quinta-feira, 16 de abril de 2015

Língua solta!

Mauro Pandolfi

"Cala a boca!" Era o título para este texto. Seria a melhor definição para a punição da federação carioca de futebol ao vetusto treinador Vanderlei Luxemburgo por reclamar do medíocre campeonato carioca. Mas, ao escutar a entrevista de Fred, após o FlaFlu, e o comentário de Carlos Alberto Torres, no Troca de Passes da Sportv, resolvi mudar para "Língua Solta!" Todos dizem o querem, falam o que pensam, pensam e não dizem e dizem sem pensar. É a democracia. "Que beleza!", repete o outro da Sportv, sem muito pensar. 

O Brasil é um país autoritário à esquerda e à direita. Vivemos um curto período - o mais longo da história - democrático. É uma democracia que vive de sustos, de riscos, de sobressaltos, de ameaças. Mas, sobrevive. As ruas, ainda, atemoriza, desperta pânico, sugere medo e assusta o poder de qualquer lado. O futebol é um bom retrato do país. A estrutura é arcaica e ditatorial.

A cbf esconde-se no falso axioma de 'entidade privada'. José Maria Marin passou a vida lambendo coturnos de militares e dedurando jornalistas. Pesquisem sobre presidentes de federações e encontrarão gente que trocou o mandato de líder de oposição por um cargo vitalício no poder e oportunistas de enriquecimento fácil. Marco Polo Del Nero assumiu a cbf. É a mudança da permanência.

Fred é um centroavante. Nunca foi meu ídolo. Respeito pela coragem. Não foge do jogo duro dos zagueiros e nem de uma boa polêmica. A expulsão foi ridícula, típica de juiz que gosta agradar o chefe. Fred bradou pelo fim do campeonato carioca. "Tem que acabar e ponto", disse ele.  Foi punido e está fora da partida contra o Botafogo. É a 'democracia' do regulamento, como justificaram alguns jornalistas amigos do rei, isto é, do presidente da federação carioca. 

O velho, e mumificado, ex-capitão da Seleção de 70, Carlos Alberto Torres, contesta as declarações. "Quem determina é o dirigente e o jogador é pago para jogar", afirmou o 'craque' de um gol mítico que o levou ao panteão dos heróis. Torres deixou claro porque foi o capitão da seleção. Era o homem do poder no campo. Ou, seriam todos eles homens do poder no campo? Esta dúvida não diminui o imenso time que é aquela seleção.
  

Os dirigentes das federações não perceberam que estão matando os bons campeonatos estaduais. Ou, estão aproveitando os últimos momentos destes certames? Estaduais é um bom tema de discussão. Fica para um próximo texto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário