quarta-feira, 31 de maio de 2017

Tem que contratar!



“Eu estou com as massas e as massas derrubam até governos".
Grande frase de Gentil Cardoso, dita na comemoração do título carioca de 1952, quando foi carregado em triunfo pela torcida do Vasco. No dia seguinte foi demitido. É um bom conselho para os políticos deste ajuntamento.

Mauro Pandolfi

O futebol é um jogo de frases. Há as históricas que identificam os grandes. "“Daqui pra frente, quero todo mundo indo pra cima e chutando a bola pra dentro da área de qualquer ângulo. Sabe como é: contra time pequeno, bola na bunda é pênalti". A frase é de Gentil Cardoso. Autor de uma outra que identifica um jeito de jogar: "Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência.” Também, há as suas folclóricas que mostram uma ideia de jogo. "Bola pro mato que o jogo é de campeonato". Mas, nada supera a vã filosofia, a do medo da queda, da ausência da vitória. É repetida por torcedor de arquibancada, de sofá e se torna histérica quando pronunciada por alguém que ganha para dar opinião: "Tem que contratar!". Não há rigor analítico, nem critério, nada. Só o pânico do 'fracasso'. Desesperados, assustados, os cartolas não resistem aos apelos, pressões, ameaças. Contratam! O resultado é quase sempre o rebaixamento! Porém, todos sabem, 'futebol é uma caixinha de surpresa'.
Não há nada de novo sob o sol, nem sob a chuva. Três rodadas, má campanha, a ojeriza da queda vira um terror. Sport Recife apelou ao passado para dirigir o time. Buscou Vanderlei Luxemburgo. Falastrão, o técnico chegou falando em título. Jogador de pôquer, Luxa tenta mostrar,  mais uma vez, que seu 'pojeto' não é o mesmo blefe de sempre.  Aliás, o passado é o argumento predileto na hora da contratação. Quanto mais decadente, mais velho, mais cara de 'ex, mais jeito de reforço tem. Reforço?
Z-4! A situação que apavora uma torcida. O Atlético Goianiense ainda mantém o treinador Marcelo Cabo. Ele sabe que o prazo de validade é mais uma derrota.. Apavorados, os cartolas tentam Diguinho, Thiago Ribeiro, Muriqui e Juan. Todos com currículo. Uma década atrás seriam reforços. Agora, como um diz um antigo jornalista esportivo, 'só vão gastar papel higiênico, sabonete e inchar a folha de pagamento'. Ainda há um pouco de lucidez nos 'donos da opinião'. O Vitória tem um sério dilema. Como demitir um velho ídolo recém contratado? Petkovic balança, balança, será que cai? A validade está terminando.
E, o Avaí? O time que 'não subiria' o ano passado perdeu o encanto. Seu treinador Claudinei Oliveira  é contestado, o craque Marquinhos ficou velho, Rômulo não 'joga no time da rua' de muitos torcedores e está na zona de risco. 'Tem que contratar!' urram todos os dias. Nos bares, nas esquinas, no estádio, nas redes sociais, na rádio, em todos os cantos. Pressionados, os cartolas atenderam o apelo e compraram a 'cartilha do rebaixamento'. O planejamento e o 'projeto' de gastar menos do que arrecada virou fantasia. Chegaram Maycon, Juan e Willians. Ainda podem descer na Ressacada: Alex, Nilmar e Muriqui. O Avaí aposta no passado destes medalhões. O futuro, o sub 20, fica para um outro tempo, que nunca virá. Quem sabe, o torcedor avaiano irá reconhecer seus 'meninos' quando brilharem com outras camisas. Afinal, como dizem por aqui: 'menino joga contra menino; homem contra homem'. E o sub 40?

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