Chiko
Kuneski
Faz
tempo procuro uma metáfora para a decisão por pênaltis num jogo de futebol.
Talvez seja julgamento. Um julgamento sem jure, sem árbitros. Um ato único onde
promotor e defensor se confrontam na mesma defesa. Da euforia.
É
um ritual que julga sem provas. Apenas se atenta às destrezas. Do promotor que
vai impor sua tese à bola, tentando que ela convença a rede. Do outro lado, o
defensor, que conversa com a bola ao pé do ouvido, procurando demover seu
ímpeto, impiedoso, de convencer a rede com as astúcias do promotor.
Um
jogo de astúcias que começa no lento caminhar do cobrador, o promotor, e da
paciência do goleiro, o defensor. Um, caminha pensando como vai convencer a
bola a seu favor, passo por passo, do meio do campo até o púlpito da cobrança
do pênalti. O outro, apenas observa a caminhada e tenta entender quais
argumentos serão usados para convencer a bola. Ele, às vezes, até conversa com
as traves. Mas elas não julgam.
No
movimento dos corpos. Nos olhos nos olhos. Nas faces. Cobrador, promotor, e
goleiro, defensor, se estudam. Não falam. Não precisam convencer jurados. A
sentença será dada pela bola.
A
bola é a verdadeira juíza que vai exprimir a decisão do julgamento decisivo.
Somente a bola. Cabe ao promotor e ao defensor convencerem-na.
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