Chiko Kuneski
A ficha caiu. O tempo
era curto. Mas, longo o bastante para intimidar o oponente no olho no olho,
feito duelo de filme de cowboy. Era mirar a retina. Quando mais invasivo fosse
o olhar, mais temor impunha. Os dois sabiam disso. Era, acima de tudo um jogo
de olhares.
Mas a bola caiu. No centro.
Obrigando o movimento. O olhar tem que descer para o campo imaginário. Sai do
olhar do oponente, vai para a bola. Olhares. Há quem diga que diga podem ser divididos
em frações. Podem. Mas também podem se fracionar.
A bola, o toque, o
movimento, a fração do momento do olhar a bola e todo o jogo. Não existe o
olhar ao adversário. A bola. O campo. O movimento. O momento. Isso define.
No toque a bola
espirrada da esquerda cai na direita. Prensada na origem, “quadrada” , mas chega limpa. Não se olha nos olhos do
oponente, a bola é o objeto do jogo. Chega torta, dividia, carambolando, mas
possível de domínio.
Basta ter a paciência e
a competência para o controle do objeto principal. Mas, sem olhar o outro
jogador. Já não mais importa. Dominada a bola o passe fica certeiro para o
centro. Cara a cara com a meta. Basta chutar.
A bola caiu. Dessa vez
no alçapão. Sumiu. Quem terá outra ficha para continuar o jogo?
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