Mauro Pandolfi
A
minha vida passa pelo futebol. É a paixão mais antiga. A sobrevivente. O
menino que adorava olhar pela janela do quarto e ver a trave do Vermelhão me visita
de tempos em tempos. Lembra dos jogos, dos gols, da alegria. O futebol é um amor eterno. E, navego em todos os chavões românticos. O prazer, o sofrimento, a decepção, o êxtase, a superação, o quase rompimento. A ideia do rompimento acaba ao ver a bola rolar. O movimento, o passe, o drible, a roubada de bola, a fúria, a inteligência, a estratégia, me mantém apaixonado pelo jogo da bola. Eternamente encantado.
O
teatro de grama e paixão é o meu culto. Preparo-me como alguém que vai a missa. Os livros com cantos, a pequena bíblia, o terço, a fé levados com carinho à igreja em busca da verdade, da paz, da serenidade. Busco
nos meus alfarrábios as informações do jogo. A escalação, os jogadores,
os treinadores, as estratégias. Quem pode surpreender e quem pode
'entregar'. É um hábito quem vem desde o tempo de jornal. Raramente vou
só com a alma, a coragem e o desconhecimento. Não consigo ser só
torcedor. Ver o jogo só pelo prazer de ver. Analiso, anoto, rascunho uma
crônica, que nunca publico. A paixão virou profissão. A profissão
ficou no passado. A paixão nunca mais foi romântica. Virou hábito, como
um casamento. Um belo casamento!
Mas, há dias que largo tudo. Me
sinto traindo a amada. Vou buscar outras coisas. No último domingo, a
primeira rodado do Brasileiro quase levaram-me ao 'divórcio'. Ruim.
Muito ruim. Péssima. Jogos para abandonar o amor. Longe de um bar,
procurei um 'abrigo'. Troquei por Largados e Pelados. Um casal tentando
sobreviver na selva. Dura, vida dura, desesperadora. Igual a rodada.
Porém, lá, no programa, havia a virtude da sobrevivência. No intervalo
faço um zap. Descubro o videoteipe
do Barcelona. Messi, Suarez e Neymar mostram que jogar bola é um ato de
paixão. O 'relacionamento' foi salvo a dribles, passes e gols. Como é
bonito o futebol jogado com poesia.
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