sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Linda madrugada foi aquela

Mauro Pandolfi

Eu tentei. Li a respeito. Vi dois filmes sobre o tema. Apelei para as orações. Implorei! Como está na moda escrever cartas, pensei em uma para o Papai Noel. Não existe, me dizem! Poxa! Neste momento Papai Noel era a única figura pública que acreditava. Não consegui voltar no tempo. O tempo tem o seu tempo. Se passou ficou lá. Ou, na memória. Se está por vir, espere. Só há o agora. Que pena! Queria tanto viver aquela madrugada outra vez. Suspirei por aquele 11 de dezembro. Sentir a angústia, o desespero, a esperança, o sonho, a vitória daquele jogo.   Grêmio x Hamburgo é meu jogo favorito. Rever a alegria no momento real. Mas, não deu. Sobrou a gravação do jogo. Não há mesma emoção. 32 anos se passaram. A vida mudou. Eu mudei. Acho que, também, gostaria de encontrar o Mauro de 1983. Ver Renato, De Leon, China, Tarciso, os amigos do jornalismo, a turma lá de casa, meu pai - um gremista silencioso e provocador. Saudades!
É uma vitória bonita. Épica, como são os nossos jogos. Vi o jogo, hoje de manhã, sem a aflição do torcedor. Nem uma lágrima escapou. O coração bateu tranquilo. O videotape tem esta magia de esconder a emoção.  Revela só o ocorrido. Retira o drama e a angústia. É o jogo pelo jogo. É a primeira vez que assisto com rigor analítico. Prestei atenção na estruturação tática. A habilidade de Valdir Espinosa em anular a movimentação organizada do Hamburgo me surpreendeu. Apostou na rapidez, nas bolas viradas de um lado a outro. E, tinha Renato. Quem tem Renato, não precisava de um time. Ele era o time.
Renato Portaluppi é o meu mito favorito. O grande ídolo ao lado de André. Tenho um filho que se chama André Renato. Nomes de dois grandes jogadores. Atacantes de história. Ele, o meu filho, detesta futebol. E, desconfio, também, o nome. Ou, no mínimo, a origem. Tinha 22 anos quando vi Renato pela primeira vez. Não acreditei que aquele ponteiro com tamanho de beque fosse um driblador infernal.  Eram os dribles que me encantavam. Renato tinha - usando a bela e precisa imagem de Chiko Kuneski - asas nas chuteiras. Nas brincadeira de bola, experimentava os dribles. Era a minha fantasia. Fiquei com saudades, outra vez! Ninguém sabe como voltar no tempo?
Este texto é uma homenagem aos gremistas. Nós descobrimos naquele 11  de dezembro que nada pode ser maior. Reafirmamos num novembro de 2005 quando sete homens marcaram um destino. É , também, uma referência aos meus irmãos Márcio e Mário. Parceiros nas tristezas e alegrias. Mas, é especial para o Mário. Ele tem uma opinião definitiva sobre Renato: "É melhor que Cristiano Ronaldo. Forte, habilidoso, completo. Craque! Era um jogador solidário. Não era egoísta. O time era ele. Mas, ele jogava para o time. Muito melhor que Cristiano Ronaldo!". Vocês já viram Cristiano Ronaldo com a camisa do Grêmio? Então, não há o que discutir.

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