Mauro Pandolfi
O
futebol brasileiro está completo. Voltou quem faltava. O boquirroto, o neurótico, o nervoso, o macho alfa. Felipe Melo já
mostrou que será o 'dono do pedaço'. Na primeira entrevista, bancou o
valentão, o crítico, o bom amigo, o xerife ou bandido (a escolha é de
quem quiser), o ídolo da torcida, o 'malvado favorito' do Palmeiras. Reclamou da fama de violento, da
ausência de sua 'técnica' nas reportagens sobre ele, dos que são pagos
para falar 'mal dos outros'. 'Sem generalizar, é claro!', esclareceu.
Foi um longo papo na tarde de terça. A mesma machonaria, grossura,
estupidez que desfila nos campos. Nas manhãs de quarta, nos programas
esportivos, os jornalistas comentaram a' bipolaridade' de Felipe Melo e
afirmaram que 'nos mostramos os lances de qualidade, além dos lances dos
cartões'. Lembraram até de um velho conselho de Armando Nogueira:
'Elogiar, sem bajular. Criticar, sem ofender'. Poxa! Parecia um tom
cinzento de culpa. Um pedido, tímido, envergonhado, de desculpas
antecipadas ou de críticas equivocadas ou maldosas..
Felipe Melo foi 'sincero'. Ríspido, fugiu do politicamente correto.
Desafinou o coro dos contentes. Se impôs. Será o jogador mais visado,
vigiado, olhado. Ninguém ficará imune a ele. Bravateiro, chegou
'assustando' os adversários. "Se precisar dar porrada, eu vou dar!" Será
que os meias e atacantes de seu time vão pipocar? Felipe Melo tenta
cavar uma vaga na seleção. O futebol não ajuda. Mas, a 'marra', o jeito
valentão, fanfarrão é pré 7 a 1. Espero que Tite o ignore. Sempre terá
alguém que lembrará dele. Há os que dizem que é 'preciso um bandido';
outros, dentro da lei, é ' necessário um xerife'. Eu prefiro alguém que
jogue futebol. Um belo e eficiente jogo.
Pediram,
exigiram, clamaram, choraram. 'Um dez, por favor!'. Estão de volta uma
porrada deles. Parece um listão do vestibular ou uma delação premiada.
Há tantos. Todos famosos. Canhotos e destros. Lentos ou rápidos.
Brasileiros ou gringos. Conca, Montillo, Thiago Neves, Wagner,
D'Alessandro, Jadson, e, quem sabe, Ronaldinho Gaúcho. Todos sub-40. Fim
de
carreira. Sem espaços no futebol europeu, até da China, de velocidade,
de intensa
movimentação, de recomposição. Estou curioso em saber como serão armados
os times. Os anos 90 voltaram? Seguem a falsa ilusão de Douglas, do
Grêmio. Ele foi ótimo em 10 ou doze jogos. Decisivo nestes. Porém, atuou
em 56 partidas. Na maioria delas passeou em campo. O
futebol brasileiro vai se renovando com os 'dez' à moda antiga. De volta
ao 'futuro'. Futuro retrô. Afinal, passado é mesmo eterno no Brasil.
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