domingo, 11 de junho de 2017

Deuses humanos

Chiko Kuneski


Foi pênalti! Marca o árbitro. Mesmo não sendo. Não foi pênalti! Define o juiz. Mesmo sendo. Cabe ao seu olhar. Ao seu julgar. Ao seu pensar. Arbitrar. Definir. Mensurar. Com olhar supremo desgostar olhares inferiores. Como se proferisse em cada apito: “ eu julgo e ponho sob o jugo”. Os juízes são, cada vez mais, humanos com assunção a deuses por regras humanas.

Os “homens do apito” carbonam a estrutura jurídica do país. Viram deuses ungidos pelas normas humanas. Normas que sempre devem ser interpretadas. De que adianta ser deus e não mudar os conceitos humanos, suas normas, mortais, suas falhas, suas imperfeições com uma divindade, mesmo que humana? Os juízes brasileiros pensam e agem assim. Deuses. Absolutos. Gigantes diante dos diminutos.

Vestem as fardas, uniformes esportivos com patrocínios duvidosos, ou togas com patrocínios não menos duvidosos, para exercerem sua ditadura particular. Viram deuses, mesmo tendo o pode delegado por normas humanas. Planam acima. Intocáveis. Inatingíveis. Inconsequentes.

Vivem do deleite do olhar o mundo “humano” como mitologia grega, do alto de um Olimpo imaginário e inatacável. Brincam com as marionetes dos jogos. Mexem seus paus, cordas e definem os destinos dos personagens de uma nação. E os bonecos, atados às cordas e às cruzes de madeira nas mãos dos deuses humanos, sentam emudecidos depois que os cordões afrouxam.

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