domingo, 29 de janeiro de 2017

A mídia e seus zumbis

Chiko Kuneski

Cada dia mais o jornalismo televisivo, principalmente, se alimenta de carniça. Quanto mais sangue melhor. O bom é que seja bem mal. Uma tradução livre do “bad News, good News”, talvez ensinado atualmente nos novos currículos de comunicação das universidades ou imposto pelos números de audiência. A sociedade, nunca como antes, faz a mídia reproduzir o que ela deseja e os meios de comunicação produzem, cada vez mais, o que querem que a sociedade reproduza.

As atrocidades, sejam elas provocadas pelo homem ou por outros fatores são vendáveis. Sua exploração ao máximo torna-se prefeita para a continuidade da notícia, alimentada e realimentada à exaustão. No jargão jornalístico chamamos de “suíte”.

O pior acontece quando a prática contamina o jornalismo esportivo. O pior virou melhor. O pior virou notícia. A tragédia virou mote. Os mortos não podem nem “morrer em paz”. São sugados mesmo depois de não mais existirem. O vazio das dores vira o cheio da notícia.


Um minuto de silêncio pode parecer nada. Apenas uma lembrança. Um minuto eterno de silencio é vendável. Parar os jogos do campeonato catarinense aos 26 minutos do segundo tempo para decretar um minuto de silêncio lembrando os 71 mortos vítimas do acidente de avião que transportava a Chapecoense (45 do primeiro e outros 26 do segundo somados)  foi o extremo da exploração da carniça midiática. 

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