Chiko Kuneski
“O futebol é um jogo de olhares.”
Mauro Pandolfi
O Brasil vai começar a
testar o árbitro do replay. Um julgador de imagens. Sentado confortavelmente
numa cadeira em sala de ar condicionado. Longe da torcida. Frio como a tela de
plasma que usa para julgar. Nada de novo. A tecnologia já está em teste na
Holanda.
Mas esse olhar cibernético,
de câmeras, dependendo do estádio e da geração, principalmente no Brasil, que
pode ser de 8,16, 32, 64, com drones voadores sobre o lance não mudará a paixão
da dúvida? Volto a frase de Pandolfi, que acho uma boa definição do esporte,
sempre serão os olhares.
O primeiro olhar será
do gerador dos outros olhares, o operador da câmera. Não pode ele tremer e
mudar o foco? Mudar o ângulo. Mudar os demais olhares? Não podemos esquecer
que, por enquanto, haverá sempre um homem comandando a máquina.
Depois esse olhar, ai
ainda mais arguto, dependerá do operador de replay. O melhor e mais bem
treinado das grandes transmissões televisivas do mundo leva cerca de dez segundos
para localizar a imagem litigiosa. Dez segundos. Basta uma piscada e o lance se
vai e de matéria da jogada no campo vira milhares de bytes no espaço.
Mas a técnica, por mais
treinada que seja do homem dos botões mágicos, terá que passar pelo novo olhar.
O do árbitro de imagem. Ainda não se decidiu se estará do lado do campo ou em
cabine isolada e com comunicação com o suado apitador dentro das quatro linhas.
Novos olhares.
Imaginem os torcedores
paralisados, apopléticos, pelos olhares dos apitos cibernéticos, com olhares
congelados, num gol capital que dará o título tão sonhado ao time do coração
nos acréscimos dos acréscimos. Estáticos. Mudos. Atônitos. A espera de tantos
olhares para soltar o grito de gol. Mas será que o computador não errou?
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