Chiko Kuneski
Antes
dos torcedores conhecerem o factual da imagem de um jogo de futebol pela
televisão, o imaginário da velocidade das palavras dos locutores esportivos
construíam a dinâmica do torcedor. Até mesmo quando se tinha a sorte de ir ao
campo ver o time, a magia do descritivo das ondas do rádio ia junto.
Os
lances, às vezes mornos, ganhavam dramaticidade no descritivo, na entonação, na
empolgação verbalizada. Quando não estava no estádio, com o rádio colado ao
ouvido, de olhos fechados, o torcedor desenhava mentalmente o lance, detalhe
por detalhe, até os inventados pelos mágicos da fantasia.

O
grito de gol era amplificado com o toque do dedo no volume. Todos tinham que
ouvir o estilo do locutor para mostrar a vibração da torcida quando do estufar
das redes. Por respeito, o ouvinte apenas gritava o gol segundos depois do
locutor do rádio.
Antes
das transmissões costumeiras de futebol pela televisão, com sua fria imagem e
sem o poder do imaginário, o jogo bretão era mais lúdico, sonhado e fantasiado.
O locutor esportivo de rádio, ainda tem quem o prefira, continua sendo um
inventor da fantasia futebolística.
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