Chiko
Kuneski
Uma
corrente de juízes, dirigentes e até jogadores, “megafonados” por comentaristas
esportivos raivosos, criaram um estigma do drible no futebol brasileiro. O
talento, o inventivo, o lúdico das chuteiras com asas foi criticado, rotulado e
por pouco banido dos gramados.
Mas
o drible, por mais desconcertante de seja, é a glorificação ou humilha?
O
drible é a essência do futebol. Mais do que o passe. Era o fator diferencial do
Brasil. Por gerações levou multidões aos estádios. As pernas tortas de
Garrincha, iludindo olhares, pés e marcações dos adversários, eram aplaudidas
de pé pelos torcedores, do seu time ou da equipe adversária. Não importava.
Aplaudiam o talento.
Garrincha,
Pelé, Zico, Edus, e tantos outros, faziam da genialidade do drible a marca do
futebol nacional e sua supremacia internacional. Ganhamos copas com a
“molecagem” do drible, que desmontava esquemas bélicos europeus e
sulamericanos.
Mas
driblar no Brasil tornou-se significado de humilhar o marcador. Como se o talento não devesse mais se sobrepor
aos esquemas rígidos, zagueiros rígidos, juízes rígidos. Comentaristas formais.
Tolheram o direito do drible do futebol nacional, faz tempo atrasado e correndo
atrás dos oponentes. Viramos repetidores do antiquado, com zagueiros de
“pebolim”, presos e sem talento, tentando tolher o talento liberado dos
oponentes. Na dúvida vale o pontapé para parar o craque. Mas criminaliza-se o
drible, o provocador.
Na
rodada de hoje, 15/04/15, da Liga dos Campeões da Europa, que é uma mini-copa
do mundo, os zagueiros nacionais tomaram de 6X2. Não foi tão humilhante quanto
os 7X1 da Alemanha na Copa de 2014, mas foi bem próximo, até porque venceu o
talento, o drible, a qualidade que tolheram de nossos jogadores com a crítica à
magia do drible.
Davi
Luiz levou duas bolas entre as pernas de Suares, o Uruguaio genial. Na Segunda “caneta”
o artilheiro do Barcelona fez um gol magnífico, o terceiro do time catalão.
Final PSG 1 Braça 3. A vítima do Porto, dos patrícios, foi Dante, do poderoso,
Bayern. Nem o técnico Pepe Guardiola dá jeito na falta de qualidade dos
zagueiros da nossa Seleção. Final, Portugueses 3, alemães 1.
Talvez
a rodada de hoje explique, finalmente, os 7X1 dos germânicos. Como prarticamente
baniram o drible do futebol brasileiro, até excomungando os talentos
dribladores, temos zagueiros que não mais enxergam a mágica dos movimentos
insensatos, impensados, mas vencedores. Marcam a bola; não as asas das
chuteiras que glorificam o drible sem humilhar o driblado.
Imagem da ESPN
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