Mauro Pandolfi
Não
gosto de esporte. Gosto de futebol. Futebol não é, mais, um esporte.
É teatro de grama e paixão. A vida é representada, vivida,
repartida. Tudo está lá. O drama, a comédia, o amor, o mistério, a
aventura, os enganos, os desencontros, o terror, a esperança, o sonho.
Tudo contado em atos. Nem sempre bem separados. Às vezes, tudo junto.
Quase nunca misturados. Atores e públicos são parceiros, ou rivais, em
cena.
O primeiro ato. Vem em bandos. Trazem bandeiras, trapos, tambores e painéis com os rostos dos heróis. Os cantos são desafios bem embalados por um 'coral' afinado. De guerras ou de apoio. Dispostos a tudo. Fundamentalistas da paixão. Há o que chega sozinho. Solitário no silêncio. Aos poucos, descobre o grupo nos gritos, nas vaias, na festa. O soar do apito. Assim começa o teatro de grama e paixão.
O primeiro ato. Vem em bandos. Trazem bandeiras, trapos, tambores e painéis com os rostos dos heróis. Os cantos são desafios bem embalados por um 'coral' afinado. De guerras ou de apoio. Dispostos a tudo. Fundamentalistas da paixão. Há o que chega sozinho. Solitário no silêncio. Aos poucos, descobre o grupo nos gritos, nas vaias, na festa. O soar do apito. Assim começa o teatro de grama e paixão.
O
segundo ato. O campo, o jogo, os times. A bola rola. Troca de passes. O
jogo estudado feito um ensaio. O posicionamento lembra a marcação de
uma peça. Flui em diálogos, os passes. Ou, um monólogo, o drible. O jogo
vai crescendo em intensidade. Os murmúrios da plateia exige uma outra
postura. A agressividade vai substituindo o riso, a diversão. Fim do
segundo ato.
O
terceiro ato. A pressão da vitória, o grito pelo gol, o desespero pelos
erros de passes geram um drama que vai crescendo com o passar do tempo.
Os olhares são de aflição. O torcedor tem o medo da derrota, do
fracasso que é o seu parceiro diário. O jogo tem um segredo, um enigma.
Decifra-me ou te devoro? Os enganos e os desencontros surgem na
tentativa de descobrir a saída. A bola vai alta, longe, dispersa. Até
que alguém descubra a magia. Decifre e crie a alegria do teatro. A
plateia explode em êxtase no gol. Fim do terceiro ato.
Epílogo.
O trilhar do apito. O suor, as lágrimas, os risos, os abraços, a festa,
a derrota. O jogo não termina aí. O teatro de grama e paixão continua.
Às vezes, como farsa. Outras, como epopeia. Um jogo de futebol tem a
duração da eternidade.
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