terça-feira, 25 de setembro de 2018

Luka!

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Senhor Retranca

 

"Não temos nenhuma obrigação de atacar. Somos apenas o Juventus, o pequeno time da Mooca, então para que se preocupar?".
Era com esta maneira singela, simples, que Milton Buzetto explicava a sua ideía de futebol. Naqueles anos 70 era chamado de retranqueiro. Hoje, seria um treinador moderno no atual futebol brasileiro que adora atacar com covardia.

Mauro Pandolfi

O futebol é mais que a minha auto ajuda.  É a minha válvula de escape. O lugar onde recupero a sanidade quase perdida nestes tempos que flerta com obscurantismo. Mas, ando negligenciando com futebol. Deixei meio de lado neste setembro chuvoso. Tenho visto apenas os jogos do Grêmio. Quando penso que o belo futebol do Grêmio já é passado, Renato Portaluppi reinventa o jogo. Ele é um mago. Mas, o assunto não é a minha paixão. É a tristeza com a notícia da morte de Milton Buzzeto. O treinador que faz parte de minha infância, dos torneios de jogos de botões, da revista Placar, dos jogos ouvidos no rádio da sala. 'Parece o Juventus do Buzzeto. Sai da retranca!', era que se ouvia nos jogos do Vermelhão, nos botões, nas peladas de rua. Milton Buzzeto era sinônimo de futebol feio, mal jogado, de chutões, de vitórias impossíveis. Milton Buzzeto era o 'Senhor Retranca!'. Hoje, no futebol jogado no Brasil, seria um treinador moderno.
Duas linhas de quatro. Campo reduzido. Marcação individual que se tornava de zona. Rapidez nos contra- ataques. Bola aérea. Correria entendida como velocidade. Descrição de um time de hoje. Bem parecido com o Inter de Odair Hellman ou o Cruzeiro de Mano Menezes. Era assim que jogava o Juventus da Mooca. 'Amigo, meu time não joga na retranca, Apenas sei o que posso exigir de cada jogador', explicação que encontrei numa velha revista Placar, número 177 de agosto de 1973, uma bela matería de Michel Laurence. Há grandes achados na reportagem, como a explicação que irritava os craques da época. "Você viu, não tem mistério. O segredo é só marcar o homem e não a bola. Ali, antes de adversário receber, a gente mata a jogada. Isso irrita, não é?" Bem moderno, não acham?
Gosto do texto da revista. Michel Laurence é preciso na apresentação. "Com seu jeito de bandido de filme italiano, puxado para o mafioso; as calças sempre caídas na frente; um cigarro ou cigarrilha entre os dedos; olhos de um verde claro, que inspiram sinceridade,ninguém pode adivinhar que esse hoemem seja o responsável por tamanha revolução no futebol paulista". Fracassou no desesperado Corinthians na tentativa de ganhar um título. Virou 'cigano' da bola. Treinou em vários estados. Nunca mais se destacou. Deve ter descoberto que a retranca é só um engano. Ah, teve uma passagem meteórica no Marcílio Dias.
O tempo passou, o futebol mudou, Milton Buzzeto sumiu, desapareceu, nem lembrança virou. O redescobri com a sua morte, aos 80 anos, na segunda feira. Fiquei triste. Lembrei dos meus tempos de menino, dos jogos de botão, da Placar, de ouvir Mauro Pinheiro reclamando da retranca ('o anti futebol', dizia ele). E, num 'exercício' de imaginação, perguntei aos meus botões: quem seria Milton Buzzeto, hoje? Um respondeu. Mano Menezes. Outro, Odair Hellman. Um terceiro disse que não podemos esquecer Celso Roth. Mas, Celso Roth já não é um Milton Buzzeto? Está sumido, desaparecido, ausente...

sábado, 1 de setembro de 2018

Simbiose


Chiko Kuneski

Tentei tirar a camisa do time
Mas, teimosa, não me quis despir
Alegou o grude do suor
Do nosso suor
Apertou-me com o amargor da derrota
Aliviou-me no insosso empate
Desalinhou-se com a doçura da vitória
Sempre grudada
De nada isso lhe importava
No fundo, bem no fundo
Eremos um só nos poros de nossos tecidos
O suor da paixão nos unge
Adormeci com ela
Eu suado, ela suada
Sonhando com esse amor que molha a alma
Incondicional