domingo, 15 de fevereiro de 2015

O pau ordinário

Chiko Kuneski

O futebol, como toda organização social, tem seus tabus e suas intocabilidades.  Mesmo com o tempo alguns conceitos não mudam. Conceitos e palavras emblemáticas. Pau é uma delas. A expressão está presente o tempo todo no futebol, até mesmo no futebol feminino. Não existe futebol sem pau.

O pau do futebol vem das antigas traves, ou balizas (goal em inglês, língua mátria do esporte), que eram quadradas e de madeira. É dessa analogia o “bateu no pau”, ainda em uso. Mesmo com a circulização das traves, o pau continua na boca dos locutores esportivos, comentaristas e torcedores.  E na mão dos bandeirinhas e das bandeirinhas (é um substantivo de dois gêneros, como presidente).

A atualidade fez com que as mulheres também gostem e saibam futebol. Mas houve uma época que futebol era “coisa de macho”, até no seu entendimento. E ai vem o tabu do pau. Sem se interessarem, sem participar e sem serem protagonistas do esporte, as mulheres tinham muitas dúvidas sobre expressões corriqueiras do esporte e, principalmente, sobre o “segundo pau”.

As casadas, na sua maioria, por não entenderem a necessidade de se ter um segundo. Outras porque talvez nem o primeiro ainda conhecessem. E para piorar as coisas: porque os homens falavam tanto de ter dois paus no futebol?

O entendimento feminino sobre as regras do esporte, em parte resolveu isso, mas ainda existe quem não entenda a ordem dos paus. Quem determina a posição?

O pau (substantivo masculino) da trave recebe os ordinais pela posição da bola (substantivo feminino). O mais próximo a bola é o primeiro pau; e o mais distante o segundo pau. O campo retangular, as duas traves, a troca de lado dos times nos dois tempos de jogo não têm qualquer importância.


Por proximidade, ou afinidade, a bola escolhe a ordem do pau. Ás vezes até “beijando” o pau do meio.

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