"Futebol é uma arte onde em um segundo você pode criar uma 'obra prima' ou o fiasco da sua vida".
Não
sei quem é o autor desta precisa frase, apareceu solta no facebook, que
vale também para os meus textos, que aliás, estão longe de ser obra
prima e bem perto dos fiascos..
Mauro Pandolfi
O
futebol, às vezes, é um peso. A sua ausência gera um vazio que consome a
alma. Passei uma semana longe daqui, perto de lugar nenhum. Um paraíso
que revelava um mar maravilhoso, de uma tranquilidade intimidante, de
uma paz de espírito que me amendrontou. Sem internet, um pequeno rádio
me mantinha conectado com o mundo urbano. Fugi das músicas e vasculhei
notícias, futebol, um sinal de vida. Escutei jogos paulistas, gaúchos,
catarinenses, cariocas. Onde era possível sintonizar. Lembrei da velha
eletrola de casa, lá em Lages, onde comecei a 'me formar' em futebol. Os
jogos vasculhados com euforia, com êxtase. Escutava tudo. Desde os
jogos do Internacional de Lages na Clube, do Grêmio, do Brasil inteiro,
da Argentina. Descobri Dirceu Lopes e Carlos Babington pelas ondas do
rádio. Ídolos, com os posters no quarto, daquele longínquo 14 anos. Uma
lágrima escapou. Saudades! Do futebol e daquele tempo de Vermelhão de
Copacabana.
O futebol, às vezes, é um peso. De volta
para o 'futuro', respirei futebol. Assisti tudo. Quase tudo.
Desperdicei pouca coisa, quase nada. Procurei o Liverpool para o
reencontro. É apaixonante o tal de futebol! Movimentos feito danças,
dribles feito poesia, gols que merecem um tanto de prosa para
reverenciar. Que jogador genial é Roberto Firmino! Ninguém liga para ele
nos programas esportivos. Tratado como mais um bom jogador, sem a pompa
de um Gabriel Jesus - que é ótimo atacante. O desdém está na origem.
Jesus tem a 'marca' do gigante Palmeiras. Já Firmino é formado no nosso
Figueira. O discreto Figueirense! Até no futebol a história da gente
brasileira não é bem contada.
Mas, infelizmente, nem
só de Liverpool vive o futebol. Há os 'outros'. A bola maltratada em
pés poucos hábeis. Quase não vi dribles e uma linha de passes perfeita é
um desejo tão difícil feito o impeachment do morador do Alvorada. A
arte punida de Neymar. O belo drible. A bola que flutua sobre o beque
desavisado. Uma lambreta, o sonho de todo menino que adora um drible. 'O
lance desmoraliza, sem objetividade', berram os carolas da bola. Quem
há de negar que a beleza de drible é maior que a objetividade do gol?
Não digam isto para Garrincha e Denner. Joanderson, o menino artilheiro
do Corinthians, foi expulso por comemorar o gol nos braços do povo. A
arte, a cultura, a alegria, sendo banida neste país. Triste. Muito
triste. Lamentável.
Adoro o futebol moderno. Seu
jogo, suas estratégias, a tecnologia que envolve e deixa tudo nítido
para os meus olhos degenerados em mácula. Porém, fiquei encantado com o
futebol 'raiz'. Estádio pequeno, pouca gente, ruidosa gente. O jogo
parado. O árbitro desconfia do tamanho da área. Medem e confirmam: uma
maior que a outra. Lá vem os homens com a lata de tinta. Remarcam tudo.
Igual, idêntico, semelhante aquele tempo de Vermelhão de Copacabana.
É o que diz a frase lá de cima. Neymar é arte. Bela arte. Já este texto tenta escapar de ser um fiasco.
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