Mataram
nossas paixões. O verbo com sujeito indeterminado é proposital. Não foi um
homicídio único, individual, culposo; foi um latrocínio coletivo. Mas o pior
dos crimes, um latrocínio sem armas. Foi um roubo de almas.
Nada
foi feito de rompante. Nada. Tudo com cuidado. Estudado. Meticuloso. Tudo bem
ardiloso. Silenciosamente se apoderaram de nossas paixões. Surrupiaram nossos
conceitos. Conceitos na calada da noite desfeitos. A eles impuseram defeitos.
E
assim foram lesando o mais sagrado da alma brasileira: as suas paixões.
Com
o futebol plantaram a corrupção institucionalizada que criou raízes, ramos e
troncos e matou o fruto desejado. Viramos arremedos de nosso passado. Folhas
caídas. Frutos podres. Ceifaram nosso sonho de sermos felizes nas conquistas
dos dribles criativos, dos passes mágicos dos movimentos de “cacos” teatrais. Esquematizaram
tudo. Tudo dentro do esquema.
Na política assassinaram a esperança com a impunidade de um menor infrator. Da punição não punitiva. Do latrocínio nacional sem julgamento. Mataram nossa mais íntima cresça de gritos de vencemos com um jogo de final infeliz. Esquematizaram tudo. Tudo dentro do esquema.
Dentro
do esquema, esquematizaram até o dentro. Dentro de campo. Dentro dos gabinetes.
O esquema tinha que matar a alegria, o desejo, o credo nos vencedores.
Transformaram nossa paixão numa peça burlesca de enredo duvidoso.
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