Chiko Kuneski
Asas poéticas das chuteiras
me obrigam ao confronto de conceitos com o genial texto de Mauro Pandolfi, “o
medo de ser João”.
Iniesta, ampliou a dicotomia
entre os conceitos. O passe sobrepõe o drible; ou o drible faz o passe? O
espanhol recuperou a bola, o objetivo do futebol, em sua intermediária.
Sozinho, sem tabela, sem o tik-tak de Pepe Guardiola, driblou metade dos
jogadores do PSG, com fintas, físicas ou imaginárias. A genialidade individual
sobrepôs a marcação do conjunto.
O drible na vertical.
Cortante. Preciso e impensado, dilacerou o exército gaulês. Depois dos dribles
impensados, a genialidade saída dos pés do desarme, do mestre dos passes
precisos, do jogo esquemático, acabou no passe mais que perfeito que caiu nas
chuteiras de outro driblador, Neymar. Mas o perfeito do passe só foi possível
com o inusitado dos dribles.
Antes da “assistência”, como
gostam de dizer os comentaristas que trouxeram a assertiva do basquete, Iniesta
driblou, direta ou indiretamente seis franceses. Mais da metade dos marcadores
foram subjugados pelo talento individual. O coletivo da marcação, do esquema,
do rouba para passar, sucumbiu.
Mais uma vez o drible
desconcentra. Desconcerta. O passe, ou “assistência”, resulta no gol vencedor
depois que as assas das chuteiras fazem a mágica de desmontar todo o esquema de
marcação oponente.
No ataque mais
impressionante da atualidade do futebol mundial, com Messi, Neymar e Suares, o
drible a partir do meio campo da genialidade de Iniesta, individualmente, salva
a falta do coletivo dos esquemas, do toque, da movimentação, dos passes. Foram os
três dribles e um só passe. O passe
completa o drible; o drible torna mágico o passe.
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