Chiko Kneski
Ícaro e o pai eram
brancos, segundo a mitologia, abro aqui um parêntese para dizer que adoro a
mitologia, não os mitos, esses mostram-se inúteis e descartáveis, mas viviam no
lúgubre de um presídio sem ter cometido os crimes, nunca comprovados, imputados.
A saída dessa prisão, de bárbaros costumes, era voar. Mas para voar seria
preciso asas. Os homens não nascem com asas, não os comuns.
O futebol tem coisas que vêm
da mitologia. As asas. Para poder fugir da prisão dos mesmismos e galgar os céus
da liberdade é preciso ter a asas. Asas nas chuteiras. Ir além. Voar em campo. Planar
na grama. Encantar a ponto de provocar inveja e revolta.
Vinícius Jr tem asas nas chuteiras.
E sempre teve o sonho da glória dos céus do futebol. Ousou voar alto desde a
adolescência encantando quem gosta da arte do futebol e do futebol arte. Mas,
como Ícaro, subiu demasiadamente, pelo menos para os meros e medíocres terrenos,
e encontrou o seu sol na maior escuridão do pensamento humano
O racismo.
Venceu todos os obstáculos.
Paciente, cultivou suas asas nas chuteiras para voar nos gramados da Espanha e
bailar, encantando o mundo. Ousou ser moleque da bola. Driblar. Brincar. Como
Ícaro nos céus sentindo o vento soprar-lhe odes aos ouvidos quando corre, corre
não, faz os pés voarem, deixando os adversários para trás.
O encanto incomoda. A ousadia
perturba os medíocres. A alegria trouxe o ódio. O ódio materializou-se em
ataques racistas insanos. As asas negras das chuteiras coloridas provocaram a
ira. A inveja. O ataque. O garoto de 22 anos, ousado, moleque, inteligente,
perspicaz, tinha que ser derrubado. A arma foi a mais vil
O racismo.
O conceito mais baixo vindo
das arquibancadas dos adversários, mas orquestrado no sub mundo de dirigentes
inescrupulosos e vis. Não foram os gritos: “macaco”, “macaco”, “macaco” proferidos
colericamente conta as asas nas chuteiras de Vini JR que tentaram derrubar sua
alegria juvenil de jogar bola e encantar quem o vê jogando bola. Voando com ela
nos pés. A hipocrisia lúgubre das masmorras mentais dos dirigentes medíocres e
racista eclodiu nessa insanidade coletiva da Espanha.
Tentaram orquestrar a
queda do “menino” que tem a alegria de voar em campo e fazer voar as mentes de
quem o vê jogar com a arrogância racista. Mas as asas nas chuteiras de Vini Jr
correram o mundo. Materializaram o personagem mitológico. Contaram a história. Contragolpearam
O racismo.
Ck 21/05/23
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