quinta-feira, 1 de junho de 2017

Os seguidores de Moisés

 

"Nenhum juiz expulsa um jogador antes dos dez minutos do primeiro tempo".
Mandamento do zagueiro Moisés, que aproveitava este período para descer o sarrafo nos atacantes, que marcou a infância, a adolescência dos jornalistas esportivos que criticaram, como exagerada, a expulsão de Nogueira pela violenta 'tesoura' em Luan.

Mauro Pandolfi

Quatro minutos. Luan recebe a bola, gira o corpo, livra-se da marcação, parte em velocidade... Parou em Nogueira. O zagueiro do Fluminense jogou-se sobre ele. Um tesoura digna de Ted Boy Marino. A perna direita de um lado do corpo de Luan; a esquerda, de outro. Cruzaram-se na frente. Sem defesa, Luan desabou. Nogueira não tocou na bola. Nem tentou tocá-la. O objetivo era impedir a ação de Luan. Impediu! O árbitro Thiago Duarte Peixoto, certamente não conhecia o mandamento de Moisés, expulsou Nogueira. Fiquei perplexo com as reações. "O cartão amarelo era o correto. O vermelho foi um exagero", afirmou o comentarista (sic) de arbitragem Carlos Simon que 'exageradamente' apitou em Copa do Mundo. Ele refletiu a opinião da maioria dos que são pagos para dar opinião. Até os 'defensores' do jogo limpo concordaram. 'Me caiu os butiás do bolso'! Poxa! Será o meu gremismo berrando? O árbitro errou em não expulsar Kanneman pelo carrinho violento. Ufa! A minha lucidez, ainda, não virou loucura.
Moisés tinha razão. Fiquei surpreso com a influência do mandamento de Moisés sobre os jornalistas esportivos. Não sei se foi na infância ou na adolescência que a 'mensagem' ficou gravada? Só sei que ficou! "Só tentativa de homicídio justifica uma expulsão tão cedo", afirmou Mauro César Pereira. Para o comentarista da Espn, a 'função do árbitro é conduzir bem o jogo. Ele estragou a partida", justificou. Opinião partilhada por Juca Kfoury e Arnaldo Ribeiro. Ambos consideram o lance violento. Porém, a expulsão 'foi um evidente exagero', disseram. E, se fosse aos 35 minutos do segundo tempo, a análise mudaria? Não sei! Não tenho contato com eles. Sou apenas um espectador. Mas, gostaria de saber se no lugar de Luan, o 'agredido' vestisse a camisa do Flamengo, Corinthians ou Palmeiras, a sentença seria a mesma? Curiosidade!
Não liguei para os comentários das rádios cariocas. A isenção é uma fantasia na imprensa. A perplexidade aumentou no Redação Sportv. Reduziram o jogo. Para a produção do programa, a partida durou quatro minutos. Esqueça Luan e seu golaço. Do jogo bonito do Grêmio, o time que melhor trata a bola neste país. André Rizek argumentou que o 'lance é de interpretação, que foi violento, mas a expulsão exagerada pelo tempo da partida'. Felipe Andreoli tentou ser um equilibrista. Acha que o "árbitro pode estar certo, Porém, estragou o jogo. No começo, só se fosse uma cotovelada, uma voadora no pescoço". O gremista Sérgio Xavier concorda com o exagero da expulsão, também lembra 'o início da partida'. Ninguém superou Diogo Oliver. Para ele, Nogueira 'vai nitidamente na bola e foi só uma jogada temerária'. Nunca imaginei que pipoca prejudicasse a visão.
Atenção, zagueiros! Porrada está liberada. Ninguém vai te xingar (ah, depende dos adversário, tá certo?) de violento. Bata, bata muito, até os dez minutos do primeiro tempo. Quem sabe encontre um árbitro que, assim como os jornalistas esportivos, conhece o mandamento de Moisés. Nada acontecerá! Se acontecer, terá bons advogados.

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