Chiko Kuneski
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Expulso? Eu? Mas o que eu fiz?
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Nada!!
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Então porque estou sendo tirado de campo?
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Já mandei! Fora! Sai por bem ou chamo os policiais.
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Se é assim...
Um
longo respirar de resignação, olhar triste para o gramado, cabeça baixa.
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... eu saio, senhor juiz.
Caminhou
em passos lentos, lamentoso. Não iria participar dos minutos finais e cruciais
daquela partida tão importante. Nem xingou em pensamento o árbitro, ele não
merecia sequer seu desprezo. Não olhou para trás. Apenas caminhou calmo,
respirando ofegante, encharcado pela torrencial chuva de final de verão que não
parava de cair.
As
lágrimas na face não eram de tristeza, de raiva, de revolta. Soluçava pelo
inédito momento. E tinha que ser logo naquele fatídico dia. Mas a chuva adoçou
o amargor da expulsão. A chuva e a quase incontida euforia, já misturada com a
precoce saudade.
Aquela
partida seria sua última. Depois de tantas, sempre no mesmo campo. Sempre por
seu time do coração eleito ainda criança. E, logo nesse jogo, sua única
exclusão de campo e por não ter feito nada.
Antes
de deixar o gramado teve a petulância de parar, virar o corpo, olhar altivo e
ouvir o estrilo do apito. O jogo acabou. Acariciou com carinho a bola que
surrupiou sem que ninguém visse e vibrou. Vibrou como nunca antes na vida.
Aquele
era o primeiro campeonato do time que tanto amava e por quem dedicou tantos
anos a cada domingo. Embalou a bola com o manto sagrado do time do coração,
ainda do menino, que secretamente vestia sob o uniforme já surrado de gandula.
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