quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O símbolo



"Uma vez, andando na rua, uma mulher puxou o seu filho pela mão e disse a ele, me encarando: este é o homem que fez o Brasil chorar.  Eu pago esta pena há muito tempo".
Os gremistas econtram o seu Barbosa moderno. Bressan será 'devorado' com a crueldade que o futebol oferece.

Mauro Pandolfi

"Bressan! Os gremistas nunca esquecerão este nome. Entrou para a história do Grêmio contra o River. Não como um herói ou mito, como os que pessoas veneram neste tempo. Como um símbolo de uma derrota. Um jovem que será execrado por uma péssima noite. Exatamente igual o que aconteceu com Cláudio Radar num grenal nos anos 70. Radar foi driblado à tarde inteira por Lula, que era um vértice agudo de um triângulo, mais do que amoroso, com Paulo César Carpegiani e Vacaria. Os gremistas 'caçaram' o infeliz Cláudio. Nunca mais vestiu a tricolor. Foi para o exílio em Lages, onde ficou até morrer no anonimato. Não tem os seus pés na Calçada da Fama e nem nas fotos que embelezam a Arena. Aquela tarde aniquilou a carreira promissora e ele se tornou um pária no mundo da bola. Bressan terá o mesmo destino. Como é cruel o futebol! Cada clube tem o seu Barbosa. O Grêmio moderno achou o seu. Bressan! Os gremista nunca esquecerão este nome
Eu gosto de Bressan. Gosto da bravura, da vontade, da vibração, do amor que veste a camisa do Grêmio. Parece um torcedor. Oferece a alma e a vida pelo time. Nunca se entrega. Talvez, seja o seu erro. Se expõe, se oferece, se humilha, perde quase sempre. Será devorado com muita crueldade. Inteiro ou em partes. O desespero ao perceber a expulsão é um momento grandioso de um homem aniquilado. Protestou, brigou, ficou enlouquecido, chorou. Viu a 'morte'. A saída de campo é igual a entrada em um matadouro. Foi o gesto final. Eu gosto de Bressan! Eu sou um Bressan na vida. A história cheia de derrotas (em três dias, duas derrotas fatais), de eternos recomeços, de 'exílios'' voluntários para se reconectar com a vida, de superação. História de muitos brasileiros. Não acredito que Bressan terá uma outra chance no Grêmio. Vai Bressan, ser um Claúdio Radar na vida!
Ficou fácil explicar a derrota. Tem Bressan e o Var. Erros que justificam a vitória do River. É a simplificação que o futebol aprecia. O erro do Grêmio foi onde o Grêmio é imenso. Renato Portaluppi é o criador de um time mágico, o melhor que vi. O mais encantador. Aquele que ama a bola. Que torna o jogo um momento poético. Renato desistiu daquele Grêmio. Nunca foi tão 'Gaúcho' como contra o River. Esqueceu de jogar. Deu a bola, o campo, ofereceu espaço, permitiu a movimentação, deixou o tempo livre e perdeu. Foram escolhas erradas na escalação e no banco. Não há motivo que explique Douglas e Marcelo Oliveira. Gratidão? Uma placa, um bônus, um desejo de boa sorte em outro clube. É o suficiente, justo!
Matheus Henrique e Jean Pyerre, os jovens cheios de talentos, ficaram esquecidos. Igual ao que aconteceu com Anderson e Lucas Leiva numa batalha histórica. Ficamos aflitos durante o jogo. Esta partida é uma lição para Renato. Ele não é Mano Menezes. Aquele que ama o regulamento, o pragmatismo, a sofrência e o resultado. Nunca mais tente ser Mano Menezes, Renato, e nem 'Gaúcho'. Seja Portaluppi, aquele que ama o futebol. Que sempre apostou na beleza do drible, do encantamento do passe e do prazer do gol.


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Sócrates!