sábado, 14 de janeiro de 2017
Homo Deus
Mauro Pandolfi
"Eu preferiria viver em meu apartamento. Não quero atingir a imortalidade por meio de meu trabalho. Quero atingi-la não morrendo".
Resposta de Woody Allen ao ser questionado se ele esperava viver para sempre nas telas de um cinema.
Imortalidade! O devaneio humano. Desejo, esperança. Estamos mais perto do sonhamos. O historiador Yuval Noari Harari garante que sim. No seu livro 'Homo Deus', ele cogita, especula, assegura que a morte está com os dias contados. Entre 2100 e 2200, o 'homo sapiens' poderá viver até 500 anos, E, depois ser imortal. "A morte é uma falha técnica", explica. Cientistas pesquisam, trabalham, procuram o conserto da 'falha'. Será a transubstanciação de 'homo sapiens' para 'homo deus'. No final do século 19, a média de vida era de 47 anos. Neste início de século 21, a vida pode ser curtida, em média, 80 anos. Aliado ao tempo, a juventude. Sempre jovens. Eternamente jovens. Só uma tragédia, um desastre, um acidente para morrer. O delírio de Ponce de Leon era verdadeiro. Como seria o futebol com a imortalidade? Não haveria dúvidas de quem é melhor? Somente grandes times? Os bondes também seriam eternos?
Nunca vi Puskas. Di Stefano é só um mito.Garrincha é uma lenda. Airton Pavilhão é uma história muito bem contada. Saul Oliveira era um craque declamado em prosa em Florianópolis. Tantos. Muitos. Lionel Messi não seria só uma imagem para os meus netos como Pelé é um enigma para os meus filhos. Gosto da ideia. Todos ao mesmo tempo. Juntos no mesmo time. Separados, adversários. Grandes times. 'Pelé recebe de Iniesta. Procura Cruyff. O mago do carrossel toca para Garrincha. O drible, o João e o passe perfeito para Messi. Ele desvia do goleiro, com um toque sutil'. Um gol que nunca verei. Mas, não sai do meu imaginário. O futebol é mesmo o lugar ideal para sonhar.
Os times e o recomeço. Me abasteço com os jogos da Copa São Paulo de Juniores. Há ótimos jogadores. Alguns, candidatos a craques. Dribladores, defensores, meias, artilheiros. Surpresas e confirmações. A eterna Chapecoense reencontrando alma, tornando-se imensa. Já é um clube do mundo. Muita boa, esta copinha! No entanto, o que domina o amante da bola é formação dos times. As contratações e os reforços. Reforços? Parece que os cartolas acreditam no 'Homo Deus'. Apostam que a imortalidade existe dentro de um campo de futebol. Querem manter a alma, a cultura e os ' mitos' até onde der.
Faltam craques, não há jovens de talento? Ou, é mais fácil procurar um medalhão decadente ou o é o medo de arriscar em guris? O Grêmio aposta em Léo Moura com 38 anos. Sem atacantes, acho que vai aproveitar Renato, com 54, como 'aipim'. Não seria uma boa ideia?O Palmeiras se arrisca com o tresloucado Felipe Melo de 33.e mantém Zé Roberto com 41. Tantos. Conca, Montillo, Cleiton Xavier, Roger Bernardo, Luís Fabiano, Carlos Alberto...Ufa! Muitos. Aqui, se faz a mesma coisa. Lúcio Flavio, quase 40, no Joinville. O Figueirense buscando o insípido Zé Love, mais de trinta, e o Avaí trazendo Gustavo, de 33. No Figueira, há o meia Igor, destaque da Copinha; no Avaí, o garoto Gabriel, sempre em seleções, verá mais uma temporada no banco. Mas, ninguém baterá o Corinthians. O Timão tenta Drogba! Deus do céu! Ah! O Coritiba especula Ronaldinho Gaúcho. Não são só os diamantes que são eternos. Os trouxas, também!
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