Mauro Pandolfi
Na
escuridão do quarto vejo o futebol do Brasil. Futebol? A Elaine entra,
vê o placar e dispara: "Já está perdendo!" Comento que é triste ver a
seleção. Rápida, visceral, ela devolve com uma precisão ausente no time
brasileiro: "Não pode ser diferente do país. É um espelho!". Fala, sai
do quarto e volta ao seu tricô acompanhado de uma bela trilha sonora. O
espelho é uma boa imagem que reflete o momento. Futebol e política de
mãos dadas. Gêmeos nas denúncias de corrupção, perdidos num imaginário
sem nexo, saudosos de utopia que só foi utopia. Dunga e Dilma são
passageiros de uma agonia. Dois tecnocratas, sem habilidade no diálogo,
que estão sendo tragados pela soberba e incompetência técnica. Não tem
mais nada a 'oferecer' ao país. Só não tem a virtude de ir embora, de
dizer adeus, até um dia na história ou, me esqueçam!
Fantasia
é o melhor adjetivo do futebol brasileiro. Invenção dos anos 40,
glorificada nos 50, deificada nos 60 e 70, anulada nos 80 e 90 e
sobrevivente no século 21. Um imaginário lúdico. O Brasil gigante pela
própria natureza. Por instante, foi real. Tempos de Pelé, Garrincha,
Didi, Tostão. Esperamos a reencarnação dos mitos em cada geração.
Vivemos a ilusão que o talento é suficiente. Não há nada a aprender. Só
ensinamos. O 7 a 1 é visto como um engano, um acidente. Nada foi feito.
Acho que nem uma análise crítica. A seleção é o retrato do futebol
jogado no Brasil. Anacrônico, previsível, chato. Uma boa 'safra' sendo
esmagada, destroçada pela decadência sem nenhuma elegância. Qual é a
sensação de Douglas Costa ao trocar o treinamento de Guardiola por
Dunga? Um túnel do tempo? O futuro e o arcaico? Ele é só um exemplo.
Talvez, o goleiro Alisson não sinta diferença entre Argel e Dunga. São
da mesma escola, mesma origem, mesmo clube. Práticos dos chutões, da
machonaria, do tapa na mesa. E, tem jornalista esportivo que ainda
defende isto. Alguns, querem até um 'bandido' no time. É o Brasil de
hoje, de ontem, de amanhã, de sempre.
Defendo
a extinção da cbf. Não tem mais utilidade. Nem da seleção sabe cuidar.
Nada foi feito após o 7 a 1. Nem estudos para mudança da maneira de
jogar, de gestão, de conceitos. O que Dunga fez entre 2010 e 2014?
Fracassou no Inter e ... mais nada! Fez algum curso, viajou, morou no
exterior, estudou, conversou? Não sei! A cbf está envolvida em
corrupção, um presidente preso, outros escondidos, um eleito
apressadamente. Nada foi feito para limpar a entidade, a imagem. Aliás, a
escolha do hotel da seleção em Porto Alegre é duvidosa. O auxiliar
momentâneo de Dunga, o ex-zagueiro Lúcio - outro legítimo representante
desta escola - é um dos sócios do hotel. Parece que a 'boquinha', o troquinho' se tornou
cultural.
A
política não difere do futebol. Acuada, a presidente Dilma Roussef
armou um imenso fim de feira após a saída dos ratos do pmdb. É o
resultado da promiscuidade, da coalizão, da governabilidade. Para ter 'o
sonho utópico' valeu a pena? O país está destruído. Tragédias diárias
na saúde - que falta faz um Osvaldo Cruz! -, na educação - escolas decadentes, ensino de má qualidade -, da destruição ambiental - que será de ti,
Mariana? - , da quebradeira das empresas - mais de 4 mil fábricas
fechadas - , do desemprego maciço - mais de 10 milhões -, dos rombos -
disse rombos! - da Petrobras são retratos do Brasil real. E a utopia do
Brasil gigante, como todas as utopias, foi só uma farsa, uma arapuca,
uma maracutaia. Não sou eu que decido o destino. Só me me resta rezar para que tudo isto não acabe em uma ditadura. A tentação totalitária, neste país, à esquerda (o que é isto?) ou à direita (o que é isto?), é atávica.
Qual
o motivo de manter Dilma? A eleição é uma legalidade. A legitimidade.
pode ser perdida com o tempo, com a má gestão, com a ineficiência, com a
incompetência, ou com problemas criminais. O discurso da 'utopia' é
cínico. Não defendo o impeachment. Seria um corte dramático e drástico
para o país. Há um monte de Neros, Napoleões fora do hospício, soltos
nas ruas e no congresso. Mas, não
considero golpe. Está na mesma lei que a elegeu. Não é um artigo novo. O
pt é vítima de suas palavras, de seus atos, de suas bravatas, de seus
canalhas. Não tenho sonhos, utopias ou esperanças. Tenho dois filhos que
vão viver o mesmo Brasil de meu avô, do meu pai, meus irmãos e meu. É
triste! O passado preso no presente, não como lembrança, como
eternidade. Queria a renúncia - vale também para Temer. Afinal, não se
elegeram juntos? Porém, não sei se Dilma tem a virtude de pensar o país.
A saída que desejo é uma uma assembleia constituinte e eleições diretas
para todos os
níveis já. Não descobri se sou um idiota ou sonhador, perdido na
realidade? Depende de quem ler, sei a resposta. É indiferente! Acho que são sinônimos.
Dunga
é um esbirro de treinador. Um vencedor amargurado. Um ótimo volante.
Mas, um equívoco como técnico. Nunca pensei na possibilidade de ver o
Brasil fora da copa. É a primeira! Dunga, pega o boné e vai para casa,
comentar
na tevê, brincar com os netos. Hoje, no feicebuque, um 'amigo', com a
foto do 'não vai ter golpe', postou a mensagem: "fora Dunga!". No dos
outros é mesmo refresco. O que faz alguém se apegar tanto a um
cargo? Vaidade, poder, dinheiro? Não sei! Nunca fui chefe, não tenho
dinheiro e a vaidade se resume a um elogio por um texto ou pelas minha
massas.
Não seja por isso, meu amigo! Adoro teus textos e tuas massas. Os textos posso curtir semanalmente, agora as massas... faz tempo que estamos combinando e ainda não deu certo. Levo as cervejas e você leva as massas e vamos festejar!
ResponderExcluirCom relação ao texto, minha observação é a seguinte: temos substituto para Dunga, mas não temos para Dilma. Penso que os dois estão com a corda no pescoço, ambos merecidamente, porém no caso do anão colorado temos várias caras novas a escolher...
Grande abraço meu amigo!
Substituto do Dunga? Qualquer um, menos o Roger. A minha sua sugestão é o treinador trabalhador. Dá-lhe Roth! Da Dilma, não sei! Estou pensando se precisamos mesmo de governo e de estado. Já as massas e as cervejas, é só marcas. Vai ser legal. Ah, grato por afagar o ego e a vaidade. Abraços.
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