Chiko
Kuneski
Certa
vez alguém me disse que a primeira paixão de um menino nunca será esquecida,
por mais tempo que viva. Concordo. Posso dizer, sem medos, que minha primeira
paixão foi um time de futebol: o Paysandu de Brusque. Talvez levado por ser o
clube do meu avô Venâncio Regis, ou contagiado pelo fanatismo dos meus tios.
Mas paixões não se explica. Nos entregamos.
As
paixões não são como meros amores. Esses são adocicados, longos, degustados; até
tornarem-se amargos pelo tempo. As paixões são cada vez mais intensas,
inesquecíveis, intocáveis e imutáveis. A paixão é ímpar. Podemos ter inúmeras
delas, mas continuam sendo ímpares. Cada uma.
Ao
contrário do que dizem os poetas; não são voláteis. Nem mutáveis. Acabam
ocupando seu lugar, uma a uma, nunca duas a duas. Não é possível ter duas
paixões simultâneas, como dois amores. Esses podem dividir o mesmo espaço ao
mesmo tempo. A paixão primeira é ciumenta, possessiva, intensa demais e anuvia
novos prazeres de outras mais recentes ou de amores voláteis.
Foi
essa paixão de menino, nunca escondida, mas bem guardada, que aflorou ao ler o
capítulo do livro de Valdir Appel, “E o futebol chegou a Brusque”. As
lembranças de “o goleiro acorrentado”, descoberto e envidado para o mundo pelo
“mais querido” Paysandú na década de 60, incitou a minha primeira paixão de
menino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário