Mauro Pandolfi
Domingo
dividido num tubo. De um lado, a multidão. De outro, a ausência. Um
mundo, quase, sem ninguém. De um lado, a rua é do povo que protesta com a
alegria de um carnaval. De outro, um jogo sem torcida, sem festa, com
muitos gols. De um lado, gritos para a depuração do país. De outro,
silêncio com um futebol que se submete ao mesmo. De lado, falsos
protagonistas vaiados, expulsos. De outro, jovens, perdidos, que
procuram um sonho através da bola. De um lado, na Beira-mar, a multidão
brada o pedido do impeachment de Dilma Roussef. De outro, o técnico do
Avaí, Raul Cabral, tenta se manter no cargo após a goleada de 4 para o
Metropolitano. Domingo, vivi a metáfora e a realidade. O futebol é um
teatro de grama e paixão onde tudo é contado. A vida é uma paixão que
tenta superar o drama de um país à beira do caos.
O
futebol perdeu o domingo para a rua. A bola passeou despercebida,
quase não foi vista. Em muitos caos, dividiu a tela com os protestos.
Estranho! A jogada pelo lado esquerdo. O corte da tela, escondia a bola,
o jogador, a jogada. Às vezes, atento a partida, procurava a bola na
multidão que cantava. Também, perdi o boneco da cobra que parecia
escapar para o campo. Domingo democrático. Vi camisas de clubes de
futebol. Nenhuma superou a da Seleção Brasileira. Vista como na festa
dos títulos mundiais. Desagradou muitos, que questionavam a corrupção
da cbf. Um exemplo de uma entidade que exerce os seus podres poderes há
tempos.
"Ir
num protesto contra a corrupção com a camisa da cbf é piada!", disse-me
um não manifestante irritado. A observação é exagero. Uma
tergiversação, uma desculpa, uma manipulação rasteira. A Seleção
Brasileira é uma referência cultural do país. Não tem dono. É como fosse
um símbolo. Ninguém grita cbf nos estádios. Ninguém vibra com um
cartola. Se isto incomoda, gera constrangimento, é a hora de resgatar a
Seleção Brasileira da cbf. É o momento de devolução ao povo brasileiro.
Se a ela não serve para cuidar da Seleção, não tem utilidade nenhuma.
Que tal no próximo protesto, além da cabeça dos políticos safados,
pedirmos o fim da cbf?
Nenhum comentário:
Postar um comentário