quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Crônica da morte anunciada

Chiko Kuneski

Que o futebol brasileiro enfrenta uma das suas piores crises não é segredo para qualquer torcedor. É uma crônica de uma morte anunciada. A pá de cal veio na Copa do Mundo de 2014 com a fatídica e histórica derrota para a Alemanha por 7 a um. O time germânico humilhou futebolisticamente a Seleção Nacional vestindo o terceiro uniforme, inspirado na camisa rubro negra do Flamengo. O que todos dizem ser o maior time nacional.

Daí vem a jocosidade. Aquele jogo foi talvez o começo da morte anunciada dos “times nacionais”.

Cartolas, jornalistas, emissoras detentoras dos direitos de transmissão das partidas de futebol apregoam há anos o fim dos campeonatos estaduais e regionais. Usam como desculpa a falência das competições, que fortalecem os times locais e mais próximos das suas torcidas, também locais. Não é uma questão financeira de renda nos estádios. O ponto fundamental é o crescimento dos times estaduais.

A organização local dos clubes fortaleceu os primeiros times do coração de qualquer torcedor, substituídos por times nacionais na falta de seus escudos nas competições como o Brasileirão e Copa do Brasil. Os torcedores que apenas tinham o segundo time para torcerem nas competições brasileiras passaram a ver o time do coração, a primeira paixão, o escolhido, disputando com a segunda opção.

Esse fortalecimento dos times locais e, da consequente identidade maior com os clubes de sua cidade, colocou os times nacionais como segunda opção de fato para os torcedores. Somente na ausência do time do coração, torcem por o de longe, da televisão.

O cada vez mais forte ataque dos cartolas, jornalistas e programas esportivos aos campeonatos estaduais é por já terem entendido a possível “morte anunciada”, mas dos times nacionais.


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