quarta-feira, 1 de abril de 2015

O apitador

Chiko Kunneski

Antes mesmo de inventarem as regras do “footbal” usava-se o surdo som do apito. Não era apito para adestrar cães, inaudíveis, era o trilar estridente do som da bolinha metálica batendo no corpo o instrumento de sopro, também metálico.

O apito servia para ordenar tudo. Ordenar estudantes nas escolas. Juntar competidores do remo. Determinar o sobe da bola do basquete.Organizar os corredores, disparados por estampidos de revólveres. O silvo do apito, usado pelos guardas noturnos, impunha autoridade. Sonoramente mostrava a presença da lei.

O apito é o instrumento de autoridade... Principalmente no futebol.

Não é o juiz que começa a partida; é o som do seu apito. Não é o árbitro que para o jogo; é o sopro que sai agudo de autoridade. No campo, todos ficam prosternados ao som do apito, feitos os cães, em decibéis mais baixos. Até a torcida reage, no aplauso ou na vaia, mas nunca com indiferença.

Por mais sonoras que sejam as arquibancadas, as cadeiras numeradas, os camarotes, ouvem o apito. Seu som marca o compasso do andamento do jogo.
Como o mestre de baterias das escolas de samba. Coordena. Determina. Dita o ritmo. Afina; desafina.


Independente de tecnologias para camisas, chuteiras, caneleiras, luvas de goleiros, rádios comunicadores para os árbitros, que podem ser 3, 4 ou 6, depende do momento, é o apito que manda no futebol. O apito e seu soprador.

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