Chiko
Kuneski

O
futebol brasileiro exibe hoje, talvez exemplado pelo país, uma crise de
moralidade dos seus comandantes. A Federação Carioca de Futebol é o maior
exemplo do jogo de cartas marcadas dos “políticos” da bola com os clubes.
A
Ferj age de maneira ditatorial e impõem uma censura velada a dirigentes,
treinadores e jogadores do campeonato carioca. Amordaça com punições extra
campo quem ousa “abrir a boca” e criticar a entidade ou sua forma de atuar.
Essa
federação é apenas a ponta que aparece do iceberg do esquema de desmandos e
perpetuação montados pelos presidentes das entidades estaduais, que acaba
sustentando a mesma lógica na CBF. Esses “políticos” da bola usam seu poder
para cooptar ligas e clubes de menor expressão, que garantem maioria nas
elaborações dos campeonatos, suas regras, regimentos e divisão do dinheiro pago
pelas televisões para transmitirem os jogos.
Negociam
cotas milionárias, sempre cobrando percentuais de administração. Os times pagam
elencos, cumprem compromissos financeiros, jogam para as televisões e as
federações ficam com a sua fatia das verbas por “administrarem”.
Mas
isso apenas acontece porque o golpe já foi dado antes, quando da eleição dos
mandatários das federações. Também garantindo maioria com cooptação descarada
de ligas, times e entidades esportivas, os “políticos” da bola se perpetuam ou
revezam nas direções das entidades. O clube que discordar dessa prática tem o
direito de se desfiliar, mas fica sem a possibilidade de jogar qualquer
partida, mesmo amistosas. É a “democracia” do “ame ou aceite”.
Os
presidentes das federações não prestam contas a ninguém, não são submetidos a
nenhuma regra, a não ser as que eles mesmo criam, não respondem nem mesmo ao
torcedor. Veladamente, as entidades descumprem o Estatuto do Torcedor com
manobras e manobras.
Mas
o quadro fica ainda mais tenebroso quando o Judiciário esportivo respalda os
procedimentos ditatoriais das federações, sempre punindo clubes, técnicos e
jogadores. Esse é o elo perfeito da corrupção do futebol brasileiro, federações
e suas justiças desportivas, que sustenta um bando de intocáveis.
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