Mauro Pandolfi
O
mundo moderno abandonou a mitologia. Não os deuses. Eles se escondem no
imaginário das identidades secretas dos super heróis dos quadrinhos.
Se revelam nos esportes. Estão nas vitórias, nas superações, nos
recordes. Ás vezes, atendem por nomes bem comuns. Já se chamaram Pelé e
Mané. Em outros momentos tem nomes pomposos. Michel Phelps, Usain Bolt,
Katie Ledecky, Simone Biles, Mo Farah são alguns dos deuses disfarçados
de humanos. Estão nas grandes vitórias. Diego Hipólito, Elenesh Diro, e
muitos outros, se espelham aos humanos na dor, no sacrifício, no choro.
A Olimpíada é o Monte Olimpo destes dias. Um lugar de sonhos.
Não
imaginava que iria me interessar pelos jogos. O controle remoto dançou
na mão. Procurava as competições. Uma ansiedade que me angustiou. Só
fico assim em dias de Grêmio. Era rápido com o controle. Parecia uma
disputa com. Phelps e Bolt. Sei que perdi. Quase ganhei medalha. Alguns
esportes me encantaram. Me surpreendi com Levantamento de Peso. A força,
a gana, a fúria tem o seu brilho. Descobri que tem lugar para todos
nos esportes. Pequeno, alto, magro, gordo... todos podem ser deuses. Me
decepcionei com esgrima. Nunca tinha assistido. Esperava um balé. Uma
troca de golpes. Não! Só estocadas. Poxa! O Zorro ganhava com folga. O
mesmo aconteceu com Tiro com Arco, o antigo arco e flecha. Nenhum
competidor era páreo para Robin Hood. Esperei alguém dividir a flecha ao
meio. Mas, é fantasia de cinema, de histórias, de lendas. E, vocês
sabem, quando a lenda é melhor.....
Há
os momentos inesquecíveis. Phelps e Bolt são os gênios incomparáveis.
Tornam fácil o que é impossível. Gostei da 'Cinderela', Elenesh Diro.
Caiu, perdeu o 'sapatinho', não reclamou e foi à luta. Ganhou a vaga no
tapetão. Justa vaga! Como não se emocionar com Diego Hipólito e
Rafaela Silva? Sinônimos de fracassos, de derrotas, de choro. Foram
massacrados, ridicularizados, xingados. Como no antigo samba, deram a volta
por cima. Daniele Hipólito me comoveu. Depois da queda, após a
apresentação, olhou a câmera e pediu 'desculpas'. Não precisa, Daniele!
Eu agradeço o belo 'show', a bravura, a coragem de não desistir; Me
encantei com Flávia Saraiva, com Marta, Bárbara, Robson Conceição que
buscam um ouro para entrar na história do esporte. E, virar um deus
olímpico.
A
Olimpíada é um lindo espetáculo. Uma festa. Ideia de um país possível,
diferente do imaginário da campanha de Dilma Roussef em 2014. Mas, não
esconde as mazelas, a violência, o descaso, a roubalheira e a péssima
condição esportiva do Brasil. O mérito dos vencedores é deles.Só deles!
As derrotas, em sua maioria, é o retrato da falta de estrutura. Dói!
Como cobrar das escolas? Se as públicas precisam 'brigar' para consertar
cadeiras, vidros, arrumar bons equipamentos, vão se preocupar com o
esporte? Sem esquecer, os baixos salários dos professores. Nas praças,
as quadras estão abandonadas, detonadas, sem praticantes. Os clubes de
futebol são de futebol. Só futebol! Quem sabe os demais clubes sociais
ou as empresas com uma espécie de lei Rounaet (sem falcatruas. É
possível?), com transferências de impostos para prática desportiva, de
cunho social e alto rendimento? Ah, as federações! Os velhos
feudos de coronéis corruptos, formam um reinado que não tem fim. Uma
revolução no esporte. Mas, sem o estado e suas vigarices. As forças
armadas descobriram uma grande utilidade: formar atletas. Porém, como
nada muda neste canto do mundo, vencedor é ser um deus. Mas, justo o
deus do sofrimento?
Nenhum comentário:
Postar um comentário