quinta-feira, 21 de abril de 2016

Pebolim

Chiko Kuneski

A ficha caiu. O tempo era curto. Mas, longo o bastante para intimidar o oponente no olho no olho, feito duelo de filme de cowboy. Era mirar a retina. Quando mais invasivo fosse o olhar, mais temor impunha. Os dois sabiam disso. Era, acima de tudo um jogo de olhares.

Mas a bola caiu. No centro. Obrigando o movimento. O olhar tem que descer para o campo imaginário. Sai do olhar do oponente, vai para a bola.  Olhares. Há quem diga que diga podem ser divididos em frações. Podem. Mas também podem se fracionar.

A bola, o toque, o movimento, a fração do momento do olhar a bola e todo o jogo. Não existe o olhar ao adversário. A bola. O campo. O movimento. O momento. Isso define.
No toque a bola espirrada da esquerda cai na direita. Prensada na origem, “quadrada” ,  mas chega limpa. Não se olha nos olhos do oponente, a bola é o objeto do jogo. Chega torta, dividia, carambolando, mas possível de domínio.

Basta ter a paciência e a competência para o controle do objeto principal. Mas, sem olhar o outro jogador. Já não mais importa. Dominada a bola o passe fica certeiro para o centro. Cara a cara com a meta. Basta chutar.

A bola caiu. Dessa vez no alçapão. Sumiu. Quem terá outra ficha para continuar o jogo?


Nenhum comentário:

Postar um comentário