sábado, 30 de setembro de 2017

Vilão da vez

 

"A pena máxima no Brasil é de 30 anos, mas pago há 50 por um crime que não cometi".
Frase dita por Barbosa, o goleiro do Brasil da Copa de 50, alguns meses antes de morrer. Qual será a pena de Muralha?

Mauro Pandolfi

O futebol é um jogo de poucos heróis. De muitos vilões. Um universo similar ao do cotidiano. Aceita-se tudo. Da canalhice do gol de mão, da ausência de ética ao simular uma falta, ao  impedimento sonegado, a catimba é  cantada em verso e prosa. A esperteza é glorificada. Não torna-se exemplo quando é pega em flagrante. Caso contrário, o malandro é glorificado. O futebol só não aceita a derrota. Não tolera perdedores. O jogo coletivo é derrotado por um só homem. Aquela falha tem uma tatuagem marcada no lombo. Barbosa nunca livrou-se dela. A desta semana é de Alex Muralha. O goleiro que escolheu um lado. Pulou em todas as cobranças de pênalti no mesmo canto. E viu a rede balançar cinco vezes. Não importa se  Fábio defendeu o chute do 'craque fantasma' Diego. Foi Muralha que perdeu o título. Leia os jornais, os blogs, as redes sociais, escute os comentaristas, o vilão foi Muralha. O Flamengo será passado na sua vida. Ele será lembrado sempre. Talvez, até a  eternidade da memória ou até a falha de um outro goleiro. No entanto, nunca será esquecido.
Não acho Alex Muralha um grande goleiro. Nem quando brilhou no Figueirense. Via falhas de posicionamento, de saída de bola, de reposição. Sua colocação era perfeita. Salvou o time inúmeras vezes, de derrotas certas, do rebaixamento. Virou ídolo. Parecia mais, como dizem os gaúchos, que a 'atacava' a bola do que defendia. Inferior aos outros que passaram pelo Figueira. Não tinha a segurança de Volpi, a agilidade de Andrey, a elegância de Wilson, a flexibilidade de Édson Bastos ou a destreza de Gatito Fernadez. Gostava mais do visual. Aquele cabelo moicano parecia intimidar o atacante, ficava maior, mais feroz. A convocação para a seleção foi um exagero. Bom, todo técnico 'exagera' na convocação. Além de Muralha, Tite 'encontrou' Giuliano, Taison, Fred, Tardelli e o 'invisível' Diego.
Diego é o meu vilão da derrota do Flamengo? Não pensei nisto. Chamou-me a atenção o 'moderno sistema' de atacar com covardia dos treinadores. Venceu o regulamento. Algum tempo que Mano Menezes desistiu do ataque. E para minha surpresa, o Flamengo de Reinaldo Rueda nada tem de Atlético Nacional. Assistindo os jogos de todas divisões notei que os técnicos brasileiros estão descobrindo o 7 a 1. 'Trabalham' para uma derrota menor, suave, sem trauma, heroica. Vencer a 'Alemanha' ainda é uma fantasia distante.
Gosto dos perdedores. Eu sou deles. Admiro os 'vilões' que a bola marca. Cláudio Radar foi engolido por um trio infernal (Lula, Vacaria e Carpegiani) num grenal que não valia nada. Nada? Exilou-se em Lages até a sua morte. Seu nome está numa lista de fracassados que tem gente de porte, de história, de mitologia. Paulo César Caju foi execrado após a Copa de 74. Nunca mais voltou à seleção. Cada clube tem o seu vilão. O que falhou numa decisão, num clássico ou numa derrota vexatória. Entretanto, ninguém supera Barbosa. Após a final contra o Uruguai, andando na rua, foi reconhecido por uma mulher. Ela disse ao seu filho pequeno: 'Eis o homem que fez um país chorar!'. O futebol é cruel. Muito cruel. Crudelíssimo.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Desconstrução

 
"A desconstrução é um desejo desesperado de uma nova construção".
Espero que este 'ditado' anarquista não se refira ao Grêmio, pois a 'nova' construção no futebol gaúcho tem o olhar do velho, do arcaico, do obtuso, do rothiano.

Mauro Pandolfi

Durou pouco. Muito pouco. Quase nada o belo futebol do Grêmio. O jogo envolvente, sedutor, moderno foi um desvario de dois anos. Começa com Roger Machado e Renato Portaluppi torna a beleza estética em uma arma mortal, eficiente, demolidora, campeã. Nem parecia uma equipe brasileira. O Grêmio flutuava em campo. A bola rolava macia de pé em pé, sem pressa, insinuante. Avançava suas linhas, controlava o campo adversário, o encaixotava, provocava o erro, assumia o jogo, partia para o gol, a vitória era prazerosa, quase orgástica. Há momentos espetaculares neste período. O gols de um futebol de meninos, onde a bola é tocada, retocada, bailada de um lado a outro, numa posse de um minuto até se transformar em um gol espetacular. Há alguns assim, como o de Douglas, contra Atlético Mineiro ou de Luan, contra o Cruzeiro. Pena, que acabou. Triste. Muito triste. Melancólico. O Grêmio virou um poster, que procuro desesperadamente numa banca de revista, uma saudade, uma história, como as que meu pai contava sobre os grandes times. Ainda bem que tenho alguns jogos gravados. Em dias de saudades, assistirei tudo outra vez.
Não sei como se montam os grandes times. Alguns, com jogadores consagrados, os craques. Outros, na desesperança de muitos fracassos. O Grêmio de Roger e Renato foi assim. Saiu o mito Luís Felipe Scolari e Roger Machado é escolhido para evitar um novo rebaixamento. Sem dinheiro, sem nomes importantes, o Grêmio é moldado na dificuldade. Há um novo conceito de jogo e muitos garotos. Saiu o chutão. Entrou a posse de bola. Adeus ao jogo aéreo. Chegou a triangulação. A força bruta é substituída pelo jogo técnico, pensado, elaborado. Roger é um leitor profundo de Guardiola. Havia algo de Barcelona naquele Grêmio. Derrotas, maus resultados, sem títulos. Roger insistiu com Bobô, mudou o esquema, não suportou a pressão e pediu demissão.  Pensei que tudo tinha terminado. Mas, veio Renato Portaluppi...
O maior mito gremistas reconstruiu o time. Não só reinventou o jeito de jogar. Transformou a beleza em um jogo mais sólido e insinuante. Abandonou clichês, como o pontinho fora de casa, o centroavante aipim, ou o futebol do 'Texas' (expressão criada pelo blogueiro Ricardo Wortmann para o velho jeito de jogar do futebol gaúcho), partiu para o ataque, bailou no Mineirão, no Maracanã, ganhou a Copa do Brasil e virou o time mais bonito no Brasil. Parecia uma eternidade. Mas, foi menos de um ano que tudo isto aconteceu.. Até parece um passado distante. Como o tempo se tornou uma imprecisão física, um devaneio? Rápido. Muito rápido. Fugaz.
O Grêmio vive o seu novo dilema. Perdeu jogadores importantes, base de sustentação do jogo, por lesão ou venda. A compactação foi triturada. Apareceram as 'rachaduras' do sólido jogo coletivo. Melhor marcado, as soluções ofensivas tornaram-se inócuas. Até a posse de bola ficou redundante. O Grêmio se desintegrou, desconstruiu, desativou. Não joga mais no espaço vazio, no movimento, ficou estático. Apareceram as falhas individuais, antes cobertas pelo magnífico jogo. Edílson tem força, vontade, garra. Falta inteligência. Já Cortez tem uma dupla deficiência: na marcação e no apoio. Ramiro se esgota, corre e não tem mais espaço, para flutuar entre as linhas. No meio do caminho tem um poste, Jael, o cruel, que não se movimenta. Será Jael, o Bobô de Renato? Até o seguro Michel comporta-se como um brucutu. Arroyo, em dois jogos, percebe-se o engano. E, Fernandinho virou solução. Quando Fernandinho é solução é sinal que o problema venceu. O Brasileiro virou miragem e a Libertadores, uma ficção? Renato tem o dom da transformação. Será que reinventará um time ou tornará Luan, um novo Renato, para ganhar a Libertadores? Como gremista, tanto faz. Desde que a Libertadores seja nossa. Como amante do futebol, prefiro o belo jogo que me encantou, que me prende em casa, que fez sonhar, que faz lembrar de um menino que se encantou com Alcindo.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Bolinha com os amigos

 

"...Um passado exaltado, como o meu próprio?
Um presente no passado, como muitos?
Um futuro teimoso nesse presente, ainda que passado?
Meu reflexo presente, o reflexo é sempre presente
.................................................................................
A amizade é presente
Quando tem passado
Faz seu futuro"

Grande definição de amizade de Chiko Kuneski, o poeta que divide o meu coração com Mário Quintana.

Mauro Pandolfi

Há quinze anos que não jogo futebol. A idade, o peso, o tempo tomado me impede de jogar. Não sei mais o peso da bola, quantos lado tem, nem sei se é redonda. Nem dá mais para brincar com Pedro antes dele ir para a escola. Estuda de manhã. Sai de casa às sete horas. A bola, perdida no campinho do condomínio, parece me convidar para uma troca de carícia. Mas, não vou! Sempre sonho que estou jogando. E, sou sempre jovem. Bem menino, quando o futebol é no Vermelhão. Adulto com jeito de adolescente, quando é por estas bandas. Nunca sonho que estou jogando com a idade atual. Acho que até o sonho me protege. De um infarto ou 'das bolas murchas' da falta de habilidade. Outro detalhe é que meus amigos de fé não jogam. Futebol é um jogo de amigos. Só entre amigos há o belo jogo. O prazer de brincar, de se divertir, até ganhar. Com os outros, todos bons jogadores, só há vitória. Há times assim. O Barcelona de Neymar, Messi e Suarez jogava como um time de meninos. O Real Madrid de Zidane gosta só de vencer. E, eu vejo tudo de um sofá.
Já falei tanto do Vermelhão de Copacabana. O Maracanã de minha infância. O lugar onde a felicidade morava. Jogava partidas que brigavam com o tempo. Parecia impossível terminar. Todo dia era dia de bola. Dois, três, dez, dois times. Estes dias sonhei com um clássico da Copacabana. O nosso time, Independiente, camisas azuis com uma gola vermelha enfrentando o time do Éverson, Jones e Fernando Bronca. Grande rival. Disputas ferrenhas que talvez muito de nós tenham elas na lembrança. Estávamos todos lá. No gol, a segurança do Mosquito. Pequeno e ágil. Carlinhos era a inteligência no lado direito. Bolacha e Joâo seguravam a defesa. Na bola e na porrada. Abel era o grande armador. Sabedoria em lidar com a bola. Babão sabia fazer gols. Serginho era só um garotinho com uma capacidade imensa de destruir uma defesa. Maurinho completava o time com alguma habilidade. A bola rolou. Porém, me acordaram. Fiquei todo o dia pensando neste jogo. E foi na sexta da semana passada. Ah, um túnel do tempo!
Neste dia sonhei com os olhos abertos. Lembrei de um ótimo time da prática desportiva. Aí, era o que chamavam antigamente de futebol de salão. Eu era louco por bola. Ficava o dia inteiro na UFSC. Teve uma turma, do professor Amarante, que dava prazer de jogar.  Não lembro o nome de todos. Eram ótimos, hábeis, dribladores, rápidos. Fernando era um central vigoroso. Canhoto de um chute potente. Orientava o jogo, falava o tempo todo. Samir tinha uma inteligência acima da média. Parecia antever o lance. Giovani foi o mais fantástico que jogou ao meu lado. Driblava e passava. Ganhamos um torneio interno da UFSC. Dois a um foi a final. Giovani fez um golaço que deve estar guardado na mente de quem viu. Eram menos de 20 pessoas assistindo o jogo. Ele driblou seis. Todo o time adversário, eu e o Samir. Todos aplaudiram. Ah, o gol da vitória foi meu. De calcanhar, de letra. Às vezes, acontece. Nunca mais encontrei nenhum deles. Isto aconteceu numa noite de agosto de 1984. Direto do túnel do tempo!
Somos 'Os Mosqueteiros'. Criação do poeta Chiko Kuneski. São cinco amigos. Quase um 'quinteto irreverente'. Sandro, Paulo, Mauro e Chiko formam o quarteto central. Somos irmãos. Não como os 'Marx'. Mas, divertidos. O quinto elemento, o Zeca, está exilado em Criciúma. Raramente vem para os encontros. A distância, o tempo, a vida, os pensares, tantas coisa, impedem a presença. Faz falta. Principalmente, se tivesse uma partida no meio. Zeca, não se é ainda, era fabuloso com a bola. No sábado, na casa do Chiko, nos reencontramos. Falamos de tudo. Dos filhos, das mulheres (as nossas, é claro!), das histórias, do país, do mundo, de cinema e futebol. Rimos a tarde toda. Vou para me divertir e sempre aprendo algo. Entendi que a vida é regida pela amizade. Das relações amorosas ao trabalho. O que vira lembrança, saudade, vontade de reviver, é feita pelos amigos. Os que oferecem o ombro nas perdas e os charutos nas chegadas. Os que riem contigo, de você e os que choram, te aconselham. Não sei se é um texto para este blog de futebol. É um texto de agradecimento. Aos meus amigos de Copacabana, aos nem tão amigos da prática desportivas e os fundamentais 'mosqueteiros'. Um beijo amoroso em todos vocês.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Chore pelo futebol, Argentina!


"Estou proferindo alguns  palavrões para ver se isto mexe com eles, para ver se tem ovos.. Estou proferindo palavrões porque estão empatando com a Venezuela no estádio do River. Respeitem esta camisa usada por um punhado de craques.. Não pode ser que a Argentina não ganhe da Venezuela. Respeitem a camisa da Argentina...tenham um pouco de vergonha."

O desabafo desesperado do locutor Daniel Molo, da Rádio Mitre, é o melhor retrato de um futebol decadente, ultrapassado, que sobrevive graças a mitologia de Lionel Messi

Mauro Pandolfi


O futebol faz uma bela tabelinha com a música. Não sei se é o ritmo, o balanço, a poesia ou a arte que expressa desejo, sonho, cultura, magia. Quando o Brasil joga lembro do samba. Pode ser um estereótipo ou só um chavão. Mas, o time de Tite parece um samba de Paulinho da Viola. Elegante, envolvente, preciso. Porém, tem momentos de um pagode do Molejo.  Insosso, preguiçoso, repetitivo.  Outra seleção que viajo na musicalidade é  a Argentina. O desespero, o exagero, o drama, a loucura do tango embalou Maradona, Kempes, Ardiles, Sivori, tantos. Um jogo jogado em passo cadenciado, que ora acelera, ora acalma, tranca a respiração, provoca o encantamento e termina num balé sublime. Não há tango nesta seleção de Sampaoli. Não há cadência. Há só o desespero. A transpiração é trancada pelo medo. Um ritmo acelerado, sem discernimento, sem inteligência, sem jogo. De um belo tango sobrou somente o drama. Será que Messi verá a copa pela tevê? Injusto, triste para um gênio. Perfeito para um futebol decadente e obsoleto. Não há um 7 a 1 na Argentina que provoque uma revolução. A ausência do mundial será o motivo. Chore pelo futebol, Argentina!
Nunca vi uma Argentina tão medíocre. Nem a que levou cinco da Colômbia. A goleada é explicada pela grande equipe de Rincón, Valderrama, Asprilla e Trem Valência. Aquele time argentino tinha Batistuta e Redondo e, na Copa de 94, um surpreendente e fantástico Maradona. O que aconteceu virou história. Ainda será melhor contada. A que empatou com a Venezuela não tem nada que lembre uma Argentina. Só a  camisa. Nem fúria, nem brilho individual. Um punhado de jogadores correndo feito loucos. Aquilo que o jornalista inglês, Tim Vickery, chama de de 'futebol zumbi'. "Correm, correm, correm, sem rumo, em desabalada carreira, sem nexo, sem ideia. Todos de cabeça baixa. Não sabem onde estão os companheiros, não olham para os lados. Nunca param de correr. Nunca!" Jorge Sampaoli é um dos melhores técnicos do mundo, Inventivo e ousado. Gosta do ataque e da velocidade. Porém, é pilhado. nervoso, obsessivo. Apostou em medalhões com muita grife, Pastore e Banega, e pouca lucidez. Testou novos, Acosta, Acuna, Pizarro, e nada conseguiu. O time continuou com futebol medíocre, confuso, desconexo de toda eliminatória.  O Peru, próximo adversário, pode repetir 1969. Eliminou a Argentina em Buenos Aires. O técnico era um mito brasileiro: Waldir Pereira, o gigante Didi. A Argentina espera que a história repetida seja só uma farsa. Mas...
Fiquei com pena de Lionel Messi. O genial estava tão perdido em campo que parecia um jogador banal. Errava passes, chutes, movimentações. Mesmo assim, os raros momentos lúcidos argentinos eram dele. Tudo indica que Messi entrará para história como Di Stefano, Sivori, Cruyff, Puskas, Zico, Eusébio: a dos vencedores sem copa. Como dizem, 'azar da copa!'. No entanto, a cada jogo,  Lionel Messi perde o encanto para os Argentinos. Daniel Molo pergunta 'quando veremos o craque do Barcelona com a camisa da Argentina?' e reverencia Maradona: 'Respeitem o maior da história. lavem a boca para falar de Maradona. Respeitem este homem que vestia a camisa e nos enchia de orgulho. Respeitem o maior jogador da história. Eu chorava com Diego...Me emocionava com Diego!" As duas últimas rodadas serão embaladas com tango. Melancólico tango, no compasso do bandoneon, pelo abraço no jogo, pela poesia da nostalgia, pelo choro vitória, pelo desespero da derrota, pelo 'adiós', pela 'grandeza', 'quiero emborrachar mi corazón para apagar un loco amor que más que amor es un sufrir'. O futebol faz uma bela tabelinha com a música.

domingo, 3 de setembro de 2017

O fim do mito


Chiko Kuneski

Esse domingo foi um dia especial do futebol do presente jogado. Nenhum jogador brasileiro em campo na televisão. Não teve acrobacias em faltas rotineiras. Nada de voos espetaculares sem qualquer contato físico. Nenhum dedo em riste pedindo cartão por qualquer queda para intimidar arbitragens.

Nada como passar uma tarde sem a idolatria à Neymar Jr, o eterno jogador de Playstation. Sem os chavões de que somos os melhores do planeta e o mundo importa nosso talento. Nada como ver apenas a bola rolando, os esquemas táticos, a aplicação estruturada. O talento coletivo melhorado pelo individual cooperativo. A genialidade individual presente na construção do todo.

A bola não velcrou nas chuteiras. Os pés a tocavam e era tocada. Dois toques, no máximo. Um drible, quando necessário. O drible ainda é o grande espetáculo do futebol. Mas, como um “caco” no teatro, se exagerado perde o sentindo e sua graça. Futebol é um espetáculo de bola rolando, fluida, escorrendo na grama; não uma  maratona do carregador da tocha.

O presente desse domingo mostrou o que deve ser o futuro na Rússia. As seleções europeias jogando o melhor futebol, com esquemas, aplicação tática, talentos individuais que jogam para o time. Os brasileiros que insistem nos monólogos dos craques salvadores sofrerão. Depois do humilhante 7 a um para a Alemanha não aprendemos quase nada. Como escreveu Belchior: “ ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.