'Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume'.
Não
tenho esta certeza de William Shakespeare ao imaginar se Pelé fosse
conhecido como Édson. Jogaria o mesmo, teria a mesma genialiadade, mas
nunca a mitologia que Pelé criou.
Mauro Pandolfi
Gosto
de nomes. Dos simples, dos complexos, dos inventados, dos sonoros, dos
que definem. Pelé! Você sabe o que é! O que diz, quem é, o que
significa. Não precisa dizer nada. Nem um substantivo ou um adjetivo
junto ao nome. Pelé é tudo. O sinônimo é Rei! Tantos tentaram usá-lo.
Logo desistiram. É um peso, uma afirmação, um conceito, uma
impossibilidade. Durante muito tempo Garrincha teve um único
significado: liberdade! Parecia um pássaro. Era um pássaro. Voava no
gramado em danças e dribles, Alegria do povo. Os estádios ficavam cheios
para o seu balé. O nome era acompanhado de um outro, que virou
adjetivo:João!. Só citar Garrincha e tudo estava explicado. O tempo não
para, muda, cria o novo, ilude o velho, termina, começa. Pelé continua o
Rei. Garrincha teve um triste destino. Feito um pássaro engaiolado foi
um João na vida.
O
nome é forma de escapar de uma sina que parece traçada. Uma palavra
mágica que pode mudar tudo. Os pais que adoram o futebol buscam um
ídolo, um vencedor, para desejar sorte ao filho. Nem a suposta
rivalidade Brasil e Argentina impediram a opção por Riquelme. Há onze na
Copinha de Juniores de São Paulo. O que é escrito como 'Rikelme', do
Juventus da Móoca, já mostrou talento. Marcou dois golaços. Um deles
concorre ao prêmio Dener. Ah, não encontrei nenhum Dener neste ano.
Encontrei Klaivert e Kluivert, Etoo, Klismann, um apelidado de Lukaku,
dois Neguebas e um Odivan. Que estranha esta mania dos pais escolherem
nomes de jogadores para os filhos? Não concorda, André Renato?
Futebol
raiz não sei bem o que é. Muitos gostam e veneram. Não sei se é o campo
de jogo ou apelidos dos jogadores. A Copinha é perfeita para a raiz do
futebol. Estádios antigos, pequenos, com gente em pé, quase ninguém no
estádio. E, os apelidos então. Vai do 'Cheiroso', passa pelo
'Incrível', chega no 'Chocolate', no 'Bodão', no 'Bagaceira' até os
indecifráveis 'Gta', 'HD' e num enigmático 'L'. Até alguns que lembraram
o meu tempo de Maurinho no Vermelhão: encontrei o 'Bolacha',
'Mosquito", 'Orelha', 'Barata', 'Espiga' e 'Foguinho'. Há décadas que
não vejo estes, agora, velhos parceiros de bola. Apareceu uma lágrima no
teclado. Saudades!
Marcar o
tempo, a vida, o espaço, é um desejo dos país. Inventam nomes para criar
a esperança de um mundo melhor para eles. E, então surgem: 'Abdiomário,
Anderthon, Goldeson, Girgleidson, Kalléo, Massilon, Rokenedy e um
impronunciável Petroswickonicovick, que os narradores, sabiamente, vão chamar de Pet. É fantástico o futebol raiz.
Mas,
nem só craques ou nomes estranhos vive a Copinha. Há homenagem aos
cientistas, artistas e pensadores. 'John Lenno, Marley e John Kenendy''
vai alegrar um bocado de gente. Já os bolsominions irão a loucura com
'Einstein e Newton'. Ambos garantem que o planeta é uma bola e jogam um
futebol redondo. Já 'Lenin Marx' vai ouvir, certamente, vai para Cuba e
Venezuela. O que li sobre ele,é mais provável que irá para a Inglaterra,
Espanha, Itália.
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