Chiko Kuneski
Uma
das mais inebriantes cenas do futebol é a defesa do goleiro espalmando a bola
para fora do gol na forquilha das traves. Ouso dizer, mais bela, inclusive, que
a da bola sendo abraçada pela rede no festivo gol. Para buscar essa bola “na
gaveta” o goleiro plana no ar. Corpo retilíneo na horizontal, contrariando a
gravidade.

Sempre
me identifiquei mais com os goleiros. Desde cedo ia ao campo para vê-los e não
para torcer pelos goleadores. O goleiro é um anti-herói. Mais odiado e
criticado que aclamado. Ele estraga a alegria do gol e é xingando pelos
adversários; ou falha e facilita o gol, sendo criticado pelos próprios
torcedores.
O
mais solitário dos 11 jogadores da equipe passa o tempo do jogo observando,
atento, esperto. É um analista. Tem que antever o lance, marcar durante 90
minutos os adversários com olhar de águia, aguçando-o ainda mais na bola. E é
nessa defesa, de mão trocada, “lá onde a coruja dorme” que o homem se faz a
águia, ganha os céus, em perfeito voo para a glória.
Obrigado pelo texto, Chiko, excelente.
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