sábado, 23 de janeiro de 2016

A bola sem pes

Chiko Kuneski

A bola parece estar no vácuo, sem peso. Lembra uma peteca dançarina arremessada por pés mágicos calçando chuteiras aladas. As embaixadas, diante do olhar atônito do marcador, contrariam as leis da gravidade. A bola simplesmente, simples como o toque do roçar dos couros do futebol, flutua.

Parece que todo o time adversário parou para contemplar a magia. A defesa estática. Todos os zagueiros com o olhar dirigido à bola. Ou, talvez, hipnotizados pelos pés de Ibrahimovic. Altivo, não olha a bola. O virtuoso não precisa ver o instrumento. É pura intuição.

A bola peteca flutua até outa chuteira com asas, encontra Di Maria. Dele, sem tocar o gramado, parabólica, alcança o veloz ponta. Chega-lhe aos pés sem peso. Como também parecendo sem ação da gravidade atravessa toda a área adversária mudando o ritmo do jogo.

A peteca bola fica veloz. Mais até que os olhares dos marcadores.  Cai no contra censo do pé do zagueiro Van Der Wiel. A Falta de peso da bola deu-lhe tempo para atravessar o campo e surpreender a atônita defesa. Um gol desatmosfério.


Di Maria ainda completou essa ausência da gravidade com dois espetaculares gols de cobertura, um sobre toda a defesa e outro deixando o goleiro com torcicolo na vitória do Paris Sant Germain por 5 a 1 sobre o Angers. Essa é a magia imaginativa do futebol, feita por chuteiras aladas cujos pés que cobrem não sentem o peso da bola.

Nenhum comentário:

Postar um comentário