Chiko Kuneski
Cada dia mais o
jornalismo televisivo, principalmente, se alimenta de carniça. Quanto mais
sangue melhor. O bom é que seja bem mal. Uma tradução livre do “bad News, good News”,
talvez ensinado atualmente nos novos currículos de comunicação das
universidades ou imposto pelos números de audiência. A sociedade, nunca como
antes, faz a mídia reproduzir o que ela deseja e os meios de comunicação
produzem, cada vez mais, o que querem que a sociedade reproduza.
As atrocidades, sejam
elas provocadas pelo homem ou por outros fatores são vendáveis. Sua exploração
ao máximo torna-se prefeita para a continuidade da notícia, alimentada e realimentada
à exaustão. No jargão jornalístico chamamos de “suíte”.
O pior acontece quando
a prática contamina o jornalismo esportivo. O pior virou melhor. O pior virou
notícia. A tragédia virou mote. Os mortos não podem nem “morrer em paz”. São
sugados mesmo depois de não mais existirem. O vazio das dores vira o cheio da
notícia.
Um minuto de silêncio
pode parecer nada. Apenas uma lembrança. Um minuto eterno de silencio é
vendável. Parar os jogos do campeonato catarinense aos 26 minutos do segundo
tempo para decretar um minuto de silêncio lembrando os 71 mortos vítimas do
acidente de avião que transportava a Chapecoense (45 do primeiro e outros 26 do
segundo somados) foi o extremo da
exploração da carniça midiática.
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