segunda-feira, 29 de maio de 2017

Ciao, Totti!

"Eu gostaria de fazer isso com uma música ou um poema, mas não consigo escrever nenhum.
Ao longo dos anos, eu tentei me expressar através de meus pés, que tornaram tudo mais simples para mim desde que eu era uma criança."
Palavras de Francesco Totti ao declarar o eterno amor ao Roma
Mauro Pandolfi


Não vi o jogo. Nem a homenagem ao vivo. Li sobre ela, assisti nos programas esportivos. Deve ter sido encantadora e inesquecível. A emoção ao vivo, perdi. Mas, ao ver o choro de Gian Oddi percebi toda a emoção da despedida. Nem o criterioso analista conseguiu esconder a paixão e o agradecimento ao velho mito. Futebol é mesmo a maior invenção humana. Somos eternas crianças que amam um brinquedo que roda, rola, balança a rede ou os quadris de um adversário, durante toda a vida. Há momentos que jogamos, Outras, assistimos. Aplaudimos, reverenciando quem nós remete ao tempo de criança de correr atrás  da bola. Totti foi um destes magos. No futebol o adeus não significa o fim e nem um até breve. O ídolo é eterno. Está na história, na memória, no imaginário de um torcedor que sempre lembrará, reverenciará e sentirá saudade nas horas tristes, nas derrotas, nas crises. Assim é o teatro de grama e paixão O jogo continua. Belo, instigante, triste, alegre, de vitória, derrotas. Exatamente como a vida.
Falcão foi o Rei de Roma. Desfilou sua elegância exuberante,  ganhou títulos, virou paixão dos 'romanista'. Talvez, o melhor jogador da história do clube. Porém, não se compara a Francesco Totti. O menino que atravessou a vida com uma camisa que faz parte do corpo. Tatuada na alma. Desenhada no coração. Esculpida no cérebro.Totti é cultuado nos cânticos, nos gritos, símbolo de fé na terra do Papa. Totti é um raro jogador deste tempo. Recusou o Milan e o Real Madri. Preferiu a paixão, o amor, ao time que torcia, vibrava quando menino. O jogador que sofria nas derrotas, vibrava nas vitória. O torcedor em campo. Totti é um romântico derradeiro da bola.
Vi a foto de uma camisa do Roma homenageando Totti. Sem publicidade, limpa, leve, linda. Nas costas, o nome. O número é o destaque. O 'dez' em romano. O 'X' só é possível em Totti. O único, o símbolo, o craque que representa a história e a paixão. Ele declamou  o amor. "Ter nascido romano e romanista é um privilégio.Ser capitão deste time é uma honra. Vocês estão – e sempre estarão – na minha vida. Eu não irei mais entretê-los com meus pés, mas meu coração sempre estará com vocês. Agora, eu descerei as escadas e entrarei nos vestiários que me acolheram quando criança e que agora deixo como um homem. Sou orgulhoso e feliz por ter dado a vocês 28 anos de amor..Eu amo vocês.” Inveja dos romanistas. Os meus ídolos não vestiram só a camisa do meu time. Jogaram dois, três, quatro, não mais que cinco anos. Foram 'fazer' a vida. Deixaram-me órfão. De tempos em tempos, procuro um ídolo para chamar de meu. Encontro na minha memória, nas lembranças e no imaginário de um time de botão ou no playstation.


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