quarta-feira, 21 de junho de 2017

Um Iniesta brasileiro

 

"Como não reverenciar Iniesta? Simplesmente Iniesta. Iniesta é o futebol. Exagero? Talvez! Iniesta é o exagero do futebol…"

Quem sabe a frase do jornalista Thiago Mello um dia se encaixe em Arthur. Um exagero? Sim! Mas, também um sonho de quem venera um maestro. Hoje, Arthur é solista. O tempo, talvez, o torne um maestro.

Mauro Pandolfi



Um lance banal no meio campo. Sem importância. Foi lá pelos dezoito minutos do segundo tempo. A bola é de Arthur. Domina, controla, acaricia. Tem o manejo dela. É cercado por quatro cruzeirenses. Um tenta o bote. Ele negaceia. Vem o segundo, o drible é dado. Chegam o terceiro e quarto. Arthur, gira, rodopia, a bola sempre grudada no pé. Foge, escapa, livra-se da marcação. Livre para jogar. O passe certeiro encontra Luan que percebe a entrada de Ramiro. Fábio é mais rápido. Um lance qualquer que revela o talento. Arthur gosta da bola, do espaço vazio, do movimento. Lembrei de Paulo César Carpegiani. O mago que controlava o ritmo do jogo. Cadência ou acelerado. Porém, quem eu acho que  Arthur lembra mesmo,  é Iniesta. O maestro da Catalunha! Poxa! Não vou dizer isto. Vão achar que é devaneio, exagero, paixão de gremista. Mas, lembra Iniesta, sim!
O espaço vazio é o lugar de Arthur. Sempre acha uma brecha na rígida marcação do meio-campo. Ali, flutua solto. A bola colada no pé, cabeça erguida, sem muita pressa. Aceleração do ritmo depende dos movimentos dos parceiros. O passe é sempre preciso. A estatística do campeonato dá um acerto de 96% Alguns, tornam-se gols. Arthur tem a ideia do jogo de Iniesta. Tem os movimentos. Tem a inteligência. Olhar atilado. A visão central e periférica. Não desperdiça o lance e a posse de bola. Falta pouco, quase nada, para ser um Iniesta. Não tem ainda o tempo do jogo, o que chamam de experiência, a maturidade, o reconhecimento, a fama. Ao lado de Luan, é o centro técnico deste espetacular time do Grêmio.
Arthur é o que há de mais novo, moderno, contemporâneo no futebol brasileiro. O jeito de jogar é uma 'inovação'. Um volante que gosta da bola, do controle, do passe, do movimento, do chute a gol. Depois dele, o 'velho' cabeça de área vai para o museu. O volante que 'suja o calção de barro', que passa a carreira sem dar um chute gol, aquele rouba a bola e entrega ao adversário, é um personagem do passado, de um futebol que terminou, sem muitas glórias. Mas, insiste em sobreviver. Só não vou chamá-lo de Rei, a tentação é grande, pois sou um convicto republicano.

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