quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Macho alfa


Mauro Pandolfi

O futebol brasileiro está completo. Voltou quem faltava. O boquirroto, o neurótico, o nervoso, o macho alfa. Felipe Melo já mostrou que será o 'dono do pedaço'. Na primeira entrevista, bancou o valentão, o crítico, o bom amigo, o xerife ou bandido (a escolha é de quem quiser), o ídolo da torcida, o 'malvado favorito' do Palmeiras. Reclamou da fama de violento, da ausência de sua 'técnica' nas reportagens sobre ele, dos que são pagos para falar 'mal dos outros'. 'Sem generalizar, é claro!', esclareceu. Foi um longo papo na tarde de terça. A mesma machonaria, grossura, estupidez que desfila  nos campos. Nas manhãs de quarta, nos programas esportivos, os jornalistas comentaram a' bipolaridade' de Felipe Melo e afirmaram que 'nos mostramos os lances de qualidade, além dos lances dos cartões'. Lembraram até de um velho conselho de Armando Nogueira: 'Elogiar, sem bajular. Criticar, sem ofender'. Poxa! Parecia um tom cinzento de culpa. Um pedido, tímido, envergonhado, de desculpas antecipadas ou de críticas equivocadas ou maldosas..
Felipe Melo foi 'sincero'. Ríspido, fugiu do politicamente correto. Desafinou o coro dos contentes. Se impôs. Será o jogador mais visado, vigiado, olhado. Ninguém ficará imune a ele.  Bravateiro, chegou 'assustando' os adversários. "Se precisar dar porrada, eu vou dar!" Será que os meias e atacantes de seu time vão pipocar? Felipe Melo tenta cavar uma vaga na seleção. O futebol não ajuda. Mas, a 'marra', o jeito valentão, fanfarrão é pré 7 a 1. Espero que Tite  o ignore. Sempre terá alguém que lembrará dele. Há os que dizem que é 'preciso um bandido'; outros, dentro da lei, é ' necessário um xerife'. Eu prefiro alguém que jogue futebol. Um belo e eficiente jogo.
Pediram, exigiram, clamaram,  choraram. 'Um dez, por favor!'. Estão de volta uma porrada deles. Parece um listão do vestibular ou uma delação premiada. Há tantos. Todos famosos. Canhotos e destros. Lentos ou rápidos. Brasileiros ou gringos. Conca, Montillo, Thiago Neves, Wagner, D'Alessandro, Jadson, e, quem sabe, Ronaldinho Gaúcho. Todos sub-40. Fim de carreira. Sem espaços no futebol europeu, até da China, de velocidade, de intensa movimentação, de recomposição. Estou curioso em saber como serão armados os times. Os anos 90 voltaram? Seguem a falsa ilusão de Douglas, do Grêmio. Ele foi ótimo em 10 ou doze jogos. Decisivo nestes. Porém, atuou em 56 partidas. Na maioria delas passeou em campo. O futebol brasileiro vai se renovando com os 'dez' à moda antiga. De volta ao 'futuro'. Futuro retrô. Afinal, passado é mesmo eterno no Brasil.

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