segunda-feira, 8 de agosto de 2016

No bico

Chiko Kuneski

Quantas vezes você já ouviu alguém dizer: “faço uns bicos, ou vivo de bico”? Bico de pintor, de encanador, bico de pedreiro. Nunca se ouve um árbitro (?) de futebol assumir. “Vivo de bico”.

Adoro as transmissões de rádio, especialmente as AM, quando os repórteres dizem a profissão do trio, hoje quinteto, já foi sexteto, de arbitragem. Apitar futebol profissional no Brasil é “bico”.

Sem trocadinho do apito soprado na boca do “todo poderoso”, é um bico e como todo extra, sujeito a falta de aprimoramento, de estudo, de dedicação. Bico é bico. E quem contrata sabe que é apenas um bico, não está pagando para um profissional.

Pior. O que vive do bico serve ao que paga melhor o bico. A gorjeta. A propina. Ao agrado. E, por ser bico, não é cobrado por falhas. Por erros grosseiros. Por falta de qualidade profissional. Foi contratado pra ser um bico.

O jeitinho brasileiro para desculpar tudo. Não se pode cobrar quem não é profissional de ofício. Quem não tem Conselhos Regulamentadores, sindicatos. Os árbitros brasileiros não querem a profissionalização. Regulamentos. Compromissos. Responsabilidades. Preferem viver de bico. Ludibriando a carreira que os sustenta e enganando os torcedores nos eternos bicos de arbitragem. 

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