sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A dor da hipocrisia

Chiko Kuneski

Dois episódios, teoricamente isolados, mas com um ponto básico em comum, o avião. Em queda de aviões há mortes. Raramente sobreviventes. Mas sempre especulações jornalísticas. São inevitáveis. Explicações técnicas. Duvidosas. Comoções de expectadores. Esperadas. O Brasil é um país movido a comoções.

O jornalismo é quem as faz. Os jornalistas sabem melhor do que todos isso. “Bad News, good News”, a máxima que não importa o tempo ou a mídia é repetida incansavelmente, sem ser dita. A tragédia tem que durar. No jargão tem que ter “suíte”. Tem que render. A má notícia tem que ser uma boa notícia por dias, semanas ou até meses para ser para o jornalismo e seu sensacionalismo.

Dois acidentes de avião. Pessoas morrem. Famílias ficam. Comoções a serem exploradas ao máximo. Em comum a morte de todo um time da Chapecoense, de vários jornalistas e até do, que parecia infindável, presidente da Federação Catarinense de Futebol, de um lado da notícia e de outro catarinense que era peça chave da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.

A morte de todo o time da Chapecoense ficou rentável para o noticiário e para os veículos de comunicação. Todos os eventos esportivos depois da tragédia exploraram a exaustão o acidente e a tragédia. Meses de suítes. As televisões vão ganhar muito com os direitos de transmissão dos jogos beneficentes para a “Família Chapê”, incluindo amistoso da seleção brasileira com a da Colômbia.


O mundo se comoveu. A dor da hipocrisia universal movida pela mídia. Já a Lava Jato, que pode ter sucumbido de hélice, provavelmente vai submergir. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário