portugal, que sonha com Cristiano Ronaldo; uma Argentina, que desespera-se com Messi. A 'esperança', o desejo, que tenha sido a tensão da estreia, a ansiedade de um treinador que parecia perplexo, o medo da lesão em Neymar, o fantasma do 7 a 1. Como diziam os velhos poetas:' quem viver, verá!'
Mo Salah inesxistiu. Neymar, também. A Copa é uma competição para os 'inteiros'. A intensidade do jogo pede um corpo mais que perfeito, na sua total amplitude. Não há sucesso para quem vem de lesão (seis jogadores - Fágner, Filipe Luís, Renato Augusto, Fred, Douglas Costa e Neymar vem de lesão ou estão lesionados. Seis num universo de 23, sendo três goleiros). Com cuidado extremo, evitando choques, disputas, chutes a gols, o hexa vai sendo adiado, ficando no imaginário. Aí, não adianta brincar de Sansão ou Dalila. Cabelo, cabeleira, careca, descabelado, cabeludo não inventa o título, nem dá volta olímpica e nem tira foto com a taça.

domingo, 17 de junho de 2018

Os duelistas


"As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida".
A poética de Mário Quintana é um belo retrato de minha frustração com os mitos modernos do futebol. Lionel Messi e Cristiano Ronaldo nunca jogaram juntos, nunca trocaram um passe, nunca se abraçaram depois de um gol. Vivem a vida em um duelo de poesia, como se fossem metades de uma bola.

Mauro Pandolfi

Pênalti! Onze metros para o fuzilamento. A bola, o gol, o goleiro, o matador. A rede da trave não é de proteção. É do balanço que encanta as almas dos amantes do jogo. Os lances são idênticos,  quase iguais. Olhares diferem os duelistas.  A certeza e o medo. Há  tempos que Cristiano Ronaldo e Lionel Messi travam um duelo de genialidade, eficiência, imortalidade. Desta vez, Cristiano Ronaldo venceu. Marcou três gols em De Gea, para alguns o melhor do mundo. Messi perdeu para um goleiro que dirige filmes. Olhando a batida, a defesa, fico em dúvida:  mesmo mostrado ao vivo para o  mundo, suspeito de uma montagem do diretor! Não estou convencido do erro de Messi. Em tempos de teoria de conspiração, contribuo com esta.
Cristiano Ronaldo tem a leveza de um pássaro. Flutua, voa, sem pressão. Todos querem ver o seu jogo. Ele flui em campo. Anda pelos lados, pelo centro, toca a bola com a certeza do passe, do gol. O futebol  em Cristiano Ronaldo é um jogo de acertos. E, como acerta. É trivial marcar de  pênalti. Incomum é o erro de De Gea no segundo gol. Genial foi a cobrança da falta. Do olhar de águia, do suspiro mágico, precisão, da bola em curva, da rede balançando, do rosto feliz. O tempo aprimorou Cristiano Ronaldo. A intensidade do jogo substitída pela inteligência. Ele não é só o maior finalizado da história. A Copa pode transformar Cristiano Ronaldo no maior de todos os tempos. Ou, no mínimo, o herdeiro legítimo de Pelé. 
Lionel Messi também lembra um pássaro.  Mas, não tem leveza no vôo.  Suas asas carregam um país, uma obsessão, uma injusta comparação. O defeito de Messi é sua genialidade. Acreditam que a sua presença é o sufciente  para vitória. Não importa o time, a organização, os parceiros. Basta Messi. Há quatro copas que é assim. Há quatro copas que a Argentina fracassa. É também o fracasso de Messi. O ferrolho islandês, este moderno sistema defensivo de fechar a área, roubar todo espaço, a retranca retrô, anula o movimento ofensivo de toques curtos, rápidos, bonitos. Sampaoli tirou Messi de perto gol. Aos invés de jogar atrás da última linha, o o colocou na frente da segunda. Sampaoli não errou. Era a única chance de talento, vivacidade, imaginação, lances ofensivos de seu time. A vitória esteve nos seus pés. As faltas foram parar longe, sem perigo. O pênalti já estava perdido no seu olhar. Não havia confiança. Havia o medo. O futebol em Messi é um jogo de acertos e erros. Contra a Islândia, errou.
Cristiano Ronaldo foi estupendo. Lionel Messi foi comum. Portugal e Argentina tiveram o mesmo resultado. Um empate heróico e um empate devastador. Todos esperam Portugal nas oitavas. Muitos desconfiam da Argentina na próxima fase. Cristiano Ronaldo já fez o suficiente nesta Copa para ganhar mais uma vez o prêmio de melhor do mundo. Quase ninguém acredita em Portugal. O título será uma surpresa maior que a Eurocopa. Uma façanha que nem o gigante Eusébio conseguiu. De Lionel Messi espera-se apenas o título. Pode vencer os 'os outros duelos' contra Cristiano Ronaldo. Pode fazer muitos gols. Transformar a 'água em vinho', subverter a lógica do fracasso, inventar um finalista. Se não for campeão, será um símbolo da derrota. Para os argentinos sempre menor que Maradona, Kempes...

terça-feira, 12 de junho de 2018

...A primeira!



"Tudo é inverossímil enquanto não acontece pela primeira vez. Quem há de acreditar em coisas que ainda estão por vir?"
Charles Bukowski é o poeta que entende a alma de um jogador. Não importa se é de poquer ou de futebol. O primeiro título é indecifrável, mágico, quase inverídico. O espetacular Hazard acredita que a Bélgica pode buscar o impossível.

Mauro Pandolfi

Quem vai ganhar a Copa? Rai Carlos, meu amigo vidente cego, não quis confirmar. Foi enigmático na resposta. "Está entre quem luta pela primeira vez vencer e quem tem a receita perfeita para perder!" Não precisa ser especialista em charada para decifrar a frase de Rai. Bélgica e Argentina?, perguntei. 'Você que está dizendo. Não sou eu! Mas, pense, reflita, análise, que entenderá o que eu disse". Bebeu calmamente o gim, deu um abraço e foi embora. Copa do Mundo é um diamante raro no mundo do futebol. É o ápice do esporte. Jogar já seria o suficiente. É o máximo para o Panamá e o Irã. Pouco importa para o Brasil e Alemanha apenas participar. Só a vitória torna o evento glorioso, inesquecível, para sempre.
1958. O Brasil levou 20 anos para ser campeão. Lêonidas da Silva assombrou o futebol em 1938. Mesmo jogando com a chuteira rasgada, o 'Diamante Negro' foi o craque da Copa. O já fantástico Brasil ficou em terceiro. A guerra impediu os mundiais de 42 e 46. Em 1950, as 'toruradas de Madri' invadiram o Maracanã. Zizinho era um mestre na arte de jogar. Obdúlio Varela conduziu um improvável Uruguai ao título. Pelé, o menino Édson, cumpriu a promessa que fez a o pai Dondinho. O resto da história todos sabem.
A França levou décadas para entrar na galeria dos campeões. Nem em 1958, o timaço de Just Fontaine, nem o quarteto de dez de Paltini, Giresse, Genghini e Tigana conquistou o título em 1982 e 1986. Faltou pouco, quase nada. A honra coube a França multirracial comandada por Zinedine Zidane em 1998. A Espanha esperou um pouco mais que os franceses. Sempre candidata. Para ganhar a Copa juntou a melhor geração de sua história. O extraordinário Iniesta foi o condutor da vitória. Já a Holanda desperdiçou seus vários talentos. Nem Cruiff, nem Van Basten, nem Berkamp, nem Robben levaram o título para casa. E, agora, os holandeses vão ver a Copa de casa. Como é cruel o futebol!
Chegou a vez da Bélgica? A melhor geração em uma Copa. Uma espinha dorsal magnífica, de estrelas de primeira grandeza. Começa em Courtois, passa por Kompany, chega em Hazard, brilha em De Bruyne e se transforma em gol com Lukaku. E, se a coisa não funciona, há sempre Fellaini, uma espécie de Jael. 'Os deuses do futebol' adoram estes 'craques'. A Bélgica é uma síntese da mistura racial que forma a atual Europa. Há os filhos de imigrantes, de estrangeiros, os belgas, todos formando um esquadrão espetacular, o time da 'moda', o favorito de quem ama o jogo, dos especialistas, dos curiosos, como eu. Cuidado com a Bélgica, Tite!
César Luís Menotti não era um técnico comum. É um homem culto, leitor de Borges, fã de Piazolla, de posições políticas firmes. Porém, cometeu o mesmo equívoco que qualquer Lazaroni ou Parreira cometem. Deixar um garoto de fora. E, não um menino qualquer. Era Diego Armando Maradona. No entanto, Menoti ganhou a Copa. 1978 é um dos mundiais mais complexos, duvidosos, conturbados da história. Maradona carregou a Argentina em 1986 e o impediram de vencer em 1990 e 1994. Lionel Messi tenta mais uma vez entrar no coração dos argentinos. Busca a consagração. Só a Copa dará o verdadeiro valor que Messi tem. Tomara que os 'deuses do futebol' abandonem a crueldade com os gênios.
Um time desorganizado, afoito, perdido, com estrelas decadentes mais famosas do que talentosas, confuso, brigado com a imprensa, um treinador - Sampaoli - acusado de assédio, brigas internas, convocações duvidosas, sem confiança dos torcedores, no grupo mais difícil da Copa. Eis a receita do fracasso, da eliminação da primeira fase. O mesmo cenário da Itália de 1982 e da França de 1998. Será que a história se repete como farsa ou como glória? Ah, a Argentina tem Lionel Messi. Ele é o dono do jogo. Será que o sorriso de Rai Carlos quando citou o 'time que tem a receita para perder' é um sinal de vitória?

sábado, 9 de junho de 2018

A última...

 

"Quantas chances desperdicei, quando o que eu mais queria era provar para todo o mundo que eu não precisava provar nada para ninguém"
O belo verso de Renato Russo parece escrito para Lionel Messi. O seu jogo não precisa de uma Copa do Mundo. A taça é apenas um troféu, nada mais.

Mauro Pandolfi

O olhar de Lionel Messi me impressiona. Parece perdido, alheio. Olha para um horizonte distante procurando uma saída ou solução. Um olhar que se modifica numa cobrança de falta. Ali, é centrado, feito mira, compenetrado. Nada o distrai. Messi é o craque com olhares mais intrigantes que vi. Aéreo feito Garrincha. De águia, como Pelé. Melancólico, como Diego Maradona. Vi este olhar, outra vez, numa foto esta semana durante um treino da Argentina. Jorge Sampaoli conversava com os jogadores. Seus gestos indicavam uma jogada, um posicionamento ou um lance. Todos prestavam atenção ao 'chefe'. Olhares fixos. Todos, menos um! Lionel Messi. Não prestava atenção. Olhava o nada. Sabe o que precisa fazer para levar a Argentina ao título. Tudo! A Argentina é ele e mais nada. A Copa da Rússia é a última chance para erguer a taça, dar volta olímpica e ser reconhecido como o maior de todos. Ou, no mínimo, do mesmo tamanho de Pelé e Maradona.
Não vou torcer para a Argentina. Vou torcer para Messi. Ele merece o título. Ninguém joga tão bem o futebol como ele. Tem a magia, a poesia, o encantamento de um menino com a bola. É um prazer vê-lo brincar a bola. E, eu que detesto a expressão 'futebol arte', uso para definí-lo. Lionel Messi é um artista. Um Picasso em seu gols plásticos que deveriam ser 'pendurados' nas paredes de um museu. Seus dribles tem o compasso, a elegância, a virulência de um samba de Paulinho da Viola. Ou, como é argentino, a cadência de um tango moderno de Astor Piazolla. Messi é o melhor herdeiro de Pelé. Tão completo como o Rei. Tão majestoso. Ou, como diria o velho compositor baiano, 'a sua melhor tradução'. Messi merece ser campeão do Mundo.
Como Messi entrará na história? Feito Pelé e Maradona? Mitos e sinônimos de futebol? Como um Romário e Garrincha, homens capazes de ganhar um título quase solitariamente? Ou, como Cruyff, Puskas, Zico, Platini? 'Derrotados'! Porém, mais vencedores que os medíocres que carregam nos seus currículos um título mundial. Seus os 'deuses do futebol' tiverem compaixão, Lionel Messi será coroado o gênio maior da bola. Afinal, ganhar com aquele time ruim da Argentina ao seu redor é obra de um milagre. E, que  aconteça o milagre!

quinta-feira, 7 de junho de 2018

As minhas Copas

 

"...Percebam que a alma não tem cor. Ela é colorida. Ela é multicolor. Azul, amarelo, verde, verdinho, marrom..."
Assim como a 'alma' de Karnak, a bola na Copa do Mundo não se apaixona pela cor da camisa. Se apaixona pelo encantamento que a camisa produz.

Mauro Pandolfi

Estava ansioso com a Copa. No meu álbum faltavam a maioria das figurinhas. Era uma escolha que precisa fazer com o pouco dinheiro que tinha: Figurinhas ou Placar? Sempre preferi a Placar. Comprei todas naquele 1974. Sabia tudo sobre as seleções da Copa. Conhecia Lato, queria ver Cruyff e não entendia a ausência de um garoto chamado Zico. Nem os jogos com os amigos de time da rua, nem os deveres de aula, os estudos, nem cuidar do Márcio, nada me afastava da tevê na hora dos jogos.  A mãe já tinha entendido e não pedia para ir ao armazém. O futebol era mais importante. Descobri a beleza do jogo. A cor da camisa não dizia nada. Vi a laranja ser mais empolgante, mágica que o amarelo pálido do Brasil. Perdi o 'nacionalismo, o patriotismo' ali. A Holanda parecia a gente jogando. Todos ao mesmo tempo de uma vez só. O gol era a nossa obsessão, vira em três e termina em seis. Como pensar em defesa? Fomos Holanda contra o Brasil na casa do Bolacha.. Pulamos, vibramos e irritamos o seu Jeremias, pai do Bolacha. 'Piás de merda! Torcendo contra o país!', bradava raivoso.  Ninguém ligou. Durante algum tempo fomos holandeses. Repetimos os movimentos. Éramos Rep, Krol, Resembrinck, Neskens, Cruyff em nossos devaneios, nas brincadeiras, nas risadas. Não sei se os meus velhos amigos de Copacabana lembram disto? Nem sei onde estão? Às vezes, fico em dúvida se tudo não foi um sonho meu?
Estava ansioso com a Copa. 82 ainda marcava a alma. Seria a primeira Copa como jornalista. Não fui ao México. Fiquei na redação do Diário Catarinense. Escrevi muitas matérias. De economia ao futebol. Perdi uma aposta para o tempo. Achava que uma seleção africana seria campeão do mundo em três ou quatro copas. Enganei-me! Por algum motivos os africanos não deram o passo seguinte. Sempre ficam pelo caminho. O bom jogo da fase de grupo vai se diluindo até se desintegrar nas quartas. Fui o 'setorista' da Argentina. Acompanhei o dia-a-dia dos amigos de Maradona. Com o grande Pedro Hasse desenhei a página da finalíssima. Me senti um editor. México, 86, seria a primeira Copa de muitas. Enganei-me, mais uma vez! Foi a única. A vida é uma estrada, com atalhos, surpresas. Numa destas curvas, larguei a profissão. Fui fazer outras coisas e não deixei vestígios no jornalismo. Só um sentimento, às vezes, me pega de surpresa: o que teria acontecido se não tivesse entrado naquela curva?
Tantas copas passaram. A última que me marcou foi a de 98, na França. Não foram os jogos, nem Zidane, nem o incrível  'fracasso' do jornalismo - não existe jornalismo quando o assunto é a seleção brasileira. Há torcida! - que não sabe até hoje o que aconteceu com Ronaldo, nem um time da África. Foi assistir os jogos com o André no colo. Recém nascido, ele é de maio, dormia atravessado no meu peito. Sentado no sofá, bem largado, estirado, aconchegado, coração com coração, assistia, quase em silêncio, para não acordá-lo. Foi um dos momentos mais felizes da vida. Revivo em meus sonhos, nas lembranças, na saudade, nas fotos. O meu craque daquela copa foi o André!
O tempo traz as copas e a vida vai voando. A ligação que tenho com elas são os álbuns de figurinhas e nada mais. André e Pedro colecionam desde de 2002. Até madruguei para ver alguns jogos daquele Mundial. André e Pedro não gostam de futebol. André, ainda, rende-se a Copa. Assiste, torce. Pedro ignora. Prefere jogar em seu notebook. Num sábado destes entramos numa banca de revistas em busca de figurinhas. Enquanto compravam, aproveitei um banquinho e olhei as revistas expostas. Nenhuma de futebol. Olhei, mexi, vasculhei as de ...culinária! Molhos de massas, saladas, tortas, carnes, risotos. Perplexo, pensei olhando para dentro, para o vivido e o que ainda vem, refleti: o que a vida fez comigo ou o que eu fiz com a minha vida?

terça-feira, 5 de junho de 2018

Derrota

 

"Só três pessoas calaram o Maracanã com um gesto: Frank Sinatra, o Papa e eu!"
Ghigia não só calou como 'inventou' o moderno futebol brasileiro. Ao ver o pai Dondinho chorando, ganhar o Mundial virou obsessão, desejo e promessa de um menino chamado Édson.

Mauro Pandolfi

Eu sou um perdedor.  Nem sempre é ruim. Tanto faz na vida  ou no futebol. Às vezes, a derrota é fundamental para abrir a mente, abandonar os conceitos, rejeitar os preconceitos, eliminar a certeza, destruir a coerência, descobrir a 'magia'. Perder te tira da zona do conforto. Faz encarar o labirinto de maneira lúcida. Requer saídas, soluções, pensares. Bom, é para quem não se conforma com a derrota!. Quem se conforma, paciência! Grandes seleções do futebol foram derrotadas. Brasil inventou um futebol para fugir de 50. Holanda ainda procura superar 74. A Hungria, parece que desisitu do futebol, nunca mais conseguiu ser o que prometeu em 54.
'Anatomia de uma derrota', o livro de Paulo Perdigão, mudou alguns conceitos que tinha sobre futebol, a sua história e seus mitos. O livro disseca tudo sobre a 'grande tragédia' - o termo usado como se fosse um teatro. É teatro! O teatro de grama e paixão! ´- o infortúnio, o complexo absoluto de inferioridade. Fracassamos diante de nós. Nada mais falso do que isto. O Brasil perdeu a Copa e partiu em busca da modernidade, do futuro que prometia grandioso. A derrota salvou o futebol brasileiro do amadorismo. Há uma reestruturação profunda. O húngaro Bela Gutman é contratado pelo São Paulo para fazer uma 'revolução'. E, fez!. O anacrônico WM é substituido por uma nova estratégia de ataque e defesa (o 4-2-4), de pensar o jogo, de obsessão pela vitória. Seu auxiliar Vicente Feola assume a seleção brasileira. Ele teve a ousadia que mais nenhum técnico teve neste país: levar um menino de 17 anos para a Copa. Pelé já era o 'Rei Etíope' na definição de Nélson Rodrigues em 'Sombra das chuteiras imortais'. O resto da história todos sabem.
Mas, se o Brasil tivesse ganho a Copa de 50? Será que o menino Édson faria a promessa ao pai Dondinho? Deixaria Bauru para ir ao Santos? O futebol ainda seria o romântico WM? Teria ganho o tri (58, 60, 70? São perguntas que nunca terão respostas. Assim como a Copa, a vida não tem returno. Passa rápida ou lenta, às vezes, voa, mas é única. As derrotas são corrigidas por quem não tem medo de ousar, de arriscar, de perder outras vezes. Está é uma lição que o futebol me deu. Lição que às vezes, feito aluno relapso, deixo de fazer.
2014 não é 1950. O Brasil já tinha perdido o romantismo. Um país mais árido, ríspido, desconfiado. A visão do 'futuro promissor' já tinha sumido do horizonte. As grandes manifestações de 2013 não fizeram 'a primavera'. Tudo continuou igual, cada vez pior. O futebol já não era a paixão nacional. O time de Felipão era pálido, sem alma, sem paixão. 0 7 a 1 não foi uma 'tragédia' como 50. Não teve a dor da massa no Maracanã. Segundo Carlos Heitor Cony ouviu dezenas de pessoas na saída do Maracanã em 50.  'Cada um tinha a sua visão do que acabará de acontecer. Nenhuma era igual a outra. Todas diferentes. Como acreditar que isto tudo aconteceu?', refletiu no prefácio do livro de Paulo Perdigão. Não tornou-se drama e nem angústia. Virou chacota, piada, memes, gozação, zoeira. Não teve Barbosa - o que é um significativo avanço - e nem violência. Não provocou nenhuma revolução no futebol. Tudo continouu igual, cada ver pior. Foi somente uma derrota, uma goleada retumbante, que de tempos em tempos, acontece no futebol. Apenas, humilhação! Gabriel Jesus pintou a sua rua, em 2014, de verde e amarelo. Será que prometeu  o título de 2018 para a sua mãe?