Mauro Pandolfi
A
tabela é um lance forjado na rua. Artimanha para escapar dos carros e
buracos. E foi um lance assim que deu a Wendell Lira seus quinze
minutos de fama. Uma jogada
rápida. Cercado, ele toca para Da Mata e procura o vazio. Da Mata
domina com o pé direito. Com o esquerdo encobre a zaga. A bola vai
alta, ligeira. Wendell corre, passa da bola e, num átimo, lança o corpo
no ar. Preciso! Feito um Van Damme acerta a bola e entra para a
história. Igual a um gol de Neymar no playstation. O começo da glória de
Wendell. Saiu do anonimato e. ganhou o premio Puskas.
Virou estrela entre as estrelas. Tudo tão lírico, que parece um filme. O
mesmo sonho de Rocky, o lutador. O perdedor, o comum que
tem chance de conquistar o mundo. Wendell conseguiu o que todo jogador
de time pequeno, de final de
semana, de um guri deseja: estar ao lado dos ídolos. É a magia do
futebol. É o marketing do que o impossível não existe. Que o
imaginário do videogame pode ser real. Eu posso ser o Messi. Quem disse
que não?
A fé não costuma falhar já ensinou Gilberto Gil. Wendell é um homem de
profunda fé. Intensa fé! Usa a Bíblia como conselheira, auto ajuda, um
escudo. Sempre soube que algo de bom estava reservado. A carreira é
igual aos milhares que jogam futebol neste país. A doce ilusão que
brilha nos olhos dos meninos. A dura realidade que mata a maioria dos
sonhos. Passou por vários times, a maioria inexpressivos. E, foi num
campeonato quase clandestino que ele reencontrou a esperança. Alguém da
Fifa se encantou com a acrobacia lírica de Wendell. Entrou na lista e
foi escolhido. Ganhou! Talvez, a primeira grande vitória no futebol.
Wendell
Lira não ficou intimidado na festa. Não se escondeu dos grandes. Era um
deles. Por instantes, foi tão reverenciado como a turma de Messi. A
realidade era mágica, diferente do dia a dia. A luta é a sua parceira
constante. Que a vida é cheia de Davis. Enfrenta os seus Golias todos
os dias. Wendell Lira é um deles. E, foi a história bíblica que usou
para explicar a sua conquista. Wendell não é uma vítima do futebol
brasileiro. É o retrato! Como ele, milhares trabalham três ou quatro
meses por ano. "Trabalho muito e ganho muito pouco!", contou em uma
entrevista. O prêmio Puskas é a sua porta da esperança. Boa sorte!
A Bola de Ouro é de Lionel Messi. Todos sabiam. A quinta! Ele já olha para o lado para ver Pelé.
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