segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Nomes

 

'Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume'.
Não tenho esta certeza de William Shakespeare ao imaginar se Pelé fosse conhecido como Édson. Jogaria o mesmo, teria a mesma genialiadade, mas nunca a mitologia que Pelé criou.

Mauro Pandolfi

Gosto de nomes. Dos simples, dos complexos, dos inventados, dos sonoros, dos que definem. Pelé! Você sabe o que é! O que diz, quem é, o que significa. Não precisa dizer nada. Nem um substantivo ou um adjetivo junto ao nome. Pelé é tudo. O sinônimo é Rei! Tantos tentaram usá-lo. Logo desistiram. É um peso, uma afirmação, um conceito, uma impossibilidade. Durante muito tempo Garrincha teve um único significado: liberdade! Parecia um pássaro. Era um pássaro. Voava no gramado em danças e dribles, Alegria do povo. Os estádios ficavam cheios para o seu balé. O nome era acompanhado de um outro, que virou adjetivo:João!. Só citar Garrincha e tudo estava explicado. O tempo não para, muda, cria o novo, ilude o velho, termina, começa. Pelé continua o Rei. Garrincha teve um triste destino. Feito um pássaro engaiolado foi um João na vida.
O nome é forma de escapar de uma sina que parece traçada.  Uma palavra mágica que pode mudar tudo. Os pais que adoram o futebol buscam um ídolo, um vencedor, para desejar sorte ao filho. Nem a suposta rivalidade Brasil e Argentina impediram a opção por Riquelme. Há onze na Copinha de Juniores de São Paulo. O que é escrito como 'Rikelme', do Juventus da Móoca, já mostrou talento. Marcou dois golaços. Um deles concorre ao prêmio Dener. Ah, não encontrei nenhum Dener neste ano. Encontrei Klaivert e Kluivert, Etoo, Klismann, um apelidado de Lukaku, dois Neguebas e um Odivan. Que estranha esta mania dos pais escolherem nomes de jogadores para os filhos? Não concorda, André Renato?
Futebol raiz não sei bem o que é. Muitos gostam e veneram. Não sei se é o campo de jogo ou apelidos dos jogadores. A Copinha é perfeita para a raiz do futebol. Estádios antigos, pequenos, com gente em pé, quase ninguém no estádio. E, os apelidos então. Vai do  'Cheiroso', passa pelo 'Incrível', chega no 'Chocolate', no 'Bodão', no 'Bagaceira' até os indecifráveis 'Gta', 'HD' e num enigmático 'L'. Até alguns que lembraram o meu tempo de Maurinho no Vermelhão: encontrei o 'Bolacha', 'Mosquito", 'Orelha', 'Barata', 'Espiga' e 'Foguinho'. Há décadas que não vejo estes, agora, velhos parceiros de bola. Apareceu uma lágrima no teclado. Saudades!
Marcar o tempo, a vida, o espaço, é um desejo dos país. Inventam nomes para criar a esperança de um mundo melhor para eles. E, então surgem: 'Abdiomário, Anderthon, Goldeson, Girgleidson, Kalléo, Massilon, Rokenedy e um impronunciável Petroswickonicovick, que os narradores, sabiamente, vão chamar de Pet. É fantástico o futebol raiz.
Mas, nem só craques ou nomes estranhos vive a Copinha. Há homenagem aos cientistas, artistas e pensadores. 'John Lenno, Marley e John Kenendy'' vai alegrar um bocado de gente. Já os bolsominions irão a loucura com 'Einstein e Newton'. Ambos garantem que o planeta é uma bola e jogam um futebol redondo. Já 'Lenin Marx' vai ouvir, certamente, vai para Cuba e Venezuela. O que li sobre ele,é mais provável que irá para a Inglaterra, Espanha, Itália.


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