A espera de mais um
Eu nunca acreditei em milagres, nem mesmo havia presenciado algum até então. Milagre era algo metafísico demais para minha pessoa cética, estava além das possibilidades dos meus princípios, além demais. Portanto, eu não acreditava em milagres. Entretanto, naquele ano profético de 2013, o que eu não podia prever é que na pequena-grande cidade de Florianópolis, que é como eu gosto de chamá-la, surgia um milagre, um milagre que tinha tonalidade definida: era um milagre preto e branco.
A série B do campeonato brasileiro daquele ano contava com os dois times de Florianópolis: Avaí e Figueirense. Ao fim da 32ª rodada, as esperanças alvinegras de acesso eram escassas. O Figueirense havia perdido mais uma partida e sua posição na tabela era apenas a 10ª, longe da sonhada zona de acesso que envolve os quatro primeiros colocados na tabela.
O Avaí era o 4º e vinha embalado, sedento pelo acesso e confiante. A próxima rodada era o clássico, na Ressacada, casa do Avaí. Às vésperas do clássico, tudo que se discutia era a possível vitória do Avaí, que vinha embalado e devido à péssima fase do Figueirense, já se permitia dizer que o Figueirense iria ficar mais um ano na Série B. Miguel Livramento, em uma de suas colocações, deixava bem claro: “eu nunca vi milagre, e o Figueirense não vai ganhar, não existe isso, seis jogos seguidos, ganhar seis!”. Nem eu acreditava. Então, só restava o clássico. A única missão do Figueirense no campeonato era ganhar o clássico.
E então foram necessários 45 minutos para a festa e a arrancada alvinegra começar. O fim do jogo: Avaí 0x4 Figueirense, em plena Ressacada. Com esse resultado, o alvinegro venceu os seis jogos que precisava e o Avaí perdeu-se na certeza de uma vitória sobre o grande rival - acabou o campeonato em 10º. O Figueirense ficou em 4º, voltou à Série A no ano seguinte. Esse foi o primeiro milagre que pude assistir e presenciar, e na certa, o mais emocionante da minha vida.
Agora, a Série B de 2017 vai começar, quatro anos após a última participação do Figueirense na mesma. O Avaí disputará a primeira divisão – o que dá vazão para um ano de brincadeiras intermináveis por parte do meu pai. O Figueirense, mesmo com suas peças novas, continua com a dúvida, a incerteza e busca, para mim, outro milagre na Série B: a volta à Série A de 2018.
Iniciaremos essa caminhada sábado, contra o Goiás, lá no estado goiano, e agora, mais do que nunca, “andar com fé eu vou!” Sobre os milagres, bom, agora eu acredito neles e podem acontecer; ou não.
Crônicas por tubo sempre aberto aos novos talentos apaixonados por futebol.
Matheus Teixeira é um brusquense, 20 anos, estudante de música, apaixonado pelo Figueirense
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