quarta-feira, 25 de maio de 2016

Nojo

Chiko Kuneski

“ O desconforto tem que vir com vômito
Seja líquido; seja verborrágico
O nojo nos torna biliar
Manda o cérebro não pensar
Dá o comando ao fígado”

Começo essa crônica com parte de um poema pela náusea que me vem das entranhas. Estranha. Nojo. Nunca pensei em sentir nojo de ver futebol. Mas até isso conseguiram. Me marearam no balanço do roubou descarado da maré que faz a marola ao seu prazer. Venceram meu estômago futebolístico. Balançaram minha capacidade crítica que desceu às vísceras e tornou-se liquefeita e visceral.

Mas quem mudou tanto o mar da paixão futebolística que trago desde criança? Os árbitros. Os togados de apito e bandeira. Os que mudam jogos. Mudam resultados. Mudam vidas. Mudam sonhos.

Nunca pensei em escrever isso, mas me sinto com nojo do futebol brasileiro e seus juízes desatinados, para dizer pouco. Acho que são verdadeiros ladrões. Roubam desatinadamente tanto, que nos lesam até a paixão.

Apagam o racional. Nos levam ao visceral. Ao biliar amargo. Parecem espelharem-se na corrupção dos políticos e tudo mudam ao seu critério. Sem critérios. Sem conceitos. A não ser o que deve ser feito pelo encomendado. Ao seu proveito.

Foi-me o tempo de dar crédito ao descrédito e justificá-lo pela incompetência. Foi-me o tempo. É logro. É enganação. É roubo institucionalizado. A ninguém deve ser dado o direito de tantos erros, seguidos, repetidos, desmedidos, com a desculpa de falha humana. É falha de caráter.

Nós, torcedores, somos, rodada após rodada, vilipendiados, enganados, roubados e usurpados do sonho do prazer de torcer pelo time, pelo clube, pelo futebol. Os árbitros se graduaram no logro, no roubo, no proveito que lhes convém. Levam-nos a cada jogo, a cada rodada, a cada semana a magia, a fantasia, o desejo, o ensejo do bom futebol.


Estou com nojo. Enjoado. Nauseado. E a bílis comanda meu cérebro. Só me restou esse vômito.

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