Chiko Kuneski
O vazio do espaço me
encanta. É o pensamento ilógico do pintor, do arquiteto, do escritor diante da
página, do pensador. O vazio do campo é a lógica do jogador ilógico, que
confunde até os companheiros de time. O vazio é o desafio.
O jogo está no vazio. Fica
no entre corpos. No antever o momento; enquanto muitos procuram o movimento. O
futebol está e sempre estará no pensar e agir no vazio. No antever. No
surpreender.
Impossível marcar quem
preenche o vazio com o desenho mental de um lance completamente terminado.
Pinta, na finta. Arquiteta a sequencia da construção. Escreve poemas não
paginados nos retângulos demarcados por linhas imutáveis. Pensa enquanto age e
age enquanto pensa.
O encantamento está
nisso. No surpreendente preenchimento do vazio deixado. Lance de gênio. Lance
de fora de série. Lance de craque. Lance de sorte. Chamem como chamarem. Será a
imagem inapagável, a construção indestrutível, a frase inesquecível, o
pensamento sempre lembrado.
O lance lançado no
vazio, não visto por estar num vazio, é o grande detalhe do futebol, feito no
curto espaço do tempo e eternizado.
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