quarta-feira, 4 de março de 2015

O Gol!!!

Mauro Pandolfi

O gol é um latifúndio. Tem a imensidão da desgraça e a fúria da esperança. É o ponto de encontro do riso e da dor. Vitória e derrota são o mesmo lado da moeda, gêmeos no desespero.

É o lugar onde a humanidade tropeça. O herói é desconstruído. O comum é tornado deus. O erro e o acerto andam de mãos dadas feito namorados. No erro, o ídolo é imolado, decapitado, consumido em partes, devagar. O perna de pau é devorado por inteiro, num ódio bíblico. Mitificam-se no acerto. O gol é a tragédia do futebol.

Maldito. Perambula pelo espaço exíguo como se tivesse perdido no infinito. Vive intensamente a emoção da glória e do fracasso. O goleiro não é um jogador de futebol. Nem detalhe tático, nem profissão. É um angustiado personagem de um teatro de grama e paixão. Solitário ator que tenta impedir o desejo do jogo. A alegria do gol é o riso da morte de um goleiro.

O medo diante do pênalti. Estáticos. Olhares trincados. Músculos retesados. Tensão. Há algo cínico no pênalti. Onze passos de uma execução. Pelotão de fuzilamento. A rede não é de proteção. Ele corre. Ele curva-se. Ele bate. Ele voa. A bola, traiçoeira, escapa, tocando nos dedos e aninha-se na rede. Ele pula, soca o ar! Ele estatelado, soca o chão.


Os gritos se confundem! De alegria e fúria. A cena pode ser outra. Mas, só é encantada quando o goleiro é do nosso time.

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