Mauro Pandolfi
"Cala a boca!" Era o título para este texto. Seria a
melhor definição para a punição da federação carioca de futebol ao vetusto
treinador Vanderlei Luxemburgo por reclamar do medíocre campeonato carioca.
Mas, ao escutar a entrevista de Fred, após o FlaFlu, e o comentário de Carlos
Alberto Torres, no Troca de Passes da Sportv, resolvi mudar para "Língua
Solta!" Todos dizem o querem, falam o que pensam, pensam e não dizem e
dizem sem pensar. É a democracia. "Que beleza!", repete o outro da
Sportv, sem muito pensar.
O Brasil é um país autoritário à esquerda e à direita. Vivemos um
curto período - o mais longo da história - democrático. É uma democracia que
vive de sustos, de riscos, de sobressaltos, de ameaças. Mas, sobrevive. As
ruas, ainda, atemoriza, desperta pânico, sugere medo e assusta o poder de
qualquer lado. O futebol é um bom retrato do país. A estrutura é arcaica e
ditatorial.
A cbf esconde-se no falso axioma de 'entidade privada'. José Maria
Marin passou a vida lambendo coturnos de militares e dedurando jornalistas.
Pesquisem sobre presidentes de federações e encontrarão gente que trocou o
mandato de líder de oposição por um cargo vitalício no poder e oportunistas de
enriquecimento fácil. Marco Polo Del Nero assumiu a cbf. É a mudança da
permanência.
Fred é um centroavante. Nunca foi meu ídolo. Respeito pela
coragem. Não foge do jogo duro dos zagueiros e nem de uma boa polêmica. A
expulsão foi ridícula, típica de juiz que gosta agradar o chefe. Fred bradou
pelo fim do campeonato carioca. "Tem que acabar e ponto", disse
ele. Foi punido e está fora da partida contra o Botafogo. É a
'democracia' do regulamento, como justificaram alguns jornalistas amigos do
rei, isto é, do presidente da federação carioca.
O velho, e mumificado, ex-capitão da Seleção de 70, Carlos Alberto
Torres, contesta as declarações. "Quem determina é o dirigente e o jogador
é pago para jogar", afirmou o 'craque' de um gol mítico que o levou ao
panteão dos heróis. Torres deixou claro porque foi o capitão da seleção. Era o
homem do poder no campo. Ou, seriam todos eles homens do poder no campo? Esta
dúvida não diminui o imenso time que é aquela seleção.
Os dirigentes das federações não perceberam que
estão matando os bons campeonatos estaduais. Ou, estão aproveitando os últimos
momentos destes certames? Estaduais é um bom tema de discussão. Fica para um
próximo texto.
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